Trabalhos de recuperação da U2100 foram interditados por falta de laudos técnicos que comprovem a segurança das estruturas de concreto e metal
O acidente na Unidade de Destilação Atmosférica (U2100) da Repar, ocorrido na noite da última quinta-feira (28), que causou explosões, incêndio, muitos danos e comprometeu a produção da refinaria, mas felizmente sem vítimas, ainda não testou o limite da audácia dos gestores.
No anseio de retomar a produção no “menor prazo possível”, como afirmou em nota enviada aos trabalhadores, a direção da Repar expôs centenas de vidas ao risco ao liberar o trabalho de recuperação da U2100 sem um laudo técnico que comprovasse a segurança das estruturas de concreto e metal, que suportam dezenas de toneladas de equipamentos e ficaram expostas por quase duas horas a temperaturas de até 1600ºC.
Durante reunião realizada na manhã de ontem (03), os representantes do Sindipetro Paraná e Santa Catarina ouviram dos próprios gestores da Repar que não havia um laudo que atestasse a segurança das edificações atingidas pelo incêndio.
O Sindicato comunicou o risco à Superintendência Regional do Trabalho (SRT/MTE), interditou os serviços de recuperação da Unidade de Destilação a Vácuo, após ouvir da empresa de engenharia Long, contratada para avaliar as estruturas, que havia risco grave e iminente de desabamento. Em inspeção na área, os sindicalistas constataram que cerca de trezentos operários trabalhavam na U2100.
As imagens da Unidade mostram que os estragos causados pelo fogo foram de grandes proporções. Estruturas metálicas foram entortadas e as de concreto aparentam estarem danificadas pelo calor excessivo ao qual foram expostas. “A atitude irresponsável dos gestores poderia ter causado uma tragédia ainda maior”, afirmou Silvaney Bernardi, presidente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina.