Negligência agravou o quadro clínico do trabalhador que sofreu acidente no Tepar

Empregado foi forçado pela gestão da Transpetro a retornar ao trabalho no dia seguinte ao acidente, mesmo sendo afastado por atestado. Assistência à vítima foi precária.

 

As condições de saúde do petroleiro do setor privado que sofreu um acidente no último dia 24, no Terminal Transpetro de Paranaguá (Tepar), pioraram após ele ter sido obrigado pela gestão local da Transpetro a retornar ao trabalho logo no dia seguinte, mesmo estando afastado por atestado médico. A péssima assistência que recebeu dos empregadores contribuiu para o agravamento do seu estado clínico.

 

O empregado, contratado pela empresa Manserv para prestar serviços de mecânico no Terminal, teve a perna direita dilacerada em acidente que ocorreu durante operação na bomba de combate a incêndios no píer do Tepar.

 

Ainda no mesmo dia, o funcionário foi informado de que deveria retornar ao trabalho já na manhã seguinte para realizar serviços administrativos e prestar esclarecimentos aos gestores da Manserv e Transpetro. Quase sem mobilidade e com o curativo encharcado de sangue, ele só foi liberado do Terminal por volta das 12h30, isso somente após o Sindipetro ter cobrado dos gestores o cumprimento do atestado.

 

De lá para cá, a situação de saúde foi piorando. O grave ferimento na perna apresentou sinais de infecção e o trabalhador buscou novo atendimento no Hospital de Paranaguá, no último domingo (27). O médico local o encaminhou para Curitiba.

 

Na capital, ainda no domingo, o petroleiro realizou exames de sangue em hospital da rede privada e o internamento foi descartado. Mesmo com a inflamação, a médica que o atendeu sequer abriu o curativo para examinar o ferimento.

 

De volta para casa, a situação se agravou. As dores e as inflamações aumentaram. Na terça-feira (01) o trabalhador retornou ao hospital de Curitiba, finalmente fez exame de ressonância magnética e foi atendido por um ortopedista, sendo medicado com antibióticos. Só assim a situação se estabilizou.

 

Diante do descaso da gestão da Manserv e da Transpetro, coube ao próprio trabalhador acidentado buscar o socorro à sua saúde.

 

A doença da ganância
O péssimo tratamento que foi dispendido ao acidentando foi a causa do agravamento da situação. Mal socorrido no ato do acidente porque as ambulâncias do Tepar estão sucateadas, teve que ser levado de maca até o ambulatório e depois de carro até o hospital. Abandonado pelos gestores da Manserv e da Transpetro, ainda se viu obrigado a se deslocar por duas vezes até a capital. Tudo isso com uma perna dilacerada.

 

Se a situação fosse diferente e o trabalhador recebesse o mínimo que se espera dos seus empregadores, ou seja, atenção à sua condição de saúde, com atendimento médico de qualidade, certamente o ferimento não pioraria tanto.

 

Esse foi mais um caso entre tantos outros que ocorrem na Transpetro. A prática de cooptar empresas contratadas e até profissionais de saúde para mascarar os afastamentos médicos, a fim de esconder os acidentes, é frequente. Os gestores passam por cima da legislação, do acordo coletivo e da própria sensatez para garantir suas bonificações porque acidentes com registro de afastamento reduzem os valores que recebem. Sofrem da doença da ganância.

 

O Sindipetro Paraná e Santa Catarina exige a responsabilização dos gestores envolvidos nesse caso de extrema irresponsabilidade e de desprezo à vida, bem como a participação na Comissão de Investigação do Acidente. Por ora, os gestores do Tepar ainda nem emitiram a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), ou seja, mais uma ilegalidade cometida.