Petroleiras de várias regiões do país, mas principalmente do Sul, estiveram em Curitiba no dia 24 de novembro. O motivo era a participação no 1º Encon
Petroleiras de várias regiões do país, mas principalmente do Sul, estiveram em Curitiba no dia 24 de novembro. O motivo era a participação no 1º Encontro Sul de Mulheres Petroleiras, realizada no auditório da Sede do Sindipetro Paraná e Santa Catarina. O evento reuniu 37 trabalhadoras e debateu desde a conjuntura da mulher no mercado de trabalho, passando pelos problemas enfrentados cotidianamente, como a violência e discriminação, até a situação da mulher petroleira, inclusive das terceirizadas.
O evento iniciou com uma mística coordenada por Darli Sampaio, pesquisadora do CEPAT (Centro de Pesquisa de Apoio aos Trabalhadores), que utilizou balões roxos para ilustrar a necessidade de fôlego para o debate de gênero, chamando as mulheres para a luta social.
O primeiro painel tratou da “Construção Social do Gênero Masculino e Feminino”, ministrado pela economista e especialista em relações de trabalho Marilane Oliveira Teixeira. Ela tratou de elementos que ajudam a compreender as origens das desigualdades no mundo do trabalho e também nos espaços de pode e participação política. “A sociedade capitalista exacerbou a divisão social do trabalho, ou seja, dos papéis que são atribuídos aos homens e mulheres. Antes desse sistema já existia essa divisão, mas não era hierarquizado. O que a mulher fazia não era menos importante. O capitalismo aprofundou a ideia de que o mercado de trabalho é voltado aos homens e o espaço da família e das atividades doméstica é das mulheres.”, analisou.
Para a economista, tudo o que tem valor monetário é muito mais valorizado do que o espaço do trabalho doméstico. “O espaço privado, onde se dão os afazeres domésticos, é menos valorizado que o espaço público, do trabalho, que exige força e frieza, é voltado aos homens. Há que se romper com essa lógica de que o espaço de produção econômica é mais importante que o da reprodução social, da família e do trabalho doméstico. No centro dessa ideia está a sustentabilidade da vida humana”, defendeu.
Logo após o almoço houve o segundo painel: “Avanços e Desafios da Mulher Trabalhadora”, cujo propósito foi abordar a realidade da mulher petroleira e do ramo químico. Assuntos como paridade nas entidades, cotas e desafios da mulher no sindicalismo foram debatidos por Regina Cruz, presidente da CUT-PR; Rosemeire Theodoro, secretária de gênero da CNQ; e Marbe Cristina Nogueiro, coordenadora do Coletivo Nacional de Mulheres Petroleira. As convenções 156 e 189 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) foram citadas como fundamentais para a organização das mulheres na sociedade. A Convenção 156 estabelece a elaboração de políticas públicas que garantam a igualdade efetiva de oportunidades e de tratamento de trabalhadores e trabalhadoras, no que se refere ao direito ao trabalho, sem qualquer discriminação advinda de suas responsabilidades familiares. Já a 189 normatiza as condições de trabalho dos trabalhadores domésticos de todo o mundo, com o objetivo de melhorá-las, equiparando seus direitos aos dos demais trabalhadores.
O evento terminou com o debate e elaboração de propostas para o Encontro Nacional de Mulheres e também com a aprovação da Carta de Proposições do 1º Encontro Sul. As principais reivindicações apontadas foram as melhorias dos benefícios que facilitem a responsabilidade compartilhada de forma igualitária entre homens e mulheres, a rígida punição nas esferas empresarias de atos de assédio moral, a igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres e entre trabalhadores(as) terceirizados(as) e próprios(as), a necessidade de mulheres ocuparem espaços de poder, além de mudança nas culturas sociais que aumentam as diferenças entre homens e mulheres.