Ato unificado mobilizou petroleiros de quatro estados em São José dos Campos-SP. Gestão da refinaria acionou a PM para coibir o protesto. Foto: Roosevelt Cássio
Petroleiros do Paraná e Santa Catarina se uniram a trabalhadores de outros estados em protesto na porta da Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos-SP, na manhã desta quinta-feira (26). Participaram petroleiros de Minas Gerais, do Litoral Paulista e de outras unidades da Petrobrás no estado de São Paulo.
A manifestação foi contra o desmonte da Petrobrás através das privatizações e o avanço da terceirização na estatal. As lutas contra a diminuição dos efetivos de trabalhadores próprios e as mudanças unilaterais nas tabelas de turno também estavam em pauta.
O ato acontece um dia após o anúncio da venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman) para a Atem’s Distribuidora de Petróleo por US$ 189,5 milhões. Com capacidade de processar 46 mil barris de petróleo por dia, a Reman e seus ativos integrados, inclusive um terminal de armazenamento, deixam de ser um patrimônio público para se tornar um monopólio privado. Prejuízo para o povo brasileiro, principalmente da Região Norte do país.
Em demonstração autoritária, a gestão da Revap acionou a Polícia Militar do Estado de São Paulo para coibir o protesto. Além disso, praticou ato antissindical ao desviar o trajeto dos ônibus de transporte de petroleiros, na tentativa de esvaziar o ato. “Eles trouxeram cinco viaturas, mais de 20 policiais, para um mero atraso que aconteceu hoje aqui. Isso demonstra o medo, o pavor, que a gestão da empresa tem dos seus trabalhadores, da organização dos seus trabalhadores. Isso tem que nos motivar, a daqui para frente, na próxima paralisação, cada um de nós trazer mais três, quatro, cinco. Quando estiverem todos os trabalhadores na frente das refinarias, não tem tropa de choque que retire os trabalhadores ou que os obrigue a trabalhar. Estamos exercendo o direito constitucional de organização sindical e de mobilização dos trabalhadores”, afirmou Roni Barbosa, petroleiro da Repar e secretário de comunicação da CUT Nacional e do Sindipetro PR e SC.
Segundo Roni, o uso do aparato policialesco por parte da direção da Petrobrás tem razões bem claras. “O que está por trás desse processo é que ontem entregaram a refinaria de Manaus por U$S 189 milhões. Isso representa apenas três meses de faturamento daquela refinaria. Paulo Guedes, mancomunado com a gestão bolsonarista da Petrobrás, está entregando esse patrimônio que não é deles. O patrimônio é do povo brasileiro. Nós precisamos reagir. Trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás têm que reagir e a população brasileira tem que vir conosco. Ontem também foi marcado como o dia em que a empresa pagou R$ 30 bilhões aos acionistas. E a maior parte desse recurso está indo para fora do país às custas da exploração da população. Por causa dos altíssimos preços dos combustíveis, praticados com base no dólar, muitos brasileiros não conseguem comprar um botijão de gás para cozinhar”, denunciou.
A manifestação na Revap foi o segundo ato unificado. O primeiro aconteceu na Replan (Refinaria de Paulínia), no começo do mês. Outras atividades vão ocorrer nos próximos dias para mobilizar bases de outras unidades. Na próxima semana haverá protesto na Refinaria de Capuava (Recap), região metropolitana de São Paulo, e na seguinte será a vez do ato na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão-SP.