O documento foi proposto pela FUP após golpistas ameaçarem o funcionamento das refinarias e distribuidoras de combustíveis do país.
Em uma rodada de assembleias convocada pelo Sindicato, que começou no dia 13 de janeiro e foi concluída nesta terça-feira (31), os trabalhadores da Petrobras aprovaram por unanimidade o Manifesto em defesa da democracia, proposto pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados.
O documento (leia abaixo) é uma resposta aos ataques às instituições democráticas, que ocorreram no dia 8 de janeiro, em Brasília, e às ameaças terroristas feitas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de impedir o funcionamento das refinarias e distribuidoras, que tinha como único objetivo espalhar o caos pelo país.
O Sindipetro PR e SC e a FUP se mobilizaram para garantir a segurança dos trabalhadores e a manutenção do abastecimento de combustíveis. Ainda no dia 08/01, o Sindicato requisitou à gestão da estatal o reforço da segurança patrimonial nas unidades e solicitou para os governadores do Paraná e Santa Catarina o patrulhamento policial ostensivo nos entornos das refinarias e terminais de distribuição.
As ações imediatas das instituições conseguiram sufocar as tentativas de bloqueio de abastecimento nos estados. No Paraná, foi registrado no início da noite de 8 de janeiro um único ato antidemocrático em frente à distribuidora Raízen Combustíveis SA, nas proximidades da Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária.
Na ação, os golpistas utilizaram caminhões para jogar terra nas guaritas da empresa, o que bloqueou temporariamente a passagem de veículos. Mas no início da madrugada, a Tropa de Choque da Polícia Militar conseguiu, juntamente com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Guarda Municipal de Araucária, dispersar os criminosos.
Outra tentativa de bloqueio frustrada ocorreu na manhã do dia 9 de janeiro, na estrada de acesso ao Terminal da Transpetro de Guaramirim (Temirim), em Santa Catarina. Os terroristas fecharam a via com troncos de árvores. No entanto, a PRF liberou a entrada poucas horas depois e dispersou os golpistas.
O Manifesto destaca que a “defesa incondicional da democracia e da soberania nacional são princípios que marcam as lutas históricas das trabalhadoras e dos trabalhadores petroleiros” e repudia “qualquer atitude antidemocrática que possa vir a ocorrer por parte de bolsonaristas que ainda ocupem cargos de confiança no Sistema Petrobrás”.
O documento foi aprovado pela categoria em meio às transições de governo e gestão da estatal, que já sinalizaram aos trabalhadores a expectativa de levar a companhia para novas direções.
As assembleias também foram uma oportunidade para atualizar os presentes sobre a atuação da FUP e seus sindicatos filiados no GT de Transição e demais agendas junto ao novo governo eleito.
O Sindipetro PR e SC destaca a importância da participação da categoria nas reuniões setoriais e convoca todos os petroleiros e petroleiras a colaborar nas discussões, tanto no âmbito nacional como regional, para a construção da Petrobrás que queremos.
Leia a íntegra do manifesto dos petroleiros:
Defender a Petrobrás é defender o Brasil: esse é o nosso trabalho. Golpistas não passarão!
A defesa incondicional da democracia e da soberania nacional são princípios que marcam as lutas históricas das trabalhadoras e dos trabalhadores petroleiros. Estampamos com orgulho em nossos uniformes a bandeira do Brasil. Bandeira esta que foi sequestrada por golpistas, cujas ações fascistas levaram o país e a nossa empresa à beira da destruição.
Os atos terroristas de domingo, em Brasília, chocaram o povo brasileiro e o mundo, com ataques afrontosos aos três poderes da República. Cenas de destruição do patrimônio público desnudaram em praça pública o fascismo como método e ideologia dos golpistas.
Nós, petroleiros e petroleiras, estamos em alerta nos últimos dias contra as tentativas de ataques terroristas às unidades do Sistema Petrobrás. Os golpistas tentaram ocupar as refinarias para impedir o abastecimento de combustíveis e aumentar o caos no país. Mas fracassaram retumbantemente.
“Defender a Petrobrás é defender o Brasil” não é só um grito de luta das nossas manifestações contra as privatizações. É o lema da nossa categoria. O sentido do nosso trabalho.
Qualquer ameaça à Petrobrás é uma ameaça ao povo brasileiro e à soberania da nossa nação. Nossa história é atravessada por resistências diversas contra ataques à nossa empresa, desde a sua criação, há quase sete décadas. Golpista algum irá nos intimidar.
Por tudo isso, nós, petroleiras e petroleiros do Sistema Petrobrás, nos colocamos a postos, em defesa do patrimônio público e da continuidade do nosso trabalho para abastecer o povo brasileiro, como sempre fizemos.
Manifestamos repúdio a qualquer atitude antidemocrática que possa vir a ocorrer por parte de bolsonaristas que ainda ocupem cargos de confiança no Sistema Petrobrás. Reiteramos as cobranças da FUP de que seja acelerado o processo de transição de gestão para que o presidente indicado pelo governo federal possa assumir o quanto antes o seu cargo e iniciar o urgente trabalho de recuperação da estatal.
Defender a Petrobrás é defender o Brasil.
Juntos somos fortes.
Democracia sempre!
FUP – Federação Única dos Petroleiros e Petroleiras
Por: Juce Lopes