Após mais um acidente grave na última quarta-feira (27) dentro do Sistema Petrobrás, que resultou na morte de dois trabalhadores e deixou ao menos três feridos, o Sindipetro PR e SC atendeu à convocação da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) para mais uma mobilização nacional em defesa da vida.
O ato ocorreu na manhã desta sexta-feira (29), no Terminal da Transpetro de Itajaí (Tejaí), em Santa Catarina, e reuniu trabalhadores e representantes sindicais num protesto contra as condições inseguras de trabalho que seguem colocando vidas em risco.
Em fala aos trabalhadores, o diretor do Sindipetro PR e SC e secretário de Saúde, Segurança, Tecnologia e Meio Ambiente da FUP, João Felchak, destacou que as entidades sindicais continuam cobrando a gestão por melhores condições de trabalho, tanto para empregados próprios quanto terceirizados. “É profundamente triste saber que um trabalhador foi dispensado e, no dia seguinte, comete suicídio. Não queremos que isso aconteça com ninguém. Estamos aqui para lutar pela valorização da vida, para todos os trabalhadores, sem distinção de crachá ou uniforme”, ressaltou.
O diretor sindical Thiago Olivetti foi enfático ao abordar a situação atual: “Não dá para aceitar que a Petrobrás realize licitações baseadas no menor preço, permitindo que qualquer empresa que ofereça o menor valor vença, enquanto os trabalhadores que prestarão o serviço sequer conhecem seus direitos. Queremos cobrar da Petrobrás, através do Fórum de Prestadores de Serviço, que isso mude”, afirmou.
Para o diretor sindical, Jeancarlo Penha, a categoria está muito preocupada com a própria segurança e destacou a participação de diversos trabalhadores terceirizados no ato. “É a vida deles, principalmente, que está em jogo. Afinal, são os terceirizados que mais sofrem com a precarização dentro do Sistema Petrobrás, pois a maioria das vítimas são eles. O ato deu o recado, nós estamos mostrando para o trabalhador que o Sindicato está preocupado com a situação. As mortes vão se acumulando ao longo desse ano e não percebemos nenhuma atitude por parte da empresa. Os trabalhadores sabem que estão colocando a vida em risco num sistema no qual a empresa não se preocupa com a vida do trabalhador, só se preocupa em dar lucro, em dar dividendos aos acionistas”, lamentou.
Jeancarlo destacou ainda que, durante o ato, todas as falas tinham um único mote: a vida em primeiro lugar. “Acima de tudo está a vida; as demais pautas vêm depois. O principal ativo da empresa é o ser humano, não as máquinas. A Petrobrás não pode colocar o lucro acima de tudo”, reforçou.
O Sindiquímica-PR também se uniu às mobilizações e realizou, em frente à Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Araucária (Fafen-PR), um ato que mobilizou cerca de 350 trabalhadores.
De acordo com o diretor sindical, Paulo Antunes, a mobilização foi um momento de luta por segurança e de reflexão. “Dialogamos com a categoria para que tenhamos atenção redobrada nesse momento de partida da fábrica e de manutenção da planta. Trouxemos, infelizmente, os casos dessas mortes que vêm ocorrendo no Sistema Petrobrás e que afeta, principalmente, os trabalhadores contratados”, afirmou.
O coordenador do Sindiquímica-PR, Rodrigo Maia, também destacou aos trabalhadores a importância de redobrar os cuidados neste momento de retomada das atividades na fábrica. Ele alertou que, após o período de hibernação, muitos equipamentos ficaram parados e sofreram deterioração, o que aumenta os riscos de acidentes. Maia também enfatizou que é preciso cobrar a companhia pelos incidentes ocorridos. “É inadmissível que, entre outubro e novembro, dentro de instalações do Sistema Petrobrás, ocorram tantas mortes. Foram quatro mortes. A mobilização foi para falarmos da nossa segurança e cobrar da empresa, pois é dela a responsabilidade de manter a nossa integridade, a integridade dos equipamentos e a saúde mental dos trabalhadores”, afirmou.
A unidade dos trabalhadores nos atos mostrou, mais uma vez, que não há espaço para negociações com a empresa sem a garantia de que todos os trabalhadores e trabalhadoras, sejam próprios ou contratados, retornem para suas casas com segurança e suas vidas preservadas.
Basta de mortes
No momento em que as direções sindicais da FUP e FNP se preparavam para iniciar a reunião com a Petrobrás, na quarta-feira (27), sobre o Prêmio por Desempenho (PPD) e Programa de Prêmio por Performance (PPP), a imprensa divulgava mais um acidente grave no Terminal da Transpetro de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
Diante de mais essa tragédia, a Federações suspenderam as duas rodadas de negociação sobre remuneração variável que estavam agendadas para esta semana e convocaram mais uma mobilização nacional em defesa da vida em todo o Sistema Petrobrás para sexta-feira, dia 29 de novembro.
O Sindipetro PR e SC reafirma seu compromisso com a luta por condições dignas de trabalho, segurança e respeito à vida, exigindo que a Petrobrás garanta a integridade de todos os trabalhadores e trabalhadoras, independentemente do vínculo empregatício.
Confira como foram os atos
Por Juce Lopes