Foram quatro dias de debates em torno de pautas fundamentais para a reconstrução do Sistema Petrobrás, para a reconquista de direitos que foram retirados da categoria nos governos Temer e Bolsonaro e para o fortalecimento da organização sindical petroleira, com avanço na unidade e na representação de todos os trabalhadores e trabalhadoras do setor
Com participação de cerca de 200 petroleiros e petroleiras de todo o Brasil, terminou nesta sexta-feira, 30, no Paraná, a 11ª Plenária Nacional da FUP. Foram quatro dias de debates em torno de pautas fundamentais para a reconstrução do Sistema Petrobrás, para a reconquista de direitos que foram retirados da categoria nos governos Temer e Bolsonaro e para o fortalecimento da organização sindical petroleira, com avanço na unidade e na representação de todos os trabalhadores e trabalhadoras do setor.
A 11ª Plenafup foi realizada na Escola Latino-Americana de Agroecologia (ELAA), do MST, localizada no Assentamento Contestado, na cidade de Lapa, no Paraná, que há 15 anos sediou a primeira Plenária Nacional da FUP. O frio intenso que fez despencar a temperatura no Sul do país nessa semana foi compensado pelo calor humano e a solidariedade que marcaram esses quatro dias de convivência entre os petroleiros e os agricultores, fortalecendo a unidade classista entre os trabalhadores do campo e da cidade.
Em sua fala de encerramento da plenária, o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, agradeceu, em nome de todas as delegações petroleiras, o acolhimento da brigada de trabalhadores da escola de agroecologia, que se esforçaram dia e noite para a realização da Plenafup, de forma voluntária. “Estamos aqui em terra, onde pisam companheiros e companheiras de um dos movimentos sociais mais respeitados do mundo, que é o MST”, reforçou.
A emoção deu o tom dessa plenária do começo ao fim. O primeiro dia foi aberto com um ato político em frente à Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen PR), em Araucária, que foi reativada recentemente, após permanecer quatro anos fechada, desde que foi hibernada pelo governo Bolsonaro. A volta dos mais de 200 trabalhadores que foram demitidos de forma sumária foi celebrada no ato, que reafirmou a importância da luta e da unidade da categoria, que jamais deixou para trás os companheiros da Fafen.
O último dia da 11ª Plenafup trouxe ainda mais emoção para as delegações presentes. Um ato de celebração dos 30 anos da Federação reúne hoje na sede do Sindiquímica Paraná diferentes gerações de dirigentes sindicais petroleiros, reforçando a importância da unidade para as lutas e conquistas da categoria.
O ato relembrará as diferentes etapas da organização nacional dos petroleiros e petroleiras, desde a criação do Departamento Nacional dos Petroleiros da CUT, do Comando Nacional dos Petroleiros e da Federação Única Cutista dos Petroleiros (FUCP), que resultaram na consolidação da criação da FUP, durante o III Congresso Nacional dos Trabalhadores do Sistema Petrobrás, em junho de 1994.
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Por uma só federação
A Plenafup reforçou a necessidade de reunificação da organização sindical petroleira em uma só federação, aprovando, por unanimidade, que essa deve ser uma das lutas centrais da categoria petroleira. “A experiência acumulada tem nos ensinado que a unidade sempre foi fundamental para o fortalecimento das nossas lutas e o avanço das nossas conquistas. A divisão só prejudica a nossa categoria. É urgente avançarmos na construção da nossa unidade e essa plenária apontou caminhos para continuarmos lutando por isso”, afirmou o coordenador-geral da FUP.
Retomada de direitos
A 11ª Plenafup debateu e deliberou sobre estratégias de lutas para avançar nas negociações coletivas com a Petrobrás e as empresas do setor privado. As delegações se debruçaram sobre questões estruturais para a categoria, como construção de um modelo único de plano de cargos e salários, recomposição urgente de efetivos, fortalecimento da AMS, fim dos equacionamentos da Petros com medidas imediatas para reduzir o impacto financeiros dos descontos enquanto o problema não for resolvido pela Comissão Quadripartite (ex: suspensão da cobrança do saldo devedor da AMS e o alongamento do prazo dos empréstimos da Petros), melhoria das condições de trabalho e segurança dos trabalhadores próprios e contratados, entre outros temas (regramento da PLR, acordo de parada de manutenção, fim do saldo AF, regramento do teletrabalho, etc).
As deliberações serão sistematizadas e divulgadas em breve para toda a categoria.
Por uma Petrobrás integrada
Tema central da 11ª Plenafup, a reconstrução da Petrobrás como empresa integrada esteve presente em todos os debates. A plenária reafirmou a luta pela reestatização de todas as refinarias privatizadas, pelo fortalecimento dos setores de fertilizantes e de biocombustíveis e para que a transição energética seja liderada pela Petrobrás, de forma justa e com participação das trabalhadoras e dos trabalhadores.
A 11ª Plenafup aprovou também o direito de prioridade aos trabalhadores e trabalhadoras transferidos na possível retomada por parte da Petrobras do controle das unidades privatizadas. A plenária referendou, ainda, que os processos de reestatização não podem gerar demissões em massa.
A plenária também aprovou declaração de apoio a todos os candidatos e candidatas da categoria petroleira de partidos do campo progressista que disputam as eleições municipais, comprometidos com a reconstrução do Sistema Petrobrás e a defesa da soberania nacional.