A FUP e seus sindicatos vêm há tempos denunciando casos de assédio contra mulheres nas unidades do Sistema Petrobrás, sem que as devidas providências sejam tomadas.
A imprensa repercutiu nesse final de semana notícia sobre grupo de mensagens criado por trabalhadoras petroleiras para denunciar e compartilhar casos de assédio no Sistema Petrobrás. “A gente botava cadeira na porta à noite porque era proibido trancar”, relata uma das trabalhadoras.
O Coletivo Nacional de Mulheres Petroleiras da FUP vem cobrando que a Petrobrás envolva as trabalhadoras e os trabalhadores na discussão de medidas efetivas de prevenção e combate ao assédio sexual e moral. Para isso, é fundamental que os sindicatos atuem em conjunto com a empresa, o que, lamentavelmente, não ocorreu até agora, apesar das cobranças constantes das entidades e dos coletivos de mulheres petroleiras.
A FUP e seus sindicatos vêm há tempos denunciando casos de assédio contra mulheres nas unidades do Sistema Petrobrás, sem que as devidas providências sejam tomadas. Essa semana, por exemplo, o Sindipetro Unificado de São Paulo está divulgando nas bases boletim denunciando casos de machismo e assédio na Replan. Veja abaixo:
Relatos semelhantes acontecem na Regap e na Termelétrica de Ibirité, unidades da Petrobrás em Minas Gerais, onde as trabalhadoras petroleiras têm se levantado contra o machismo e as discriminações que sofrem no ambiente de trabalho pelo fato de serem mulheres.
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Confira a seguir as matérias que o G1 repercutiu sobre os assédios que as mulheres petroleiras têm enfrentado diuturnamente nas unidades da Petrobrás e subsidiárias.
“A gente botava cadeira na porta à noite porque era proibido trancar”
Por Isabela Leite, do G1
Em um grupo de WhatsApp, funcionárias da Petrobras relataram dezenas de episódios de assédio sexuais cometidos por colegas de trabalho e superiores hierárquicos quando estavam embarcadas em plataformas e também em outras unidades da empresa, como o Centro de Pesquisas (Cenpes).
As denúncias de assédio foram reveladas por Ancelmo Gois, colunista do jornal “O Globo”.
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A GloboNews teve acesso a um compilado de 53 mensagens com relatos espontâneos de pessoas que foram vítimas dos abusos ou também testemunhas de agressões contra as trabalhadoras, como alguns exemplos abaixo:
“A gente botava cadeira na porta à noite porque era proibido trancar… Uma amiga passou por uma situação bizarra. Chegou no camarote e tinha um cara mexendo nas calcinhas dela”
“Voltando de um evento da gerência à noite, dividi o uber com o meu gerente imediato. Quando chegou na casa dele, ele começou a me agarrar. Depois de conseguir fazer com que ele parasse, ele veio insistir que queria ir para minha casa, obviamente não deixei”
“Embarquei uma única vez, no curso de formação. Me colocaram num quarto com um químico. No começo fiquei de boa pq a gente tinha horário trocado e nunca via ele no quarto. Até um dia que entrei e ele estava deitado assistindo um filme pornô na tv do quarto. Saí na mesma hora para falar com o fiscal que não ficaria mais naquela situação.”
“A recepcionista da gerência que eu trabalhava teve o seio apalpado por um petroleiro, dentro da empresa. O caso virou o escândalo da gerência e todo mundo soube do caso, mas a chefia não fez nada. A moça foi transferida de área”
As mensagens foram compartilhadas depois que a GloboNews revelou que funcionárias terceirizadas do Centro de Pesquisas da Petrobras, na Ilha do Fundão, Zona Norte do Rio, denunciaram um petroleiro por assédio sexual em 2022. O Ministério Público do Rio denunciou o agressor por assédio e importunação sexual contra uma mulher, que prestava serviços à empresa. Segundo o MP, o agressor, “esfregou por três vezes o pênis nas nádegas da vítima, conforme registro de ocorrência feito pela vítima” e tentou forçar relações sexuais com ela.
Prates: “Não toleraremos nenhum tipo de violência”
Da coluna de Andréia Sadi, no G1
Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, disse que a empresa vai fortalecer medidas de combate ao assédio após tomar conhecimento de relatos de mulheres.
Em mensagem divulgada neste sábado (1º), Prates afirmou que tomou conhecimento “de novos relatos, além dos anteriormente divulgados, de que mulheres que, em diferentes momentos da história da companhia, viveram situações de assédio, constrangimento e violências por gênero.”
Na mensagem, Prates afirmou que se solidariza com as mulheres que foram vítimas e que fez uma reunião com com alguns gerentes executivos para propor ações mais firmes e célebres de enfrentamento.
Prates não detalhou nem mencionou nenhum caso em específico no texto.
“Em breve divulgaremos a nossa força de trabalho novas medidas de fortalecimento da prevenção e combate ao assédio”, diz um trecho da mensagem.
Em vídeo divulgado no início do mês, para celebração do Dia Internacional da Mulher, Prates afirmou que solicitou uma análise dos mecanismos de prevenção e combate ao assédio e discriminação nos ambientes de trabalho.
“Trabalharemos também para ampliar a representatividade das mulheres na Petrobras, fazendo com que a empresa seja um ambiente de trabalho cada vez mais atrativo para elas desde o momento do processo seletivo, em todas as funções da base ao topo. Mas além de aprimorar os processos da empresa, é preciso um compromisso firme, coletivo, de não tolerar nenhuma atitude de assédio ou discriminação”, disse Prates no vídeo.