Trabalhador que atuou durante 22 anos no mesmo setor da Repar é rejeitado no período de experiência do novo contrato
A terceirização de determinadas atividades na empresa traz para o cotidiano laboral uma série de mazelas, como a precarização das relações de trabalho e a fragilização do trabalhador terceirizado. Caso o Projeto de Lei 4330, que escancara as terceirizações, seja aprovado também no Senado, onde tramita como PLC 30/2015, a tendência é que ocorra um aumento significativo nos postos de trabalho a serem transferidos para esta modalidade aterrorizante de contratação. O objetivo do mercado é um só: reduzir despesas com recursos humanos para aumentar os lucros.
O trabalhador, aquele ser humano que tem uma história de vida, no qual todos os discursos pregam que deve estar primeiro lugar, deixa de existir. Torna-se um ser invisível, “coisificado”, uma mercadoria a ser comprada e posteriormente descartada.
Esta dura realidade novamente vem à tona na Petrobras. Um trabalhador com 22 anos de dedicação exclusiva a um único setor na Repar foi rejeitado pela empresa Integral Assistence. A contratada alegou que ele não foi aprovado durante o período de experiência. Sempre que ocorrem quaisquer problemas com trabalhadores terceirizados, o departamento de recursos humano da refinaria responde prontamente que “não contrata pessoas, mas serviços”, lavando suas mãos. Uma afirmação contraditória e pouco inteligente, uma vez que serviços contratados são executados por trabalhadores. O próprio gerente executivo de Desempenho Empresarial, Mário Jorge da Silva, em recente entrevista ao Portal Petrobras (01/09), respondeu dúvidas da força de trabalho sobre as medidas de redução de gastos operacionais gerenciáveis. Enquanto debatia a diminuição de pessoal, o portal de notícias da entrevista enunciava que “ele também falou do ajuste no número de prestadores de serviço”.
Nesta relação desumana é totalmente viável e aceitável a demissão de um trabalhador que durante quase toda sua vida laboral dedicou-se a esta empresa. Segundo palavras de seus colegas de setor, “com excelentes serviços prestados, comprometido profissionalmente, de bom caráter e que goza de respeito e admiração de toda a equipe do laboratório”. Ainda afirmam que “ao longo de sua vida laborativa não faltou a um dia sequer de trabalho e não existe registro de reclamação que questione sua competência, educação ou respeito dispensado pelo colaborador ao longo dos 22 anos de trabalhos prestados como contratado terceirizado”. Na troca de contrato, o que aconteceu inúmeras vezes durante esses 22 anos – na qual a cada renovação perdia mais e mais direitos, este trabalhador não foi aprovado no período de experiência.
Uma empresa que tem responsabilidade social, código de ética a seguir e prega a defesa dos direitos humanos, não pode compactuar com injustiças e se comportar como uma instituição irresponsável e alheia aos destinos de seus trabalhadores. Como podemos cobrar eficácia e comprometimento com nossa segurança se tratamos os profissionais que trabalham conosco de maneira tão desumana?