5 mil marmitas: Um mutirão contra a fome

Ação solidária contou com cerca de 70 voluntários e voluntárias, integrantes de coletivos, movimentos e mandatos de esquerda, por iniciativa do MST e com apoio do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR-SC)

 

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“Isso é linguagem de partilha. Diante de quem precisa, não existe outro argumento”, disse Dom Peruzzo, membro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no primeiro dia das ações de solidariedade. Ele fez questão de entregar as refeições produzidas pela ação Marmitas da Terra, no início do 26º Grito dos Excluídos (Foto: Ednubia Ghisi).

 

No total, entre os dias 7 e 9, foram distribuídas 5 mil marmitas na periferia de Curitiba e região. Os petroleiros, além do trabalho na cozinha e nas entregas, ajudaram no custeio da carne, embalagens das marmitas e no gás para as cozinhas comunitárias (foto: Jade Azevedo).

 

O MST somou com os alimentos colhidos pelo coletivo Marmitas da Terra em áreas da Agricultura Familiar de São José dos Pinhais, que foram partilhados com associações de moradores que já têm ou estão em fase de organização das cozinhas.

 

Para o presidente do Sindipetro PR e SC, Alexandro Guilherme Jorge, “a categoria petroleira está fazendo seu papel social. A campanha de solidariedade, nesse momento de crise, faz diferença para famílias que passam por dificuldade”, explica.  

 

Ações

 

Na segunda-feira (7) foram entregues duas mil marmitas. Além das refeições no centro da cidade, outras 1.450 chegaram às comunidades Portelinha, Jardim Santos Andrade e Vila Formosa.

 

Depois, na terça-feira, outras duas mil marmitas foram servidas nas comunidades Tiradentes, 29 de Março, Nova Primavera e Dona Cida, da Cidade Industrial de Curitiba (CIC); Nova Esperança, em Campo Magro; e Monte União, em Almirante Tamandaré (Foto: Ednubia Ghisi).

 

A ação terminou na quarta com a entrega de mil marmitas para pessoas em situação de rua no centro de Curitiba, famílias do Sabará, na CIC, e para a Vila Santa Cruz, de Araucária.

 

Comunidade

 

Juliana Santos é moradora da Vila Formosa e está desempregada. Com a criação da cozinha comunitária na associação de moradores onde vive, passou a fazer trabalho voluntário e ajudar aproximadamente 200 famílias.

“Fico muito emocionada e muito agradecida, porque, assim como minha família teve o alimento na mesa, espero que todas as mães consigam também”, conta a moradora. Ela explica ainda que começou a participar da cozinha depois de buscar sua marmita em uma ação solidária.

 

“Hoje consigo levar alimento para casa, para minhas filhas, e poder participar. A gente não tem a atenção devida dos governantes, então é muito interessante que a população comece a se conscientizar e se unir”, conta Juliana.  

 

Para o líder comunitário da Portelinha, Arildo Ribeiro Taborda, o trabalho do MST e dos petroleiros é sensacional. “Aqui são 300 famílias, há crianças e pessoas idosas, e trazendo alimento nesse momento difícil de pandemia é fantástico. Acho que a gente tem que se ajudar, um apoiando o outro”, explica.

Arildo enfatiza que na Portelinha os moradores são mais humildes e dependem muito do trabalho de reciclagem ou na construção civil, mas com a pandemia o pessoal foi atingido em cheio.

 

“Não tem alimentação. Hoje está tudo muito caro. Um pacote de arroz, um litro de óleo, a cesta básica, o mais comum que a comunidade usa aqui, hoje está muito caro para sobreviver. O dia de trabalho não dá quase para comer”, relata.  

 

Em Campo Magro, na ocupação Nova Esperança, a situação também é difícil. Sirlene Rodrigues Moreira explica que a cozinha comunitária funciona através das doações e que não é fácil atender os aproximadamente 3 mil moradores.

 

O centro onde é distribuído o alimento, também serve para doação de roupas e socializar as questões do dia a dia das famílias. Nesses três meses desde a criação da ocupação, a maioria dos moradores está desempregada.

 

Ao ser questionada sobre a questão da covid-19 na Nova Esperança, Sirlene explica que até agora não houve casos. “Todo mundo usa máscara e álcool em gel. A gente manda o morador usar até para andar aqui no meio mesmo”.

 

Ela finaliza agradecendo pelas doações do alimento e gás de cozinha. “É uma coisa bem proveitosa, pois é muito necessário aqui dentro. Tem muita gente que não tem fogão, faz o fogãozinho a lenha deles. Graças a deus é feita essa parceria, pois há pessoas bem necessitadas mesmo”. 

 

 

 

Com informações: Ednubia Ghisi (MST) / Regis Luís Cardoso (Sinidpetro PR e SC).