Ação “Gás a Preço Justo” denunciou a disparada dos combustíveis no país

Mobilização dos petroleiros alertou que o PPI e as privatizações são os principais responsáveis pela elevação dos preços. Foco na produção nacional é o caminho para estabelecer valores acessíveis

Os constantes aumentos dos combustíveis castigam os bolsos dos brasileiros. A atual gestão da Petrobrás pratica uma política chamada de “Preço de Paridade Internacional (PPI)” para definir os valores dos derivados no país. Implantada em 2016 durante o governo do então presidente Michel Temer, essa metodologia se baseia nas cotações do barril de petróleo e do dólar no mercado internacional, mais os custos que importadores teriam, como transportes e taxas portuárias.

 

Cabe lembrar que o Brasil possui gigantescas reservas de petróleo, amplo parque de refino e, caso o governo quisesse, pouco dependeria das importações.

 

Para denunciar esses abusos, o Sindipetro PR e SC realizou no último sábado (06) a ação “Gás a Preço Justo”. O objetivo foi mostrar à sociedade que é possível uma redução de até 50% no atual valor do gás de cozinha, sem que haja prejuízo para o setor. “Bastaria privilegiar o mercado interno e colocar as refinarias da Petrobrás para operar em sua capacidade máxima de produção, gerando milhares de empregos no país”, explicou Alexandro Guilherme Jorge, presidente do Sindicato. 

 

O ato que ocorreu na Praça da Bíblia, no centro de Araucária (PR), distribuiu 250 cargas de gás de 13 kg por R$ 40 à população. Atualmente, o preço médio do GLP na região é de R$ 80.

 

A auxiliar de serviços gerais Cleonice dos Reis Muniz aproveitou a ação para aliviar o orçamento doméstico. “Quando fui comprar o gás até me assustei. Tá muito difícil, pesa muito no bolso. Quando fiquei sabendo dessa distribuição fiquei muito feliz. Podia manter esse preço”, sugeriu.

 

Essa mobilização dos petroleiros ocorreu em várias cidades brasileiras, concomitantemente à semana da Greve Nacional dos Caminhoneiros, que exigia o fim do PPI e frete justo, entre outras reivindicações. Além de denunciar os preços abusivos praticados pela atual gestão da Petrobrás, o Sindicato apontou que a incessante venda de ativos da empresa é uma forma de privatização velada, praticada na intenção de não despertar a atenção da sociedade.

 

O ato também proporcionou o diálogo com os moradores da região, que opinaram a respeito das privatizações. Para Isaac de Souza Porto, trabalhador de Araucária, algo precisa ser feito ou então o Brasil passará ser um mero importador de derivados, mesmo com total condição de produzir aqui. “Queriam privatizar a Fafen-PR, olha o que aconteceu, tá lá sucateada, apodrecendo. Sou contra a privatização, sou contra a venda das refinarias, isso é patrimônio dos brasileiros. Está errada essa situação do dólar, teria que ser o preço daqui do Brasil, em Real”, comentou Porto.

 

Ainda segundo o presidente do Sindicato, a política do PPI beneficia apenas os importadores, facilita a privatização da Petrobrás e maltrata a população, principalmente a classe trabalhadora. “Sabemos que essas negociatas são para entregar o patrimônio nacional. Isso vai culminar no aumento ainda maior dos combustíveis e, como consequência, o aumento de todas as mercadorias que são transportadas por caminhões”, afirmou.

 

Greve dos Caminhoneiros

 

O primeiro dia de fevereiro começou com paralisações de caminhoneiros em alguns pontos do país. A lista de reivindicações da categoria continha dez pontos, entre eles o fim do PPI, que influencia diretamente no preço dos combustíveis, em especial do diesel.

 

Para o secretário de comunicação do Sindipetro PR e SC, Roni Barbosa, a sociedade brasileira está se movimentando. “Distribuidores de gás também participaram da paralisação, pois sua margem de lucro está prejudicada pelos constantes aumentos do GLP”.

 

O assunto tomou os debates nas redes sociais. A página do Facebook “Todos Contra o Aumento dos Combustíveis” é um exemplo dessa mobilização virtual. Com mais de 200 mil seguidores, a fanpage se caracteriza como um movimento contra a dolarização dos preços dos combustíveis. Nessa última semana, a página acompanhou as paralisações e se solidarizou com a greve dos caminhoneiros em luta pela redução dos preços. 

 

Com a ação do “Gás a Preço Justo”, o Sindipetro PR e SC reafirmou seu compromisso de lutar por valores justos para os combustíveis, com foco na produção nacional e contra essas políticas coloniais de PPI e privatizações no setor petróleo.

 

 

Texto: Juce Lopes (estagiária). Edição: Davi Macedo