Recordar para não repetir, lutar até o machismo acabar
O dia 25 de novembro é celebrado mundialmente como “DIA INTERNACIONAL DA NÃO VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES”. A data homenageia as irmãs Minerva, Pátria e Maria Tereza Mirabal. Ativistas e opositoras do governo autoritário da República Dominicana, elas foram brutalmente assassinadas pelo ditador Rafael Leónidas Trujillo, em 1960.
Em 1981, os movimentos feministas latino-americanos cunharam essa data para recordar a luta das “mariposas”, como eram conhecidas as irmãs na época, e fazer frente à violência machista. Anos mais tarde, em 1999, a ONU reconheceu o 25 de novembro como um dia internacional da luta contra a violência de gênero.
Desde 1991, a campanha Mundial pelos Direitos Humanos das Mulheres traz 16 dias de ativismo sobre o tema e abre debates importantes, onde a sociedade pode refletir sobre o assunto e buscar soluções para o problema. No Brasil, a campanha tem 21 dias, iniciando em 20/11, dia da Consciência Negra, até 10/12, Dia Mundial dos Direitos Humanos.
A luta das mulheres contra a violência, em especial das mulheres pretas, é um problema mundial que enfrenta diversos obstáculos, como ausência de políticas públicas e leis específicas que garantam a segurança e a não discriminação de gênero e raça, bem como a impunidade nos sistemas que fiscalizam e implantam ações que de fato podem ser decisivas.
No Brasil, a Lei do Feminicídio (Lei 13.104/15) passou a vigorar somente em 2015, sendo um dos mais recentes trunfos contra a violência de gênero no país. Ainda assim, dados de 2019 mostram números assustadores. Apenas naquele ano 1.326 mulheres foram assassinadas pelo simples fato de serem mulheres. Dessas, 66,6% eram pretas, 89,9% foram mortas pelo companheiro ou ex-companheiro e 56,2% tinham entre 20 e 39 anos.
Quando se trata de violência sexual os dados também são alarmantes: 57,9% das vítimas tinham no máximo 13 anos e 85,7% eram do sexo feminino. Em 2019 ocorreu 1 estupro a cada 8 minutos. Foram mais de 66 mil casos de estupro de vulnerável.
Diante disso, é indiscutível a importância de debater o assunto e refletir sobre como a sociedade pode acabar com esse problema através de políticas públicas, principalmente para as mulheres pretas, que são a maioria das vítimas. O racismo está intrinsecamente atrelado à violência de gênero. Ser mulher é um desafio, ser mulher negra é uma guerra diária.
O Sindipetro PR e SC apoia a data e está inserido na campanha dos 21 dias de conscientização contra o machismo. Minerva Mirabal, ao sofrer ameaças de morte, disse “se me matam, levantarei os braços do túmulo e serei mais forte”. Sejamos todas e todos a força dessa memória.
Texto: Jucelene Lopes, estagiária sob supervisão de Davi Macedo (MTb 5462)
Arte: Davi Macedo