A Agência Nacional do Petróleo (ANP) marcou a 12ª Rodada de Licitações para os dias 28 e 29 de novembro. Em leilão, reservas de gás de xisto. São 240 blocos exploratórios, sendo 110 em áreas de novas fronteiras tecnológicas nas bacias do Acre, Parecis, São Francisco, Paraná e Parnaíba e 130 nas bacias maduras do Recôncavo e de Sergipe-Alagoas.
Para a exploração dessas áreas deve ser utilizada a técnica do faturamento hidráulico, uma tecnologia de estimulação de poço utilizada para maximizar a produção de óleo e gás natural em reservatórios não convencionais.
À contramão da tendência mundial, que resiste à extração do gás de xisto, o Brasil pretende iniciar a exploração desse recurso energético. Além de não existir uma legislação e um aparato regulatório claramente definido, há indícios de grandes riscos ambientais e sociais.
Alguns estudos têm apontado para a existência de grandes impactos ambientais trazidos pelo gás de xisto. Além disso, já existem evidências de exposição da saúde dos trabalhadores ligados à exploração do gás de xisto, bem como a contaminação de lençóis freáticos de certas regiões dos Estados Unidos. Lá, moradores próximos aos lençóis freáticos onde há exploração denunciam a poluição da água com o simples gesto de riscar um isqueiro próximo às torneiras para acender labaredas através do gás de xisto que flui pela tubulação.
Cabe lembrar que algumas bacias, como a do Paraná, estão sobre o Aquífero Guarani, o maior reservatório de água doce do mundo. Vários países encaram a exploração desse gás com preocupação e até proibiram sua produção. O presidente francês, François Hollande, em entrevista recente como divulgou a Folha de São Paulo, afirmou categoricamente: “enquanto eu for presidente, não haverá exploração de gás de xisto na França”.
Enquanto isso, o governo brasileiro ignora os riscos e leiloa as reservas. Um ato inconsequente e um crime contra a sociedade.