01 de Dezembro: Dia Mundial de Combate à AIDS

Após 40 anos da descoberta do HIV, números seguem alarmantes

 

Jucelene Lopes, estagiária sob supervisão de Davi Macedo (MTb 5462) 

 

O Dia Mundial de Combate à AIDS nasceu em meio ao auge da pandemia do HIV, em 1987, com o apoio da ONU e da OMS. O objetivo era promover campanhas de conscientização em uma época que haviam poucos recursos para lutar contra a doença.

 

Desde então, muitos países aderiram à data e aqui não foi diferente. Além de criar campanhas, o 01 de dezembro no Brasil é um dia de prestar apoio às pessoas que convivem com o vírus HIV e lembrar daqueles que perderam suas vidas na luta contra a AIDS.

 

Para além de manifestar apoio, a data tem o intuito de fomentar a construção de políticas públicas de saúde e educação em torno do tema. Os principais objetivos são viabilizar o atendimento especializado à população portadora do HIV e educar a sociedade sobre a necessidade da sua prevenção.

 

O Dia Mundial de Combate à AIDS coincide com a promulgação da Constituição Federal. Naquele período, as políticas de saúde apontavam para um projeto de reforma sanitária e de democratização da saúde pública através de uma perspectiva baseada nas condições de vida, trabalho e necessidade de um acesso igualitário.

 

Hoje, o SUS se encontra ameaçado pelo desmonte do estado. Caso isso ocorra, o retrocesso custará vidas. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, a América Latina registrou aumento de 21% no número de infecção por HIV de 2010 a 2019, população que majoritariamente depende de uma saúde pública para fazer tratamento.

 

HIV/AIDS, mulheres e vulnerabilidades

No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, existem 966 mil pessoas portadoras do vírus HIV. O balanço epidemiológico aponta que os números são mais altos entre os homens. Dos novos casos que surgiram de 2007 a 2019, 207 mil (69%) foram em homens, contra 93 mil (31%) em mulheres. Ou seja, para cada 26 homens infectados, dez mulheres também convivem com o vírus.

 

Os movimentos feministas, que ao longo de sua história vêm desconstruindo as relações de poder enraizada na desigualdade de gênero, raça e classe, contribuíram para esse menor número de casos entre as mulheres, sendo fundamentais para o fortalecimento de políticas públicas e direitos sociais.

 

Mesmo o Brasil tendo um dos melhores sistemas púbicos de saúde e programas de prevenção e tratamento da Aids no mundo, o boletim epidemiológico de 2019 indica que a desigualdade racial também se revela nos casos de infecção por HIV no país.

 

Para se ter uma ideia, entre os casos registrados no Sinan no período de 2007 a junho de 2019, 40,9% ocorreram entre brancos e 49,7% entre negros (pretos e pardos). Entre as mulheres, 37,2% dos casos se deram entre brancas e 53,6% em negras (pretas, e pardas).

 

A epidemia da Aids traz uma importante reflexão sobre o modelo patriarcal de exploração e opressão inerentes às relações estabelecidas no capitalismo com as mulheres, em especial as mulheres negras.

 

Diante disso, é importante analisarmos o Dia Mundial contra a AIDS a partir das desigualdades sociais, econômicas, de gênero, raça e vivências da sexualidade.

 

No atual contexto, a pandemia do coronavírus trouxe ainda mais visibilidade para as vulnerabilidades sociais e nos permite compreender como a saúde interage com a economia, a política, a educação e questões culturais do país.

 

Nós, petroleiras e petroleiros, queremos afirmar que essas lutas são diárias e este Dia Mundial de Combate à AIDS deve ganhar mais visibilidade de toda sociedade. Defender o SUS 100% estatal é estratégia fundamental na guerra contra a AIDS.