Política de (in)segurança do abastecimento da Petrobrás não podia resultar em outra coisa
Há cerca de dois meses, o Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina foi contrário à renovação da certificação de SPIE (Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos) da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). O limitadíssimo número de funcionários próprios, o alto índice de terceirização nas operações e a falta de investimentos nos serviços de manutenção foram as razões de tal posicionamento.
O acidente da noite de ontem (28), apesar da gravidade, não foi uma surpresa. A fórmula da tragédia já estava adotada pela gestão da Repar. Trabalhadores exaustos, terceirização e manutenção inadequada não podiam resultar em outra coisa, a não ser em acidentes. Mais uma vez, e de novo, o fator sorte pesou a favor dos trabalhadores e ninguém se feriu; gerentes suspiraram, mas terão que responder como sua gestão leva a uma tubulação romper. O Sindicato espera que este episódio sirva, ao menos, de alerta à gestão e que os diretores da empresa comecem a agir em prol da segurança no trabalho, sob pena de novos acidentes, talvez até mais graves, voltem a acontecer.
Sabendo que a tragédia estava anunciada, o Sindicato também procurou o Ministério Público do Trabalho (MPT) e protocolou um dossiê com mais de 500 páginas (denúncia com anexos), em agosto deste ano, onde alertava para os riscos iminentes na refinaria. Infelizmente, o Poder Público também falhou por nada fazer.
A gestão do abastecimento da Petrobras tem ampliado os riscos que comprometem a segurança operacional em troca de maior produtividade, vulgo “otimização”. O Programa de Otimização de Custos Operacionais (Procop) é o exemplo máximo da política de (in)segurança da companhia. Em sua própria apresentação, o Procop prevê o “Nivelamento de produtividade das refinarias; Redução dos custos de manutenção; Redução dos custos de operação de oleodutos, terminais e navios; Redução do nível de estoques”.
O Sindipetro faz lembrar que o atual diretor do Abastecimento da Petrobras foi o gerente geral da Repar às vésperas do acidente que levou ao vazamento de 4 milhões de litros de óleo nos rios Barigui e Iguaçu, no ano 2000. Certas coisas só acontecem nas mãos de certas pessoas.
Confira nos anexos abaixo a denúncia ao MPT e também o posicionamento do Sindicato em relação ao SPIE da Repar.
Denúncia ao MPT
Posição do Sindicato com relação ao SPIE da Repar