As relações pessoais de Pedro Parente com FHC e o mercado financeiro

Quando assumiu a Presidência da Petrobrás, a primeira declaração de Pedro Parente ao mercado foi de que não haveria indicações políticas na empresa. A mídia inteira festejou sua nomeação, tratando-o como um gestor da área técnica, a despeito de sua indicação ter sido feita pelo PSDB, mais precisamente, por interferência de Fernando Henrique Cardoso, com quem tem relações de longa data.

 

Como se sabe, Pedro Parente participou ativamente do governo tucano nos dois mandatos de FHC, nos anos 90, onde foi secretário executivo no Ministério da Fazenda, titular em quatro outros ministérios – Orçamento e Gestão, Casa Civil, Planejamento e Minas e Energia -, além de ter coordenado a Câmara de Gestão de Energia Elétrica, quando ficou conhecido como o “ministro do apagão”. Também ocupou por quatro anos o Conselho de Administração da Petrobrás, chegando a presidi-lo, em 2002.

 

O que nem todo mundo sabe é que a relação entre Parente e FHC vai além da política, pois são também sócios em uma das empresas de investimento que pertencem ao atual presidente da Petrobrás: a Sarlat Empreendimentos e Participações Ltda, criada em 2013, com foco no mercado imobiliário e capital social de R$ 1,94 milhão. Seu escritório está localizado no bairro de Itaim Bibi, em São Paulo, no mesmo endereço da Prada Assessoria, grupo de gestão financeira e consultoria empresarial onde Pedro Parente é sócio fundador e cuja especialidade é maximizar fortunas de milionários brasileiros.

 

A relação íntima do presidente da Petrobrás com o ex-presidente da República evidencia os aspectos político e ideológico de sua nomeação. O projeto de gestão que vem implementando na estatal é o mesmo que o PSDB conduziu no passado. A diferença é que hoje a Petrobrás tem muito mais ativos para entregar ao mercado e beneficiar os amigos do rei. O legado das privatizações tucanas, aliás, é atender aos interesses particulares de amigos, parentes e apadrinhados políticos.

 

Nas delações premiadas feitas por ex-diretores da Petrobrás durante as investigações da Lava Jato, foram revelados vários esquemas de corrupção período FHC, inclusive o recebimento de propinas para beneficiar o filho do ex-presidente em contratos com as termelétricas, quando Pedro Parente estava no Conselho de Administração da empresa e à frente do ministério do apagão.

 

Tratado como exemplo de gestor pela mídia, o executivo carrega em seu currículo processos por improbidade administrativa e gestão temerária, por beneficiar os amigos de FHC com recursos e bens públicos. Pedro Parente responde a ações nas 20° e 21° Varas Federais de Brasília por ter causado em 1994 um rombo de R$ 2,9 bilhões ao Estado, quando autorizou o Banco Central a socorrer financeiramente os bancos Econômico e Bamerindus, que estavam em processo de falência.

 

Mais tarde, ele tornou a ter o seu nome envolvido em mais um episódio de favorecimento aos banqueiros amigos de FHC. Foi durante a privatização do Sistema Telebrás, em 1998, quando autorizou o Banco do Brasil a emitir sem garantias cartas de fiança para o consórcio em que o Grupo Opportunity disputava o leilão da Tele Norte Leste. No ano seguinte, a imprensa teve acesso a gravações telefônicas do presidente da República, que foram interceptadas e cujos diálogos revelaram esquemas para favorecimento do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity. O fato ficou conhecido na época como o “escândalo do grampo do BNDES”. Pedro Parente era secretário executivo do Ministério da Fazenda e presidente do Conselho de Administração do Banco do Brasil.

 

Não é à toa que o presidente da Petrobrás é considerado pelo mercado o homem certo para conduzir os negócios da empresa. Ele mesmo já disse ao que veio, quando defendeu recentemente a venda de ativos para investidores estrangeiros que participavam da Rio Oil & Gas: “Aproveitem essa oportunidade, porque não vai existir no mundo outra tão boa quanto essa no setor de óleo e gás”. Nunca foi tão necessário defendermos a Petrobrás de sua diretoria.

 

FUP