Resistência

Livre da privatização, Repar comemora 47 anos

Neste dia 27 de maio, a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) celebra 47 anos de operação. Sua história é marcada por uma trajetória de desafios, evolução tecnológica e resistência. Localizada em Araucária, no Paraná, a Repar deu início às operações em 1977, com a missão de atender à crescente demanda por derivados de petróleo no Brasil.

 

Desde sua inauguração, a unidade sempre se destacou por seu papel estratégico no setor petróleo, passando por diversas fases de expansão e modernização, com a adoção e desenvolvimento de novas tecnologias e processos para melhorar sua eficiência e aumentar a capacidade de produção.

 

Um exemplo do seu potencial tecnológico é o Diesel R, combustível desenvolvido na refinaria, fruto do resultado do processamento do petróleo junto com conteúdo renovável, como óleo vegetal ou gordura animal, proporcionando um diesel menos poluente, com alta qualidade e desempenho.

 

Atualmente, a Repar responde por cerca de 12% da produção nacional de derivados de petróleo. Seus produtos atendem principalmente os mercados do Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.

 

Luta, resistência e vitória

Nos últimos anos, a Repar enfrentou um dos maiores desafios de sua história. Durante os governos de Temer e Bolsonaro, houve uma forte movimentação para a privatização de diversas refinarias da Petrobrás, incluindo a Repar. Esse movimento gerou grande preocupação entre os trabalhadores e diversos setores da sociedade, que temiam a redução de investimentos e o enfraquecimento da soberania energética nacional.

 

Em resposta à ameaça, o Sindipetro PR e SC, a FUP e seus sindicatos, juntamente com movimentos sociais, organizaram uma série de manifestações e campanhas de conscientização para impedir a privatização. A luta incansável desses grupos ressaltou a importância da refinaria não apenas como um ativo econômico para o país, mas também como um pilar fundamental para o desenvolvimento regional, garantindo empregos e promovendo o bem-estar dos municípios.

 

A persistência dos trabalhadores foi recompensada recentemente. No dia 22 de maio, a Petrobrás anunciou oficialmente a desistência da privatização da Repar, juntamente com outras refinarias importantes: a Refap (Refinaria Alberto Pasqualini), no Rio Grande do Sul; a Regap (Refinaria Gabriel Passos), em Minas Gerais; a Rnest (Refinaria Abreu e Lima), em Pernambuco; e a Lubnor (Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste), no Ceará.

 

O anúncio veio após o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e a companhia chegarem a um consenso para um novo Termo de Compromisso de Cessação (TCC) do refino e do gás. Em 2019, dois TCCs haviam sido firmados pelo governo Bolsonaro, determinando a privatização de oito de suas 13 refinarias, além da venda de sua participação na transportadora de gás TBG.

 

O novo acordo representa uma vitória significativa para todos os envolvidos na defesa dessas unidades e reafirma o compromisso do atual governo em manter esses ativos sob controle estatal, priorizando a soberania energética e a importância social da companhia para toda a sociedade.

 

Infelizmente, mesmo após toda a luta, três unidades acabaram sendo negociadas na gestão anterior: a Rlam (Refinaria Landulpho Alves), na Bahia; a Reman (Refinaria Isaac Sabbá), no Amazonas, que atualmente se destacam por terem os combustíveis mais caros do país; e a SIX, no Paraná, que foi vendida a toque de caixa por um valor irrisório e sob diversas denúncias de irregularidades.

 

Neste aniversário de 47 anos, a Repar não apenas celebra sua longevidade e contribuições para a economia local e nacional, mas também a força e a determinação de seus trabalhadores. A refinaria segue como um pilar da indústria petrolífera nacional, que seguirá servindo ao desenvolvimento do Brasil.

 

Em meio às comemorações, a mensagem que ressoa é clara: a união e a resistência da categoria podem superar grandes desafios e assegurar um futuro próspero para todos.

 

Parabéns à Repar e aos seus trabalhadores, da ativa e aposentados, pelos 47 anos de história e resistência!

 

Por Juce Lopes