Em mais um dia de luta, FUP e sindicatos protestam no Rio contra a 11ª Rodada

A jornada de lutas da FUP e de seus sindicatos contra a 11ª Rodada teve mais uma ação contundente nesta terça-feira, 14, primeiro dia do leilão que es

A jornada de lutas da FUP e de seus sindicatos contra a 11ª Rodada teve mais uma ação contundente nesta terça-feira, 14, primeiro dia do leilão que está entregando às empresas privadas reservas de mais de 35 bilhões de barris de petróleo. Junto com as centrais sindicais, os estudantes, MST, MAB e diversos outros movimentos sociais, caravanas com petroleiros de São Paulo, Norte Fluminense, Duque de Caxias, Minas Gerais e Espírito Santo ocuparam durante toda a manhã a entrada do Hotel Royal, em São Conrado, onde a ANP realiza a 11ª Rodada.
Em outras capitais do país, como Belo Horizonte e Natal, também houve manifestações contra o leilão. Os movimentos sociais mineiros realizaram uma grande mobilização pela manhã no Centro da capital, na Praça Milton Campos. No Rio Grande do Norte, a manifestação foi realizada pelo Sindipetro-RN, em frente à sede administrativa da Petrobrás, em Natal, com grande participação da categoria.
As ações contra a 11ª Rodada começaram na madrugada de segunda-feira (13), com a ocupação do Ministério de Minas e Energia, em Brasília. A FUP e demais entidades que compõem a Plataforma Operária e Camponesa para a Energia também protocolaram no Congresso Nacional e na Presidência da República uma carta assinada por mais de 50 entidades, cobrando o cancelamento da 11ª Rodada. Ainda na segunda-feira, o Sindipetro-Paraná e Santa Catarina, junto com a CUT-PR e outros movimentos sociais paranaenses se manifestaram no Centro de Curitiba, contra a entrega do petróleo brasileiro.
Manifestação em frente ao hotel que sedia o leilão
Enquanto a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e o Ministério das Minas e Energia (MME) comemoravam a realização do mega leilão, cerca de 400 militantes, entre trabalhadores do campo e da cidade, representantes da CUT, CTB, CGTB, MAB, MST, militantes de movimentos sociais e estudantis protestavam do lado de fora do Hotel onde se iniciava o leilão.
No carro de som, o coordenador da FUP, João Antonio de Moraes, enfatizou que esta é a maior jornada de lutas contra a privatização do petróleo. Ele citou as manifestações realizadas em diversos estados do Brasil. “Ontem no Ministério de Minas e Energia, em Brasília, ocupamos o lugar onde fica a gestão dessa política de exportação do nosso petróleo, para que eles fiquem cientes de que se o Brasil colocar este recurso a disposição dos impérios norte americanos ou, de qualquer outro continente, não haverá petróleo para as nossas gerações futuras”, ressaltou.
O presidente da CUT-RJ, Darby Igayara, reafirmou que a Central apóia e sempre apoiará a luta dos petroleiros e da sociedade em defesa do petróleo brasileiro. O secretário geral da CTB-RJ, Ronaldo Leite, afirmou que a questão do petróleo não é uma luta apenas dos petroleiros, mas de todos os trabalhadores.
Estudantes deram o recado
Os representantes dos movimentos estudantis de vários estados, que tiveram grande participação no ato, também deixaram seus recados aos privatistas. “Os movimentos sociais estão aqui hoje para dizer a esta meia dúzia de entreguistas que estão neste hotel, que não deixaremos o nosso petróleo ser entregue ao imperialismo norte americano”, afirmou Gladson Reis, presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES).
Para o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Yuri Pires, em defesa do petróleo, os movimentos ocuparão quantos ministérios forem precisos. “Hoje eles pensam que vão cometer um grande crime contra o povo brasileiro, impunemente, como na era FHC, mas não lembram que os estudantes e movimentos sociais são capazes de defender a sua pátria, indo às ruas, assim como há muitos anos atrás, na campanha “O Petróleo é Nosso”. Indo às ruas, podemos impedir que as riquezas oriundas do petróleo sejam entregues de bandeja, ao invés de serem investidas na educação do povo brasileiro”, relembrou o estudante.
