Campanha dos petroleiros começa com ato classista em defesa da vida e por aumento real

Cerca de três mil trabalhadores fecharam a Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, em uma passeata que reuniu nesta quarta-feira, 21, petroleiros, bancários, trabalhadores dos Correios, portuários, metalúrgicos, químicos, telefônicos, eletricitários, radialistas, entre outras categorias em luta por melhores condições de trabalho e salários. O ato classista abriu oficialmente a campanha reivindicatória dos petroleiros, com a presença do presidente nacional da CUT, Artur Henrique, que ressaltou a importância da unidade dos trabalhadores em defesa da vida e por aumento real.


Proposta pela FUP, a manifestação contou também com a participação do Secretário Nacional de Administração e Finanças da CUT, Vagner Freitas, do secretário geral da Federação Nacional dos Petroleiros da Bolívia, David Ruella, do presidente da CTB/RJ, Maurício Ramos, além de dirigentes da Confederação Nacional dos Bancários (Contraf), Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect), Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ), Federação Nacional dos Portuários (Fnportuarios), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), sindicatos de petroleiros de vários estados do país, metalúrgicos, eletricitários, telefônicos e radialistas.

 

Concentração na Candelária

Antes de iniciarem a passeata, os trabalhadores se concentraram na Candelária, onde os ecetistas realizaram assembléia, que aprovou por unanimidade a continuidade da greve nacional nos Correios, que entra hoje no oitavo dia. No início da manhã, os bancários também já estavam em frente às principais agências do Centro do Rio, mobilizando a categoria, que realiza nesta quinta-feira, 22, assembléia para avaliar o indicativo de greve e rejeição da proposta apresentada pelos bancos de 7,8% de reajuste, ou seja, apenas 0,37% de ganho real.

 

Passeata denuncia insegurança na Petrobrás

Carregando cruzes, denunciando para a sociedade cada uma das 309 vidas perdidas em acidentes de trabalho no Sistema Petrobrás nos últimos 16 anos, os trabalhadores seguiram em passeata pela Avenida Rio Branco até a Avenida Chile. Enquanto as cruzes eram fincadas no gramado em frente à sede da estatal, as lideranças sindicais protestavam contra os acidentes e o descaso das empresas com a saúde e segurança dos trabalhadores.

 

Luta unitária

O coordenador da FUP, João Antônio de Moraes, abriu o ato em frente à sede da Petrobrás, anunciando os nomes de cada um dos 15 petroleiros mortos este ano em acidentes de trabalho. Em resposta, os trabalhadores gritavam “presente”. O presidente da Contraf/CUT, Carlos Cordeiro, ressaltou que a defesa da vida também faz parte da pauta dos bancários que nos últimos anos perderam 31 companheiros em assaltos nas agências. O diretor da Fentect, Emerson Marinho, repudiou a postura “retrógada” da direção dos Correios de não negociar com os trabalhadores. “Não aceitaremos esta arbitrariedade, nem as ameaças da empresa em punir os trabalhadores em greve. Assim como os petroleiros e os bancários, lutamos por condições dignas de trabalho”, declarou.

 

Defender a vida

O diretor da FUP, Paulo César Martin, encerrou o ato, enfatizando o apoio à greve dos trabalhadores dos Correios e às lutas dos bancários, metalúrgicos e demais categorias em luta por melhores condições de trabalho e salários. “Estamos começando nossa campanha em luto contra as centenas de mortes causadas por uma política equivocada de SMS da Petrobrás e as condições inseguras de trabalho que vivem principalmente os companheiros terceirizados, que são as maiores vítimas dos acidentes. Por isso é muito importante este ato classista para reafirmar que o respeito à vida deve estar acima dos lucros e das metas das empresas. Não permitiremos que a Petrobrás cresça às custas das nossas vidas”, frisou.

 

Petrobrás tenta esconder mortes

Logo após o ato, a Petrobrás retirou as cruzes colocadas pelos trabalhadores em frente à empresa, numa atitude autoritária e de desrespeito com a luta da categoria em defesa da vida. A postura da Petrobrás demonstra que a manifestação incomodou a direção da empresa, que tenta esconder as mortes em suas unidades. Este ano, 15 trabalhadores morreram em acidentes na Petrobrás. Somente em agosto, foram oito vítimas, num total de 309 desde 1995. Um número alarmante que reflete a insegurança crônica que vivem os trabalhadores da Petrobrás e subsidiárias, principalmente os terceirizados, que são as maiores vítimas de acidentes na empresa. A defesa da vida é o eixo principal da campanha reivindicatória deste ano, cujo tema é “A vida, sim, é a nossa energia – Exploração, só de petróleo”.

 

Direção Colegiada da FUP