O Sindipetro PR e SC participou, na segunda-feira (23), de uma reunião online de pauta local com as gerências de Produção e Recursos Humanos da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). O objetivo era discutir os problemas e riscos causados pela redução de efetivo, bem como as medidas equivocadas aplicadas pelas gerências da Repar, as quais agravam ainda mais a situação.
O encontro ocorreu após o Sindicato receber denúncias sobre a aplicação da denominada “demanda reduzida”, que passaram a ser mais frequentes após a implantação da tabela de turno de 12 horas. Essa prática irresponsável é consequência do estudo de Organização & Método (O&M), aplicado pela gestão da refinaria, em 2017, e que resultou na diminuição imediata de aproximadamente 20% dos postos de trabalhos operacionais.
Na época, a metodologia O&M, que é bastante questionado por especialistas da área de segurança do trabalho, foi introduzida na Repar para readequar o efetivo próprio à redução de funcionários desligados da empresa por conta do PIDV (Plano de Incentivo à Demissão Voluntária), sob a desculpa gerencial de “otimização dos recursos humanos da companhia”.
O problema foi agravado quando a empresa passou a aplicar a “demanda reduzida”, em janeiro de 2020. A medida prevê que, em caso de ausência de um empregado, neste dia, o posto de trabalho será absorvido pelos demais, sob a alegação de reduzir os serviços. Na realidade isso não ocorre, uma vez que as rotinas de trabalho seguem as mesmas. Os trabalhadores são forçados a assumir mais um setor além do seu, gerando sobrecarga e ampliando os cenários de riscos em emergências operacionais.
Após ouvir a argumentação do Sindicato durante a reunião, os representantes da empresa se comprometeram em buscar alternativa para o problema, uma vez que a medida não resolve o problema da escassez de efetivo; ao contrário, apenas agrava a situação.
Outra denúncia que foi tratada no encontro parece ser mais um “equívoco gerencial”. Os trabalhadores da unidade de Hidrotratamento e Reforma Catalítica (HRC) são vítimas do drástico corte de efetivo já citado acima. Em muitas situações, não há rendição nem para ir ao banheiro, sobrecarga de trabalhos e preocupação de atuação em caso de emergência infelizmente fazem parte do cotidiano deste setor. O risco já foi denunciado pelo sindicato ao RH da empresa, e solicitada a resolução para a situação caótica.
A providência para tentar mitigar a situação parece que veio do velho ditado: “a emenda saiu pior do que o soneto”. Sem consultar os trabalhadores, que são os detentores do conhecimento, a gerência determinou que um profissional de uma empresa terceirizada acompanhasse os trabalhos de liberações de equipamentos operacionais, tarefa exclusiva dos técnicos de operação, e com alto potencial de acidentes em caso de falhas.
A medida causou estranheza no setor, primeiro por delegar tarefas ligadas diretamente à segurança operacional para profissionais sem a devida formação, além de sobrecarregar ainda mais o técnico de operação com a nova tarefa de treinar o profissional. Na reunião de pauta local, o gerente do setor assumiu o compromisso de desfazer o “remendo”.
Para Kurpiel, a realização de concurso público para reposição do quadro de trabalhadores próprios é essencial para garantir uma operação segura da unidade. “A chamada ‘demanda reduzida’ foi um artifício irresponsável por parte da gestão que estava alinhada com o desmonte do Sistema Petrobrás, preocupada somente com a redução de custos, colocando em risco as pessoas, equipamentos e comunidade. Não é admissível que a negação dos riscos que envolvem uma refinaria de Petróleo ainda esteja presente entre os gestores da Repar”, enfatizou.
Vale destacar que o Sindicato se ofereceu para criar um comitê de crise colaborativo em parceria com a gerência da refinaria a fim de buscar alternativas viáveis, uma vez que uma solução por meio de concurso público não será imediata. No entanto, ainda não houve resposta da gestão.
O Sindipetro ressalta à categoria que continuará sua luta para que a Repar opere com a máxima segurança, tanto para os trabalhadores quanto para a comunidade ao seu entorno.
Denuncie!
O Sindipetro PR e SC orienta que, caso a empresa persista na prática de “demanda reduzida”, ou em outras medidas que agravem ainda mais os riscos da unidade, denuncie ao sindicato através do e-mail: denuncia@sindipetroprsc.org.br ou pelo telefone/WhatsApp: (41) 3332-4554. Se preferir, trate o assunto diretamente com os dirigentes sindicais nos locais de trabalho.