Acidente gravíssimo no OPASC

Veículo da Transpetro capotou cerca de dez vezes ladeira abaixo. Gerência da empresa negou a participação do Sindicato na Comissão de Investigação

No dia 13 de janeiro, uma sexta-feira, aconteceu um acidente de trabalho de grandes proporções na região do município de Tijucas, em Santa Catarina. Um técnico de faixa de dutos da Transpetro, lotado no OPASC (Oleoduto Paraná – Santa Catarina), acompanhado de um trabalhador terceirizado da empresa Possebom, dirigia uma camionete em local de difícil acesso e de aclive acentuado, nas proximidades do km 224 da BR 101. Na tentativa de desviar de materiais de obra, o pneu dianteiro caiu em um buraco, causando desequilíbrio. O veículo capotou cerca de dez vezes ladeira abaixo, por aproximadamente 80 metros.

 

O terceirizado nada sofreu. Ele tinha plano de saúde e foi encaminhado ao pronto socorro, onde realizou uma série de exames e em seguida foi liberado. Já o técnico da Transpetro não teve a mesma sorte. Sofreu lesões profundas nas mãos, principalmente nos dedos.  Mais uma vez o atendimento da AMS em Santa Catarina confirmou sua precariedade. O técnico foi atendido superficialmente e mal realizou o raio-x. Teve apenas o tratamento dos cortes com simples curativos.

Cabe lembrar que é responsabilidade da empresa fornecer o atendimento adequado em caso de acidente de trabalho. O próprio alerta preliminar de SMS expõe a negligência no tratamento: “o funcionário foi encaminhado para Pronto Socorro para limpeza e curativos, sendo liberado em seguida”.

 

Vale ressaltar que há alguns anos é pleiteado junto à Transpetro um adicional para os técnicos de manutenção e de dutos que trabalham em áreas externas, o qual nunca foi aceito. O ocorrido reforça a necessidade do pagamento deste adicional.

 

Tentativa de sub-notificação

 

O socorro prestado por parte da empresa deixou o trabalhador inseguro, que, com fortes dores, procurou o atendimento médico particular, no município de Tubarão, onde foi realizado uma bateria de exames. Dada a gravidade do caso, o médico emitiu um atestado com afastamento de sete dias do trabalho.

A notícia do repouso médico mal caiu no ouvido da Transpetro e começou a coação por parte da Gerência. A empresa pressionou-o para voltar ao trabalho na segunda-feira seguinte ao acidente (16/01) e disponibilizou um motorista para que ele fosse consultado pela médica da companhia, no Tefran, a quase 300 km de Imbituda, município onde o técnico reside. Por orientação de seus companheiros, ele não cedeu às pressões e cumpriu com o período de repouso previsto no documento médico.

 

Novamente ficou evidente qual é a real preocupação da empresa: omitir acidentes com afastamento para mascarar as metas, ainda que elas tenham sido excluídas com a celebração do Acordo Coletivo de Trabalho 2011/2013. No dia do acidente, a Transpetro não demonstrou o mesmo esforço para que o técnico tivesse um atendimento de qualidade. Isso montra a tentativa da velha prática da sub-noti-ficação e o abismo entre o discurso e a prática na Companhia.

Retrocesso

 

Em um primeiro contato para tratar do acidente, a Gerência da Transpetro havia concordado com a participação do Sindicato na Comissão de Investigação, mas foi só da “boca para fora”. No Documento Interno Petrobrás (DIP) sobre o assunto, o Sindicato ficou de fora da Comissão.

 

A falta de compromisso com a palavra empenhada terá suas consequências. Está mais do que na cara que excluir a entidade de representação legítima dos trabalhadores tem o objetivo de evitar que o caso seja investigado com transparência. O Sindipetro Paraná e Santa Catarina vai apertar ainda mais o cerco e questiona, além dos fatos já descritos nesta matéria, o transporte de um terceirizado, o que caracteriza pessoalidade e subordinação do empregado não-efetivo perante a empresa. Além disso, terá que explicar porque designou um trabalho com alto grau de risco sem que as devidas medidas de segurança tenham sido tomadas. A Transpetro deve muitos esclarecimentos aos seus trabalhadores.