Enquanto os petroleiros intensificavam as mobilizações, atendendo ao indicativo da FUP, a Petrobrás voltou a provocar a categoria, apresentando nesta quinta-feira, 27, uma proposta econômica que não atende às reivindicações dos trabalhadores. A empresa, que já havia desprezado as principais reivindicações sociais da categoria, torna a desafiar os petroleiros com uma proposta de reajuste de 9% na RMNR, incluída neste índice a reposição da inflação (7,23%). Isso representa um ganho entre 1,27% e 1,65% acima da inflação, enquanto os trabalhadores reivindicam 10% de aumento real na tabela salarial. A Petrobrás propôs também um abono equivalente a 90% de uma remuneração bruta e reajustar em 9% os benefícios educacionais, inclusive o Programa Jovem Universitário, bem como o auxílio-almoço. O reajuste da AMS acompanha a reposição da inflação: 7,23%. Já a Gratificação de Campo Terrestre de Produção seria reajustada em 30%, conforme já havia anunciado a empresa nas rodadas anteriores.
A FUP considera esta proposta uma provocação, já que a categoria está em estado de greve e pode iniciar uma paralisação nacional por tempo indeterminado, a partir do dia 16, com parada e controle da produção. As mobilizações convocadas pela FUP comprovam que os petroleiros estão fortalecidos para o enfrentamento. A Petrobrás, pelo jeito, quer partir para o confronto. Além de não atender as reivindicações econômicas, a empresa não avançou, como deveria, em relação aos demais eixos da campanha reivindicatória: uma política de SMS que defenda a vida, aumento de efetivos, melhoria dos benefícios, igualdade de direitos e fim das práticas antissindicais.
As negociações prosseguem nesta sexta-feira, 28, ao longo de todo o dia, quando a FUP cobrará, avanços em relação às cláusulas sociais e uma resposta da Petrobrás para os capítulos da pauta de reivindicações que foram descartados pela empresa nas últimas rodadas: segurança no emprego; planejamento, recrutamento e seleção de pessoal; condições de trabalho; anistia; inovações tecnológicas e relações sindicais.
PP-2 na Transpetro – em resposta à cobrança da FUP, a Transpetro esclareceu que a abertura do processo de adesão ao PP-2 deverá ser no início de dezembro, seguindo a orientação do DEST, que prevê prazo de um mês após o fechamento do patrocínio do Plano Transpetro.
Regramento das PLRs futuras – a FUP tornou a cobrar uma resposta imediata da Petrobrás para as PLRs futuras. A empresa informou que a proposta só será apresentada após a assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho 2011/2013.
Reabertura do PCAC – a FUP também cobrou uma resposta da empresa para as reivindicações apresentadas nas rodadas anteriores de reabertura do PCAC e extensão para todos os trabalhadores dos dois níveis recebidos pelos profissionais Júnior.
Subsidiárias – as empresas do Sistema que participam da negociação – Refap, TBG, Transpetro e Petrobrás Biodiesel – responderão nesta sexta-feira, 28, se irão seguir a proposta da Petrobrás. A BR Distribuidora informou que a empresa está em negociação com os sindicatos que representam seus trabalhadores. O RH do Gás e Energia esclareceu que acompanhará a mesma proposta da Petrobrás nas FAFENs, mas também informará amanhã se manterá a mesma proposta para os trabalhadores das termelétricas.
Contraproposta – a FUP cobrou a formalização das propostas feitas pela Petrobrás, já que a empresa até agora só apresentou cartas de encaminhamento. A Petrobrás informou que deverá apresentar a contraproposta completa até o dia 04 de novembro.
Petroleiros iniciam “Operação Gabrielli”
Nesta quinta-feira, 27, os trabalhadores do Sistema Petrobrás iniciaram uma série de mobilizações nas bases da FUP, cumprindo, rigorosamente, todos os procedimentos de segurança que as gerências burlam diariamente. Além disso, os petroleiros realizaram paralisações surpresa nos terminais de São Caetano do Sul (SP), Cabiúnas (NF), Coari (Amazonas) e na sonda 116, no campo de Buracica, na Bahia.
Batizada de “Operação Gabrielli”, as mobilizações por segurança são mais uma forma de protesto contra a política de SMS da empresa, que já matou 309 petroleiros e feriu e mutilou outros milhares de companheiros nos últimos 16 anos. E o presidente da Petrobrás ainda alega que a culpa é dos trabalhadores, que não têm “disciplina operacional”. A FUP convoca a categoria a intensificar as mobilizações, cumprindo à risca todos os procedimentos de segurança e colocando em xeque a hipocrisia dos gestores da empresa, que alegam respeitar a vida, mas na prática atropelam todas as normas de SMS para cumprirem as metas de produção.
Paralisações surpresa
Com a presença de dirigentes do Sindipetros Unificado de São Paulo, Minas Gerais e Paraná e Santa Catarina, os trabalhadores do terminal de São Caetano do Sul realizaram uma paralisação surpresa por cerca de 10 horas, onde foram suspensas as emissões de PTs e cumpridos, rigorosamente, todos os procedimentos de segurança.
No Norte Fluminense, houve também paralisação no Terminal de Cabiúnas, em Macaé, onde os trabalhadores permaneceram fora da unidade das 6h às 14h. O grupo que entrou à zero hora continuou operando o terminal durante este período, cumprindo passo a passo os procedimentos de segurança que as gerências normalmente burlam para não impactar a produção.
Os dirigentes do Sindipetro-AM também realizaram paralisação surpresa no Terminal de Solimões, em Coari, das 7h às 17h, onde os trabalhadores suspenderam a emissão PTs e realizaram a “Operação Gabrielli”.
Na Bahia, os trabalhadores da sonda 116, no campo de produção terrestre de Buracica, somaram-se às paralisações surpresa e interromperam suas atividade ao longo de todo o dia.
Imprensa da FUP