Sindicatos da FUP ressaltaram os prejuízos do leilão para o país
Diretores dos sindicatos da FUP também deram suas palavras de ordem durante a manifestação. A diretora do Sindipetro Unificado de São Paulo, Cibele, afirmou que a mídia vem manchando a imagem da Petrobrás, para justificar a realização dos leilões de petróleo. “Desde o início do ano, vemos a imprensa brasileira insistindo na queda do lucro da empresa e querendo convencer a sociedade de que os leilões são necessários para “salvar” a companhia. Hoje é o dia de mostramos à população que isso tudo é mentira, falácia, de quem defende a privatização e o entreguismo das nossas riquezas. Para continuar crescendo, a Petrobrás precisa ser 100% estatal e de mais investimento em sua força de trabalho”.
O diretor da FUP e coordenador Sindipetro-ES, Hoffman, afirmou que nesta jornada de lutas, é muito importante ter a presença de várias gerações que estão representando o povo brasileiro, que é contra esta entrega imoral do nosso petróleo. “Não podemos entregar a nossa maior riqueza, que é o ouro negro”. Representando o Sindipetro-CE, o diretor Marcondes também protestou contra o entreguismo do petróleo brasileiro. “No Ceará, esperamos dez anos para que a Petrobrás explorasse algum poço de petróleo. Hoje, depois de muito investimento, a região tem uma grande produção. Por isso, estamos aqui para deixar claro que não permitiremos retrocesso em nenhum estado do nosso país”, ressaltou.
O diretor da FUP, coordenador geral do Sindipetro NF e representante eleito pelos trabalhadores para o C.A da Petrobrás, José Maria Rangel, afirmou que os petroleiros e todas as categorias de trabalhadores do Brasil têm uma tarefa árdua, que é sensibilizar a população brasileira sobre a importância da soberania nacional do petróleo. “Temos que tornar esta luta, daqui pra frente, um trabalho de conscientização diário. Há meses atrás, no Rio de Janeiro, a população foi às ruas para protestar contra a nova redistribuição dos royalties do petróleo, sem ao menos saber o que realmente estava por trás disso”, enfatizou o sindicalista.
Quem representou os petroleiros de Minas Gerais foi o coordenador do Sindipetro MG e diretor da FUP, Leopoldino Martins. O sindicalista também enfatizou que o dia de hoje é tão importante quanto à época da criação da Petrobrás, quando os movimentos sociais foram às ruas pela campanha “O Petróleo é Nosso”. “Atualmente, o que está em jogo é a entrega de 30 bilhões de barris de petróleo, por isso, é tamanha a importância da nossa mobilização que não vai desistir de impedir esta entrega, enquanto todos os leilões não forem adiados”.
O diretor da FUP e do Sindipetro-AM, Aldemir Caetano, falou em nome dos petroleiros de Manaus. “Este é mais um ato contra a entrega do patrimônio público do Brasil. Existe uma série de alegações dos representantes do Ministério de Minas e Energia, de que os leilões servem para manter a economia nacional, mas estamos aqui para denunciar que leilão é privatização e roubo”, afirmou Caetano.
O representante do MAB, Leonardo, que também faz parte da Plataforma Operária e Camponesa para a Energia, falou em nome dos atingidos por barragens, afirmando que este é um ano estratégico de luta pela soberania energética e, que os trabalhadores do campo e da cidade continuarão reivindicando um projeto energético popular.
O ato foi encerrado pelo representante da Via Campesina, Durão, que também coordenou a manifestação junto aos petroleiros e representantes do Sindipetro RJ e centrais sindicais. “Nós do MST, estamos juntos aos petroleiros do Brasil inteiro e continuaremos juntos para lutar pelo petróleo, que é nosso, assim como lutamos diariamente pela terra, que também é do povo brasileiro.

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Fonte: Impresa FUP