Pedro Parente anuncia privatização das fábricas de fertilizantes. Sindipetro PR e SC reafirma luta conjunta com os petroquímicos para barrar o desmonte da Petrobrás.
Categoria protesta contra a redução de postos de trabalho nas unidades de refino da Petrobrás [Foto: Davi Macedo]
Em assembleia unificada realizada na manhã desta terça-feira (28), em Araucária, região metropolitana de Curitiba, petroleiros e petroquímicos que trabalham em horário administrativo na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), respectivamente, rejeitaram a proposta da Petrobrás para a compensação das horas referentes às vésperas de feriados.
A intenção da empresa seria estender a jornada em 15, 30 ou 60 minutos diários. No entanto, a decisão da assembleia foi de reiterar a compensação nos moldes como era feita anteriormente, ou seja, o ressarcimento das horas mediante diminuição do horário do almoço. A posição dos trabalhadores é de que os sindicatos não estão autorizados a negociar outra forma de compensação que não seja a redução do intervalo da refeição.
Apesar da deliberação da assembleia, os gestores das unidades devem aplicar a extensão da jornada a partir de hoje. “A empresa tem decidido unilateralmente a forma de compensação, à revelia da vontade dos trabalhadores e em descumprimento da cláusula 106 do ACT, que prevê a solução de conflitos locais pela via negocial. O Sindicato já impetrou uma ação coletiva na Justiça do Trabalho na qual pleiteia o pagamento de horas extras por conta das imposições da empresa”, explicou Mário Dal Zot, presidente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina.
Petroleiros e petroquímicos irão se reunir em assembleia unificada na próxima terça-feira (28), às 07h30, em frente à Repar, para debater e deliberar sobre a compensação das horas das vésperas de feriados dos trabalhadores enquadrados no regime administrativo, conforme previsto na cláusula 106ª do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da Petrobrás e 56ª do ACT da Araucária Nitrogenados (Fafen-PR).
*Confira o Edital de Convocação de Assembleia nos anexos abaixo.
A área industrial de Araucária amanheceu em luto nesta terça-feira (18). Dois protestos em memória do montador de andaimes Ademir de Barga, vítima de acidente de trabalho ocorrido ontem (17), na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-PR), mobilizaram petroleiros, petroquímicos e trabalhadores da montagem e manutenção industrial.
Barga era contratado da empresa Manserv e sofreu uma queda do primeiro patamar do reator da unidade 11 da Fafen-PR, uma altura aproximada de 9 metros, durante a manutenção do equipamento.
A primeira aconteceu em frente à Fafen-PR e reuniu centenas de trabalhadores das diversas categorias que atuam na área industrial. A segunda ocorreu na Repar, com ato e atraso no expediente da refinaria.
Para o presidente do Sindipetro PR e SC, Mário Dal Zot, o acidente é consequência da política precária de segurança do Sistema Petrobras. “Em vez de investir em treinamento e capacitação, a empresa prioriza os procedimentos. Isso serve claramente para tirar responsabilidades dos gestores e da companhia e jogar a culpa do acidente na vítima”, afirmou. “Para a empresa é só mais um número; para nós é a perda de um companheiro. Enquanto os verdadeiros responsáveis não responderem cível e criminalmente por seus atos, os acidentes continuarão a fazer parte da rotina da Petrobras”, completou.
O diretor do Sindiquímica-PR e secretário de Saúde e Segurança da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Gerson Luiz Castellano, criticou os danos causados pela terceirização, uma vez que a vítima estava há muitos anos lotada na Fafen-PR como terceiro, sem nenhum amparo de segurança. Para ele, a produtividade foi colocada acima da vida, tirando, de mais um trabalhador, o direito de viver. “O dia a dia dentro da Fafen-PR é de tensão, pois os trabalhadores são pressionados o tempo todo. Para os terceirizados, o problema é ainda mais greve, pois sofrem com mais assédio moral e menos condições de segurança para realização das suas atividades. É uma política de punição, ao invés de soluções, onde inclusive recentemente um trabalhador sofreu um acidente e ainda foi advertido pela gerência”, contou.
Por mais contraditório que seja, o gerente da Fafen-PR deixou o cargo recentemente para assumir a Política de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da Petrobrás. “A gente fica assustado, porque é esse gerente que está à frente das políticas de segurança da empresa. A vida é muito preciosa para que alguns gestores brinquem com ela”, afirma Castellano.
Ademir tinha apenas 39 anos e deixou a esposa, Kelly Paranha de Barga, a filha Pamela Lara de Barga (20) e o filho Vitor Hugo de Barga (8). Uma família inteira arrasada pela irresponsabilidade da Petrobras.
Na manhã de hoje (17), um trabalhador terceirizado da empresa MANSERV foi vítima fatal de um acidente na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-PR). O funcionário sofreu uma queda de uma altura de aproximadamente 9 metros durante a manutenção na unidade.
Para a diretoria do Sindiquímica-PR, essa foi uma das consequências das práticas adotadas pelas últimas gerências da Fafen-PR, que praticaram assédio moral e pressão sobre os trabalhadores – sujeitos a uma rotina estressante e até a punições, em caso de acidentes.
