Sindicato reuniu mulheres petroleiras da Usina do Xisto e da Repar para o debate.
Como parte das atividades promovidas pelo Sindipetro Paraná e Santa Catarina durante a campanha global “16 dias de Ativismo de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, nos dias 27 e 28 de novembro as petroleiras da Usina do Xisto, em São Mateus do Sul, e da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, participaram dos Cafés com Debate que abordaram a temática dos assédios moral e sexual.
Em ambiente de diálogo e sororidade, as petroleiras citaram diversos exemplos de assédios ocorridos durante a vida, nas ruas, dentro dos ônibus, nas escolas e universidades, que geram um clima de angústia e medo.
Entre os diagnósticos apontados para tal situação, as petroleiras destacaram que a cultura patriarcal da sociedade é a base das desigualdades e das violências sofridas pelas mulheres. “A relação desigual do poder, especialmente ligada à questão econômica, propicia um ambiente de assédio dentro dos lares, chegando à violência doméstica e ao feminicídio. A condição de submissão e a despersonificação da mulher nas relações abusivas geram ciclos de violência com grande dificuldade de rompimento. A ausência de políticas públicas, em especial nas cidades do interior, prejudica muito na mudança dessa realidade”, diz trecho do relatório das atividades.
Um dado alarmante citado foi de que em São Mateus do Sul cerca de 30% das denúncias de crimes, as vítimas são mulheres.
Com relação à Petrobrás, as participantes afirmaram que os casos de assédio moral têm aumentado e afetam todos os funcionários. “Porém, por se tratar de uma indústria pesada, composta majoritariamente por homens – apenas 17% da força de trabalho é feminina e no refino chega a 10%, as mulheres estão em condições de vulnerabilidade”.
Os exemplos citados dos casos de assédios dentro da Petrobrás foram muitos. Por exemplo, quando colocam as mulheres no horário administrativo (com a tendência de desqualificação técnica ou econômica), também muito comum o assédio durante a gestação e o aleitamento, as mulheres sofrem pressão para permanecer em turno neste período, desrespeitando um direito social à maternidade. Um direito que nem é das mulheres, mas das crianças e que garante a continuidade da sociedade. Outro apontamento foi com relação aos acidentes de trabalho, nos quais as mulheres escutam com frequência piadas como “se tivesse lavando a louça em casa não teria se acidentado”. Outra realidade opressora são as pornografias no ambiente de trabalho ou nos grupos de Whatsapp. Os assediadores estão tanto nas relações verticais, de chefias, quanto as horizontais, dos colegas de trabalho. Uma das queixas é a não manifestação dos colegas quando observam essas situações e acabam levando os assédios como brincadeiras. A empresa não constrói condições de diminuir essas violências cotidianas no ambiente de trabalho.
As participantes concluíram que todas já sofreram algum tipo de assédio moral ou sexual, seja na vida ou no trabalho. Outra observação gravíssima foi que todas haviam sofrido algum assédio sexual durante a infância, tanto de pessoas desconhecidas na rua, como de pessoas próximas à família.
Ambas atividades terminaram com a análise de que a condição das mulheres tende a piorar com o avanço do conservadorismo, mas também apontou como saída o fortalecimento e resistência, como foram as manifestações do #EleNão, um dos maiores atos políticos da história do Brasil.
Encaminhamentos
Como ações propostas ao Sindicato, as participantes sugeriram que a atividade “Café com Debate” aconteça pelo menos uma vez por ano para o fortalecimento e formação das mulheres Petroleiras. Também recomendaram que a entidade desenvolva uma campanha contra os assédios Moral e Sexual para colaborar com a conscientização e dar mais poder às denúncias. Outra indicação foi o questionamento nas mesas de negociação de SMS sobre os dados de assédios moral e sexual dentro da empresa e como são tratadas as denúncias.
Seminário com aposentadas, pensionistas e esposas de petroleiros
Ainda como parte da campanha dos “16 Dias de Ativismo”, o Sindipetro PR e SC também promoverá um espaço de vivência e partilha entre as diferentes realidades das aposentadas, pensionistas e mulheres dos aposentados.
Será um seminário sobre as principais dificuldades enfrentadas no acesso aos direitos sociais das mulheres e benefícios corporativos (AMS, Petros, Previdência Social, entre outros). Também serão abordadas as diversas facetas da violência contra as mulheres, em especial após os 50 anos de idade.
Ainda como parte desta atividade, haverá a inauguração do Espaço Kids da Sede do Sindicato, em Curitiba. Portanto, as crianças serão muito bem-vindas. Haverá recreação infantil.
Calendário
Curitiba: Dia 04 de Novembro (terça-feira), das 14h00 às 18h00
Local: Sede do Sindipetro – Rua Lamenha Lins, 2064, Rebouças
São Mateus do Sul: Dia 06 de Dezembro (quinta-feira), das 14h00 às 18h00
Local: Sede Regional do Sindipetro – Rua Paulino Vaz da Silva, Nº 535.
Programação:
14h00 – Dinâmica Inicial e Abertura
14h20 – Painel Direito corporativo e social relevante
15h10 – Café
15h20 – Painel Violência Dentro e Fora de Casa
17h00 – Oficina de bonecas Abayomi
18h00 – Encerramento
Dia do Laço Branco: petroleiros na luta pelo fim da violência contra as mulheres
Os petroleiros dirigentes do Sindipetro Paraná e Santa Catarina se mobilizaram no dia 06 de dezembro nas ruas e nas unidades da Petrobrás para dialogar sobre problema da violência de gênero.
A data escolhida é conhecida como o Dia do Laço Branco – Homens pelo fim da violência contra as Mulheres. No dia 6 de dezembro de 1989, um homem de 25 anos (Marc Lepine) entrou armado na Escola Politécnica de Montreal, no Canadá. Em uma sala de aula, ele ordenou que os homens (aproximadamente 50) se retirassem. Assassinou 14 mulheres e depois saiu atirando pelos corredores e outras dependências da escola, gritando “Eu odeio as feministas”. Ele assassinou 14 estudantes, todas mulheres. Feriu ainda 14 pessoas, das quais 10 eram mulheres. Depois suicidou-se.
O crime, que ficou conhecido como o “Massacre de Montreal”, motivou a Campanha Mundial do Laço Branco (White Ribbon Campaign): homens pelo fim da violência contra a mulher.