Governo Bolsonaro liquida a refinaria da Bahia pela metade do valor de mercado. Ainda dá para mudar essa história.
Davi Macedo – Sindipetro PR e SC
A semana começou com uma péssima notícia. Nas primeiras horas da manhã de segunda-feira (08) a direção da Petrobrás, sob o comando de Roberto da Cunha Castello Branco, anunciou a conclusão da rodada final da fase vinculante do processo de venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) e seus ativos logísticos associados, na Bahia.
O comunicado apontou que o Fundo Mubadala Capital, pertencente à uma holding estatal dos Emirados Árabes, apresentou a melhor oferta: US$ 1,65 bilhão. Cálculos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), feitos a partir da metodologia de fluxo de caixa descontado, indicam que a unidade vale entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões. A sanha privatista do governo Bolsonaro liquida um patrimônio brasileiro pela metade do preço.
No mesmo comunicado, a gestão da Petrobrás informou que as propostas vinculantes para a privatização da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná, foi encerrada, pois “as condições das propostas apresentadas ficaram aquém da avaliação econômico-financeira”. Porém, ressalta que “iniciará tempestivamente novo processo competitivo para essa refinaria”.
A direção da estatal ainda reafirmou a continuidade da liquidação de outras seis unidades de refino. A REFAP, no Rio Grande do Sul, a REMAN, no Amazonas, a RNEST, em Pernambuco, a REGAP, em Minas Gerais, a LUBNOR, no Ceará, e a SIX, no Paraná, continuam com seus processos de privatização em andamento.
Com o anúncio da venda da RLAM, o Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-Bahia), filiado à FUP, mobiliza os trabalhadores da refinaria e deverá iniciar uma greve em protesto contra a venda da unidade, como aprovado em assembleias em dezembro passado.
Dirigentes dos sindicatos filiados à FUP iniciaram reunião de planejamento nesta terça-feira (09), com previsão de término para quinta (11), na qual definirão as estratégias de luta para frear a venda da RLAM e de todas as outras refinarias. A mensagem das entidades é de que nada está perdido. Vide o exemplo da Embraer, que também teve sua privatização anunciada, mas depois o governo teve que voltar atrás. A luta segue em todas as arenas, jurídica, política e social.
Mais do que nunca, a unidade da categoria petroleira deve prevalecer para que a guerra contra os privatistas seja vitoriosa. Não há solução individual, a luta é coletiva.