Temperaturas muito baixas e até negativas não esfriaram os ânimos dos petroleiros nesta sexta-feira (10), quando é realizada a Jornada Nacional de Mobilização, uma convocação das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que congregam movimentos populares, sindicais e estudantis.
Realizada em várias cidades do país, a ação protestou contra o presidente interino Michel Temer e contra os retrocessos já sinalizados nesse período de menos de um mês, desde que assumiu a presidência após o afastamento ilegítimo da presidenta Dilma Rousseff. Reforma da previdência, retrocesso nos direitos dos trabalhadores, fim do fundo soberano e da lei da partilha no pré-sal, venda de ativos da Petrobrás, privatizações, desvinculação do orçamento da educação e saúde, suspensão de programas sociais como Minha Casa, Minha Vida, Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), Programa Universidade para Todos (PROUNI) e Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), criminalização e perseguição dos movimentos sociais, são algumas das medidas que foram tomadas ou apontadas por Temer.
Em Araucária os termômetros registraram marcas negativas e mesmo assim os petroleiros da Repar e os petroquímicos da Fafen-PR cortaram a rendição dos turnos à zero hora. Ainda estava escuro quando os primeiros ônibus da troca de turno das 07h30 e do horário administrativo chegavam às unidades da Petrobrás, mas não era dia de trabalho e sim de protesto e mobilização. Militantes do MST espantaram o frio e chegaram à refinaria por volta das 04h00 para ajudar a categoria nos piquetes. Quando amanheceu, a vegetação totalmente coberta por uma fina camada de gelo do orvalho proporcionou uma bela paisagem para os lutadores.
A cena se repetiu na Usina do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul, que também registrou temperaturas negativas e paralisação de 24 horas dos petroleiros. Em Paranaguá o frio foi um pouco menos rigoroso, mas a luta dos petroleiros do Terminal Aquaviário da Transpetro (Tepar) teve intensidade similar à da Repar e SIX, com corte de rendição de turnos e greve de 24 horas. Protestos nesta sexta-feira também foram registrados nos Terminais Transpetro de Guaramirim (Temirim) e Itajaí (Tejaí).
Outra ação de destaque neste dia de luta foi a ocupação do Edipar, na região Central de Curitiba. Petroleiros, petroquímicos e boa parte dos militantes do MST que ocupam a sede do INCRA saíram em marcha pelas ruas do centro da capital até o edifício sede da Petrobrás no Paraná.
Bancários e vigilantes de Curitiba também fizeram ações nesta Jornada Nacional de Lutas. 23 agências bancárias de todos os bancos e três Centros Administrativos – Banco do Brasil da Praça Tiradentes, Caixa Econômica Federal da Praça Carlos Gomes e HSBC Palácio Avenida – ficaram fechados até as 11h00 desta sexta-feira, na região central da capital paranaense.
Um grande protesto na Praça Santos Andrade, durante toda a tarde, encerra o primeiro dia unificado e nacional de luta contra o governo ilegítimo de Michel Temer no Paraná.
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► Assembleia aprovou a reposição de dias próximos a feriados durante os horários de almoço
Na próxima quinta-feira, dia 10 de abril, o Sindipetro Paraná e Santa Catarina e o Sindiquímica-PR realizam assembleia com os petroleiros do horário administrativo da Repar/Fafen-PR. Será às 07 horas, em frente à refinaria.
O objetivo é informar e debater sobre o impasse da negociação com a Repar/ Fafen-PR em relação à compensação dos dias próximos a feriados. Haverá apresentação das propostas de encaminhamento e, em seguida, avaliação de deliberação sobre a ação que o os sindicatos irão tomar.
Os encaminhamentos que serão tomados dependem necessariamente da ampla participação dos interessados, ou seja, trabalhadores do administrativo. Ressalta-se que será uma assembleia, a instância máxima de decisão dos trabalhadores. Portanto, quanto maior a participação, maior será a representatividade e a possibilidade de construção de uma proposta que signifique a defesa do real interesse dos trabalhadores do HA.
Entenda o problema
Há alguns anos o Sindicato renova um acordo de compensação de dias próximos a feriados com a Repar e a FAFEN-PR, em especial natal, ano novo e carnaval, cuja regra era de redução de 15 minutos do intervalo para o almoço, com total consentimento dos petroleiros do regime administrativo.
Acontece que a atual gestão da Repar propôs mudanças na compensação, como a extensão ou adiantamento da jornada de trabalho. A alegação é de que por determinação do RH Corporativo da Petrobrás não poderá mais compensar durante o horário de almoço.
O Sindicato esclareceu que não vê problema algum em acordar a redução do intervalo, pois entende que é a opção mais benéfica para os trabalhadores e ainda se colocou à disposição para buscar a melhor solução junto à empresa. Entretanto, a gestão da Repar resolveu praticar a compensação através da antecipação da entrada depois de consultar o posicionamento corporativo. O Sindipetro e o Sindiquímica contra-atacaram e não reconhecem a compensação estipulada de forma unilateral pela Repar e FAFEN-PR e interpretam que qualquer hora excedente deve ser considerada como hora extra, ou seja, deverá ser paga.
Edital de Convocação de Assembleia nos anexos