Amadeu, um líder conciliador

Ex-presidente do Sindipetro PR e SC, Amadeu Fernandes Filho cravou seu nome na história da categoria petroleira.

 

 

A categoria petroleira do Paraná e Santa Catarina perdeu uma de suas lideranças mais importantes. Na última quarta-feira (23) faleceu Amadeu Fernandes Filho, aos 75 anos, por agravamento da Covid-19.

 

Foi o primeiro presidente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina no período pós-intervenção militar por duas gestões 1984/1987 e 1987/1990. Estava no primeiro ano do seu terceiro mandato quando resolveu se aposentar. Na virada dos anos 1980 para os 90, esteve à frente do Comando Nacional dos Petroleiros, organização que antecedeu a criação da FUP.

 

Amadeu também foi um dos primeiros conselheiros eleitos da Petros, quando ocupou a vaga dos trabalhadores no antigo Conselho Curador, atual Conselho Deliberativo da entidade. Sempre atuante e combativo, o petroleiro dedicou a juventude à organização da categoria, fazendo história no novo sindicalismo brasileiro, que emergiu das lutas pela redemocratização do país e culminou com a criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 1983.

 

Entre tantas lideranças importantes dos petroleiros e petroleiras da Oposição Cutista de 1983 do Sindipetro Paraná, tais como Gaspar (in memoriam), Cequinel, Stica, Enio, Bira e Ronaldo, Amadeu foi escolhido para ser o presidente daquela Direção Sindical. O caráter conciliador e propositivo o levou ao cargo, ainda que a coletividade fosse a principal característica daquele grupo.   

 

“O Amadeu era um tipo de liderança diferente. Tinha uma capacidade notável de aparar arestas, de conversar, de conciliar. Se num debate acalorado tivessem quatro ou cinco propostas conflitantes, ele surgia com uma sexta que resolvia a questão. Sempre exerceu o papel de amarrar as coisas. Era muito calmo, tranquilo, conseguia segurar a barra e esfriar os ânimos. Não foi presidente por acaso, sempre soubemos que ele era a pessoa certa. Cuidou muito bem da administração do Sindicato, das finanças e das questões legais. Um companheiro que tem um papel importantíssimo na nossa trajetória do Sindipetro. Um grande sujeito”, lembrou o petroleiro aposentado Paulo Roberto Cequinel, companheiro de direção de Amadeu.

 

“Ele sempre foi o ponto de equilíbrio do conjunto da Diretoria. Ponderado, ouvias as partes, as opiniões divergentes e não tinha problema em mudar de opinião. Era um sujeito conciliador, buscava a união do grupo e fazia as coisas acontecerem. Estava sempre de bom humor. Além de parceiro de militância política, era um companheiro de futebol, de boteco e de pescaria. Tinha facilidade de interação com as pessoas. Por todas essas características, foi um dos mais importantes, senão o mais importante, daquele grupo que dirigiu o Sindipetro nos anos 80”, contou Enio dos Reis, outro petroleiro aposentado e colega de direção do Amadeu.

 

Enio recordou de um episódio divertido. “Era uma reunião de Diretoria e debatíamos que teríamos que tomar alguma ação em um processo de negociação. E o Amadeu disse que nós precisávamos ‘ter uma carta na manga do colete’. Alguém achou estranho e disse ‘ué?! Mas colete não tem manga’. Todos rimos muito. De memória, o que fica é esse lado extrovertido dele, essa lembrança de bons momentos que a gente conviveu. Era um cara divertido, alegre, sempre brincando e dando risada. Uma perda muito grande”.

 

Amadeu era admirado por toda a categoria petroleira e reconhecido pelos seus tantos anos de luta por justiça social. Deixou a esposa, Melania, quatro filhos e oito netos. Vá em paz, guerreiro!