Audiência Pública

Procuradora do MPT detona jornadas de trabalho exaustivas: “violação de direitos humanos”

Procuradora Cirlene Zimmermman, em audiência na Câmara dos Deputados. Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados foi palco de uma denúncia estarrecedora no último dia 23 de setembro de 2025, durante a audiência pública sobre a situação dos trabalhadores e trabalhadoras do setor bancário, convocada pelo deputado Vicentinho (PT-SP) a pedido do movimento sindical.

A voz que ecoou e deixou a plateia em choque foi a da procuradora Cirlene Zimmermman, do Ministério Público do Trabalho (MPT), que escancarou o que chamou de “violação de direitos humanos e desumanização do trabalho”.

Zimmermman não poupou palavras ao narrar casos concretos que expõem a crueldade da lógica dos bancos. “Quando uma trabalhadora aborta no oitavo mês de gestação e é impedida de sair do banco porque não fechou o caixa, tendo que embrulhar o feto em um saco plástico e continuar mais três horas trabalhando, nós temos um cenário de tortura, eu repito aqui, de violação de um direito humano, de desumanização do trabalho. Isso, infelizmente, é o que nós constatamos nesse setor”, denunciou. (clique aqui e saiba mais!)

Jornadas que matam

A procuradora destacou ainda que as jornadas extenuantes são sentenças de morte. “As jornadas de trabalho exaustivas são perigosíssimas. A violação do direito à desconexão é perigosíssimo. E por que eu afirmo isso? Porque hoje nós temos 81% das mortes que ocorrem em razão do trabalho, decorrem de doenças do trabalho. E o principal causador dessas doenças do trabalho é a exposição a longas horas de trabalho”, apontou.

Além das jornadas, Zimmermman colocou ainda o assédio moral e sexual, a discriminação, o controle digital e o terror das metas como agentes de adoecimento que precisam ser enfrentados com urgência.

A audiência pública expôs sem filtros a ferida aberta do setor bancário, mas o alerta ecoa muito além dos bancos: a superexploração, a precarização e a violência no trabalho são uma realidade cada vez mais brutal em diversos setores da economia.