Obras haviam sido paralisadas pela operação Lava Jato, o que causou a demissão de milhares de trabalhadores e o esvaziamento econômico da região de Itaboraí. Com a retomada dos investimentos da Petrobrás, a primeira etapa do Complexo foi finalizada, possibilitando a entrada em operação da UPGN e do Rota 3, que vão reduzir a dependência do gás natural da Bolívia e gerar emprego e renda no Brasil
Dirigentes da FUP e de seus sindicatos participaram nesta sexta-feira, 13, da inauguração do Complexo de Energias Boaventura, nas instalações do antigo Comperj, localizado em Itaboraí, região metropolitana do Rio de Janeiro. As obras foram iniciadas em 2008, no segundo governo Lula, mas foram interrompidas em 2015, em função do desmonte feito pela operação Lava Jato. Com a retomada dos investimentos da Petrobrás, a primeira etapa do Complexo foi finalizada, possibilitando que a maior UPGN do Brasil esteja em procedimento de partida para entrar em operação na segunda quinzena de outubro. A unidade tem capacidade diária para processar até 21 milhões de metros cúbicos de gás natural do pré-sal.
Além da UPGN, fazem parte do Complexo o Rota 3, que fará o escoamento de até 18 milhões de m³/dia de gás natural, e também duas usinas termelétricas e unidades de refino para produzir combustíveis de última geração, cujos projetos ainda estão em andamento. Atualmente, mais de 600 trabalhadores e trabalhadoras próprios e contratados estão alocados no Complexo, em atividades de operação, manutenção e suporte operacional do gasoduto e das plantas de processamento de gás e de utilidades. Segundo a Petrobrás, as obras de implementação do projeto criaram cerca de 10 mil postos de trabalho.
A cerimônia de inauguração contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, da presidenta da Petrobrás, Magda Chambriard, além de diversos diretores e gestores da empresa. O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, falou em nome dos trabalhadores e chamou atenção para as lutas que precederam a inauguração do polo industrial de Itaboraí. “Foram 17 anos de luta para que nós tenhamos agora esse grande complexo sendo inaugurado pelo senhor, presidente Lula”, disse, lembrando que em dezembro de 2017, os dirigentes da FUP estiveram junto com ele em frente ao então Comperj, em um emblemático ato político pela retomada das obras que haviam sido paralisadas.
“Nós, presidente Lula, sabíamos da necessidade que o país tem de ampliar a sua produção de gás natural”, afirmou Bacelar, ao destacar a imensa capacidade do Complexo de produzir e escoar gás para diversas regiões do Brasil, “reduzindo a importação do gás que trazemos da Bolívia, o que é muito importante para o desenvolvimento social e também sustentável do nosso país”.
“O presidente Lula voltou e a Petrobrás também voltou a investir no Brasil e a investir nos seus trabalhadores e trabalhadoras, inclusive esses que estão aqui e que fizeram com que esses grandes equipamentos estejam hoje de pé, fazendo a operação do gás natural do pré-sal nesse volume todo”, enfatizou o coordenador da FUP. Ele encerrou sua fala, destacando a importância do fortalecimento da Petrobrás para que possa ser cada vez mais uma empresa integrada de energia, “fazendo a transição energética de forma justa e inclusiva, a partir dos recursos do gás e do petróleo brasileiro”.
Lula: “esse ato aqui hoje é uma reparação”
Vestido com o jaleco laranja dos petroleiros e petroleiras, o presidente Lula, mais uma vez, falou do seu orgulho de estar com a camisa da Petrobrás e afirmou que a inauguração do Complexo Boaventura, em Itaboraí, “é uma reparação ao que muita gente honesta e trabalhadora sofreu dentro da Petrobrás com as denúncias da Lava Jato”. Ele relembrou as arbitrariedades cometidas pela operação, cujo objetivo “não era prender corrupto, era desmoralizar a Petrobrás aos olhos da sociedade brasileira para depois vender a empresa”.
