A Petrobrás, a Política e a Cidadania

Nossa categoria jamais esteve alheia ao projeto de governo e de sociedade em vigor. Independente da cor do crachá, ser petroleiro é ser um defensor de um projeto de nação! É uma responsabilidade que sustenta o desenvolvimento da ciência e tecnologia, da distribuição de renda, da geração de empregos e riqueza, da autossuficiência energética e da soberania nacional. É defender o Brasil!

 

 

A categoria petroleira atravessa um momento particularmente difícil e decisivo em sua história, e sua sobrevivência – tal como ocorreu no passado – sempre dependeu da leitura e compreensão da dimensão política em que o Brasil se encontrava, para além de sua capacidade técnica. Se somos capazes de realizar tal análise e decidir nossos rumos, por que muitos não querem falar sobre política?

 

A Petrobras dos anos 60 – uma empresa guardiã da soberania e das reservas energéticas brasileiras pujantes – que, com pessoal capacitado, desenvolveu tecnologias pioneiras na exploração de petróleo no mar, foi sendo – a partir de meados dos anos 90 por um projeto de governo privatista e pela mídia geral – rotulada como ineficiente, um “fardo” a ser carregado pelo Brasil. Um cabide de empregos a abrigar gerações de funcionários públicos tidos como verdadeiros “marajás”, tal como a classe política em Brasília. A partir das eleições de 2003 (com a retomada do espírito da campanha “O Petróleo é Nosso” do final da década de 1940) até 2010 com a obtenção da autossuficiência na produção de petróleo, foram gigantescos os esforços da categoria em conscientizar a sociedade para esta injusta e distorcida visão que estava a rotular a nossa empresa e sua força de trabalho. Esses esforços foram coroados com a descoberta do pré-sal e a volta do sentimento de empresa orgulho nacional. Para se ter uma ideia, a participação do segmento de petróleo e gás natural no PIB (Produto Interno Bruto, que mede a soma de riquezas produzidas no país) do Brasil aumentou de 3% em 2000 para 12% em 2010, chegando a 13% em 20141. Veio então o “espetáculo” da Operação Lava-Jato, novamente reduzindo a categoria Petroleira a “privilegiados corruptos” a inchar a máquina pública, assim como os políticos.

 

E quem são os políticos de hoje? É só reparar no sobrenome deles. São os filhos, sobrinhos, netos e bisnetos dos políticos do passado!

 

Quando proclamaram a República em 1889, o bisavô do ex-presidente FHC, escreveu para seu filho Joaquim Inácio Cardoso: “Vocês fizeram a República que não serviu para nada. Aqui agora, como antes, continuam mandando os Caiado”2.

 

Ou seja, tanto a família de Fernando Henrique Cardoso como do atual senador de Goiás, Ronaldo Caiado, já participavam da vida política – desenhando planos de governo – desde o século XIX, há mais de 120 anos! Podemos perceber este movimento em todos os estados brasileiros e em todas as esferas públicas.

 

Mas por que a nós, trabalhadores comuns, a política não interessa?

O discurso patronal é o de que o papel do trabalhador na política termina no piquete da porta da fábrica, ou seja, trabalhadores organizados em sindicatos ocupam-se unicamente com negociações salariais e condições de trabalho, deixando a política partidária para os patrões e suas federações. Quem gosta de política nessa história oculta o fato de que numa sociedade classista, as leis – para beneficiar ou prejudicar aqueles que vivem do trabalho – têm origem nas vontades do grupo social que detém a maioria no Congresso Nacional3.

 

Então como nós nos posicionamos diante desse fato?

Analisando o conceito de cidadania percebemos que ser cidadão é ter consciência de que somos sujeitos possuidor de direitos. Mais do que isso: É ser também consciente de seus deveres, de suas responsabilidades perante a sociedade, a nação, o meio ambiente e o Estado. É estar preocupado em dar sua contribuição para que haja o bem comum. Desta forma, cidadania é uma luta constante para melhorar a qualidade de vida, não só individual, mas coletiva.

 

Agora podemos responder aquela primeira pergunta: Será o caminho correto nós, petroleiros e petroleiras, não nos envolvermos com a política?

O petroleiro não é um alienado político e nem deve ser. Ele usa o seu conhecimento e a sua capacidade de organização para participar ativamente das questões políticas que envolvem nossa empresa. Nossa categoria jamais esteve alheia ao projeto de governo e de sociedade em vigor. Independente da cor do crachá, ser petroleiro é ser um defensor de um projeto de nação! É uma responsabilidade que sustenta o desenvolvimento da ciência e tecnologia, da distribuição de renda, da geração de empregos e riqueza, da autossuficiência energética e da soberania nacional. É defender o Brasil!

 

Portanto, cabe a cada um de nós participarmos das decisões eleitorais desse ano, apoiando candidatos que apresentem projetos políticos que defendam a Petrobrás como empresa integrada e indutora da economia nacional, que defendam o Brasil como país soberano e que defendam a democracia como exercício pleno da cidadania.

 

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REFERÊNCIAS

  1. http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/participacao-do-setor-de-petroleo-e-gas-chega-a-13-do-pib-brasileiro.htm; acesso em 23/02/2018
  2. DE OLIVEIRA, Ricardo Costa. Famílias Políticas, Desigualdade e Estratificação Social no Brasil Contemporâneo, UFPR, 2015.
  3. http://acslogos.dominiotemporario.com/doc/O_SINDICATO_E_O_PARTIDO.pdf; acesso em 22/03/2018