As tímidas comemorações de poucos, que anteriormente eram milhões nas ruas aos domingos, na manhã deste triste, porém histórico, 12 de maio de 2016 refletem o receio até mesmo de parte dos apoiadores do golpe diante das incertezas sobre o futuro do país.
Na votação no plenário do Senado de ontem, foi aprovado por 55 a 22 a admissibilidade do processo de impeachment e o afastamento da presidenta Dilma Rousseff do cargo por um período de até 180 dias para que o processo seja concluído. Mera formalidade burocrática. Chega ao fim a trama do golpe cometido contra a jovem democracia brasileira, reconquistada pelo povo brasileiro ao derrotar nos anos oitenta uma ditadura militar que perdurou por 21 anos.
Todo o processo do impeachment se deu a partir de uma ampla aliança que derrotou a democracia e o Estado de Direito. Rasgaram a Constituição, destruíram as instituições, despiram a arbitrariedade judiciária e escancararam o reacionarismo da grande mídia e da elite brasileira.
No desfecho dramático, Dilma foi julgada e condenada por uma ampla maioria corrupta. Dentre os 513 deputados da Câmara, 303 são investigados por algum crime. No Senado, 49 dos 81 senadores estão envolvidos em investigações de crimes graves.
Assume a Presidência da República o vice Michel Temer, do PMDB, que em nada se difere do perfil político do Congresso Nacional. Foi acusado por delatores de envolvimento em um esquema ilegal de compra de etanol e acaba de ser considerado culpado, e multado, por irregularidades nos gastos de campanha. Sua posição junto à opinião pública não é nada animadora. Apenas 2% dos brasileiros o apoiariam como presidente e quase 60% querem seu impeachment.
Em 30 anos, é a terceira vez que o PMDB assume o comando do país sem nunca ter sido eleito de forma direta. O plano de governo, sintetizado no documento “Uma Ponte para o Futuro”, é a repetição do liberalismo econômico praticado na década de 90, cujos resultados foram catastróficos. O Brasil era o segundo país com o maior índice de desemprego no mundo, contraiu dívidas bilionárias junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e centenas de empresas estatais foram privatizadas.
O desrespeito à democracia, no qual o voto de 54 milhões de brasileiros foi ignorado, nada mais é que um golpe de Estado. Jamais reconheceremos o governo de Michel Temer e do PMDB como legítimo. Resistiremos a toda e qualquer iniciativa de privatização da Petrobrás, de retirada de direitos dos trabalhadores e de criminalização dos movimentos sociais. Da luta por um país soberano e mais justo para todos nunca nos retiraremos!
Curitiba, 12 de maio de 2016
Direção Colegiada
Sindipetro Paraná e Santa Catarina