“Isso aqui era pra ser a grande indústria petroquímica brasileira. O meu sonho foi jogado no lixo”, lamentou Lula, se referindo à paralisação das obras do complexo e das novas refinarias que seriam construídas no Ceará e no Maranhão, além da conclusão da Abreu e Lima, em Pernambuco, cujas obras do Trem 2 foram retomadas recentemente. “A gente não queria ficar exportando petróleo cru, a gente queria exportar derivados de petróleo porque esse país não pode ser só um exportador de commodities”, afirmou o presidente.
Lula criticou as privatizações realizadas no Sistema Petrobrás: “Fatiaram a Petrobras para vender a BR. O que que melhorou para o consumidor brasileiro a venda da BR? Eles apenas se apoderaram de uma empresa que daria lucro para a Petrobrás para tirar um pedaço da Petrobrás”.
O presidente fez questão de ressaltar várias vezes em seu discurso o orgulho em estar vestindo o jaleco da Petrobrás e o significado disso para ele. “A Petrobrás está no meu sangue, ela está na minha formação política, ela está na compreensão e na imagem que eu tenho do Brasil. Não preciso ser engenheiro da Petrobrás, eu não preciso ser nenhum empregado da Petrobrás, eu só tenho que ser brasileiro. Eu só tenho que respeitar o direito soberano desse país de ser dono do seu nariz… sem precisar dizer amém a ninguém. É por isso que essa empresa está crescendo”, afirmou. “Eu quero transformar a Petrobrás na grande empresa de energia do planeta terra… Isso é um sonho? Eu gosto de sonhar e levantar de manhã e tentar cumprir os meus sonhos”.
Luta continua até a reconstrução de tudo o que foi desmontado
Vitória do povo brasileiro no fortalecimento da soberania nacional. Esse foi o sentimento presente em cada dirigente sindical petroleiro que compareceu ao Complexo da Petrobrás em Itaboraí nesta sexta-feira, 13. Uma delegação com dirigentes de vários estados marcou presença na inauguração, reforçando a importância desse dia, como mais um passo para o fortalecimento do Sistema Petrobrás e a reconstrução de uma empresa integrada. O momento é de comemoração, mas também de intensificação da luta para que a estatal volte a ter o controle sobre as refinarias que foram privatizadas e a investir em unidades que foram desmontadas, como é o caso da Lubnor, das usinas de biocombustíveis, das fábricas de fertilizantes, entre outros ativos que chegaram a ser colocados à venda.
“É muito importante a gente reconstruir a Petrobrás para reconstruir o Brasil, com um olhar no desenvolvimento local, regional e do entorno. É muito importante reativar e fortalecer essa unidade para a autonomia do Brasil no campo energético e de derivados, e também para o desenvolvimento regional”, afirmou a diretora da FUP, Cibele Vieira.
“A inauguração dessa unidade marca a retomada dos investimentos da Petrobrás não só no que diz respeito ao estado do Rio de Janeiro, mas também contribui para o desenvolvimento da nação como um todo”, destacou Paulo Neves, dirigente da FUP e do Sindipetro Amazonas, cuja refinaria da Petrobrás foi vendida ao apagar do governo Bolsonaro. Ele lembrou que há quase 10 anos, esteve presente no antigo Comperj, em um ato com a presença de Lula pela reativação das obras que haviam sido interrompidas pela Lava Jato. “O portão estava fechado, nós tivemos que ficar do lado de fora e foi triste ver essa unidade completamente esvaziada e sucateada. Portanto, é muito bonito ver todo esse povo reunido aqui, trabalhando para a reconstrução de um Brasil melhor”, afirmou.
Acompanhe a fala do presidente do Sindipetro PR e SC, Alexandro Guilherme Jorge, sobre o evento
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[Por Alessandra Murteira, da comunicação da FUP]