No segundo dia de greve dos petroleiros, as gerências da Petrobrás intensificaram as práticas antissindicais, na tentativa de intimidar os trabalhadores. Ao perceberem a força do movimento e a disposição de luta da categoria, os gestores começaram a convocar os fura-greve e a atentarem contra a liberdade sindical, com uma série de arbitrariedades que não serão toleradas pela FUP.
Práticas autoritárias desta natureza são as mesmas que os sindicatos há décadas denunciam e que, por não serem devidamente coibidas pela direção da Petrobrás, resultaram em uma série de desmandos e mal feitos, cuja conta está sendo imposta aos trabalhadores. Se os gestores da empresa, desde a época do FHC, agissem contra os corruptos com o mesmo rigor e energia com que tentam combater a greve da categoria, a Lava Jato não existiria.
Fura-greves não passarão!
Para tentar desmobilizar os petroleiros, as gerências se utilizam desde cárcere privado até do uso da força policial dentro das unidades. Ligações telefônicas para a casa dos trabalhadores com intimidações às suas famílias, assédio via WhatsApp, registro de Boletins de Ocorrência nas delegacias são alguns dos desmandos gerenciais que a empresa vem incentivando.
Essas arbitrariedades contrariam frontalmente a Lei de Greve e a decisão legítima dos trabalhadores de aderirem ao movimento. A Petrobrás recusou-se a negociar com as entidades sindicais um acordo de greve que respeitasse o que determina a legislação: o direito dos trabalhadores pararem suas atividades, impactando a produção e garantindo as necessidades imediatas da população.
A FUP, portanto, não irá tolerar coação, assédio ou qualquer prática gerencial que viole o direito de greve da categoria. Ações jurídicas e denúncias junto aos órgãos fiscalizadores já estão em andamento para responsabilizar os gestores e garantir o direito de greve. A orientação é que os trabalhadores registrem e documentem toda e qualquer prática antissindical e enviem relatos, fotos e vídeos para o seu sindicato.
Cárcere privado
Em várias unidades, os petroleiros estão sendo mantidos em situações de cárcere privado, já que as gerências não aceitam negociar com os sindicatos a substituição dos trabalhadores, de forma a garantir o cumprimento pleno da Lei de Greve. Em vez disso, a empresa prefere financiar equipes de contingência sem qualquer capacidade técnica para preservar a segurança operacional e a vida dos trabalhadores. Na Replan, cerca de 70 petroleiros foram liberados às 14 horas desta segunda-feira (02), após permanecerem 31 horas na refinaria. O Sindicato denunciou o grupo de gerentes, supervisores e engenheiros que assumiu unidade, além de despreparada, é insuficiente para atender a toda a refinaria. Na Repar, o Centro de Treinamento Doutora Zilda Arns foi transformado em uma espécie de hotel para hospedar a equipe de contingência. Na Reduc, os trabalhadores estão sendo mantidos presos na refinaria, em condições de insalubridade.
Polícia e oficiais de justiça
Para tentar impedir o direito de greve da categoria, algumas gerências chegaram ao ponto de convocar a Polícia Militar, intimidando os trabalhadores que aderiram à paralisação. Na Rlam, várias viaturas policiais estão dentro da refinaria. Nesta segunda-feira (02), os petroleiros presenciaram a chegada de um gerente do suporte operacional, trazendo em seu carro duas oficiais de justiça, em pleno feriado, com uma intimação para o coordenador do Sindipetro-BA, onde, segundo relato dos trabalhadores, constava que a Polícia iria ocupar a refinaria para tentar impedir a greve. Na Reduc, a força policial também foi utilizada pela gerência para retirar dirigentes sindicais de dentro da unidade. Outra denúncia recebida pela FUP é de que em algumas unidades, os trabalhadores estão sendo orientados a prestarem queixa na delegacia contra dirigentes e militantes sindicais.
Assédio e intimidação
No primeiro dia de greve, um documento circulou pelas plataformas do E&P para que os trabalhadores assinassem um declaração de que estariam “espontaneamente” dobrando o turno, em caráter excepcional. Ou seja, uma tentativa grotesca de burlar a legislação e oficializar o pagamento indevido de horas extras aos fura-greve. Muitos petroleiros relataram também que as gerências estão ligando para suas casas e enviando mensagens via WhatsApp questionando se estão em greve e convocando-os para o trabalho. Assédios e intimidação durante a greve, além de ilegais, são mais uma afronta à categoria.
Quadro atualizado da greve
Norte Fluminense – Adesão de 41 plataformas, sendo que 25 estão totalmente paradas. Além disso, oito plataformas estão com restrição de produção e outras oito foram passadas para as equipes de “pelegos”. Cerca de 400 a 450 mil barris deixaram de ser produzidos. No Terminal de Cabiúnas, não há rendição de turno.
Bahia – RLAM e terminais da Transpetro sem troca de turno. Fafen parada, Termoelétrica e PBio, sem trocas de turno. Campos de produção terrestre também na greve, com algumas unidades completamente paralisadas.
Esírito Santo – Operação do Terminal Aquaviário de Vitória está paralisada. No Terminal de Barra do Riacho, foi suspenso o recebimento de gás e o navio que está atracado no TABR não será operado. A P-58 está com 50% da produção reduzida, os trabalhadores desembarcaram e foram substituídos pela equipe de contingência. Na Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC), os operadores entregaram a unidade para a supervisão. No Terminal Norte Capixaba, a unidade também foi entregue ao gerente e aos supervisores.
Rio Grande do Norte – nas plataformas marítimas, a produção foi interrompida em 13 unidades. Os trabalhadores dos campos de produção terrestre também aderiram à greve. As unidades do Pólo de Guamaré estão sem troca de turno. A Refinaria Clara Camarão está com a produção parada.
Unificado de São Paulo – Na Recap e na Replan, a greve está com 100% de adesão dos trabalhadores do turno. Ambas as refinarias foram entregues para as equipes de contingência.
Duque de Caxias – A REDUC e a Termoelétrica permanecem sem troca de turnos. A Petrobrás continua impedindo a presença das direções sindicais dentro das unidades.
Minas Gerais – Na Regap e na Termoelétrica, os trabalhadores não estão realizando a troca de turno.
Pernambuco e Paraíba – Os trabalhadores do Terminal da Transpetro em Suape e da Refinaria Abreu e Lima continuam cortando a rendição dos turnos.
Amazonas – A Reman e os Terminais de Coari e Solimões permanecem sem troca de turno.
Ceará – Lubnor segue sem rendição de turno. Em Paracuru e na Usina de Biodiesel, os trabalhadores sendo mantidos em cárcere privado.
Rio Grande do Sul – Refap, Terminal de Rio Grande e a Termoelétrica Sepé Tiaraju seguem sem trocas de turno.
Paraná e Santa Catarina – Na Repar e na Usina do Xisto (SIX), não há troca de turno e as unidades foram entregues às equipes de contingência. Na Fafen, a greve a produção da unidade está paralisada.
FONTE: FUP