Em vez de se resolver a raiz dos problemas, investindo no aumento do quadro de trabalhadores, para o fim de terceirizações e políticas de segurança, as ingerências da Petrobrás na unidade perpetuaram e até reforçaram as práticas de assédio, de violências e o risco de acidentes aos trabalhadores.
Novamente, percebe-se como a terceirização é danosa, pois a vítima estava há muitos anos lotada na Fafen-PR como terceiro, sem nenhum amparo de segurança. Como de costume, a produtividade foi colocada acima da vida, tirando, de mais um trabalhador, o direito de viver. “O dia a dia dentro da Fafen-PR é de tensão, pois os trabalhadores são pressionados o tempo todo. Para os terceirizados, o problema é ainda mais greve, pois sofrem com mais assédio moral e menos condições de segurança para realização das suas atividades. É uma política de punição, ao invés de soluções, onde inclusive recentemente um trabalhador sofreu um acidente e ainda foi advertido pela gerência”, conta o diretor do Sindiquímica-PR e secretário da Saúde da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Gerson Luiz Castellano.
Por mais contraditório que seja, o gerente da Fafen-PR deixou o cargo recentemente para assumir a Política de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da Petrobrás. “A gente fica assustado, porque é esse gerente que está à frente das políticas de segurança da empresa. A vida é muito preciosa para que alguns gestores brinquem com ela”, afirma Castellano.
O Sindiquímica-PR e a FUP cobrarão para que seja realizada uma investigação séria, a fim de descobrir os reais motivos desse acidente. Este foi o primeiro acidente fatal em 34 anos de operação da unidade. As entidades também, neste momento, se solidarizam à família da vítima e esperam que a empresa não tente se isentar da responsabilidade sobre o acidente, como um dos gerentes já tentou fazer hoje pela manhã.
Ato
Amanhã (18), às 6h30, o Sindiquímica-PR, o Sindicato dos Petroleiros do Paraná e de Santa Catarina (Sindipetro PR/SC), e o Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Montagem, Manutenção e Prestação de Serviços (Sindmont) realizarão um ato em frente à Fafen-PR, como forma de indignação e revolta com o ocorrido. Os trabalhadores estão convocados para se juntar à mobilização, como forma de pressão para a prevenção dos acidentes nas unidades da Petrobrás.
Temperaturas muito baixas e até negativas não esfriaram os ânimos dos petroleiros nesta sexta-feira (10), quando é realizada a Jornada Nacional de Mobilização, uma convocação das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que congregam movimentos populares, sindicais e estudantis.
Realizada em várias cidades do país, a ação protestou contra o presidente interino Michel Temer e contra os retrocessos já sinalizados nesse período de menos de um mês, desde que assumiu a presidência após o afastamento ilegítimo da presidenta Dilma Rousseff. Reforma da previdência, retrocesso nos direitos dos trabalhadores, fim do fundo soberano e da lei da partilha no pré-sal, venda de ativos da Petrobrás, privatizações, desvinculação do orçamento da educação e saúde, suspensão de programas sociais como Minha Casa, Minha Vida, Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), Programa Universidade para Todos (PROUNI) e Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), criminalização e perseguição dos movimentos sociais, são algumas das medidas que foram tomadas ou apontadas por Temer.
Em Araucária os termômetros registraram marcas negativas e mesmo assim os petroleiros da Repar e os petroquímicos da Fafen-PR cortaram a rendição dos turnos à zero hora. Ainda estava escuro quando os primeiros ônibus da troca de turno das 07h30 e do horário administrativo chegavam às unidades da Petrobrás, mas não era dia de trabalho e sim de protesto e mobilização. Militantes do MST espantaram o frio e chegaram à refinaria por volta das 04h00 para ajudar a categoria nos piquetes. Quando amanheceu, a vegetação totalmente coberta por uma fina camada de gelo do orvalho proporcionou uma bela paisagem para os lutadores.
A cena se repetiu na Usina do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul, que também registrou temperaturas negativas e paralisação de 24 horas dos petroleiros. Em Paranaguá o frio foi um pouco menos rigoroso, mas a luta dos petroleiros do Terminal Aquaviário da Transpetro (Tepar) teve intensidade similar à da Repar e SIX, com corte de rendição de turnos e greve de 24 horas. Protestos nesta sexta-feira também foram registrados nos Terminais Transpetro de Guaramirim (Temirim) e Itajaí (Tejaí).
Outra ação de destaque neste dia de luta foi a ocupação do Edipar, na região Central de Curitiba. Petroleiros, petroquímicos e boa parte dos militantes do MST que ocupam a sede do INCRA saíram em marcha pelas ruas do centro da capital até o edifício sede da Petrobrás no Paraná.
Bancários e vigilantes de Curitiba também fizeram ações nesta Jornada Nacional de Lutas. 23 agências bancárias de todos os bancos e três Centros Administrativos – Banco do Brasil da Praça Tiradentes, Caixa Econômica Federal da Praça Carlos Gomes e HSBC Palácio Avenida – ficaram fechados até as 11h00 desta sexta-feira, na região central da capital paranaense.
Um grande protesto na Praça Santos Andrade, durante toda a tarde, encerra o primeiro dia unificado e nacional de luta contra o governo ilegítimo de Michel Temer no Paraná.
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