A sede estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) recebeu no último dia 20 o Ato Unitário Sindical que lembrou os 50 anos do golpe militar contra o governo do presidente João Goulart e instaurou o regime ditatorial no Brasil (1º de abril de 1964 até 15 de março de 1985).
O evento foi um resgate histórico do período mais trágico da história recente do Brasil, quando trabalhadores foram perseguidos, presos, torturados e mortos pelo Estado brasileiro sob a gestão dos militares.
O ato contou com depoimentos de trabalhadores que sofreram com a repressão do regime, como o petroleiro aposentado José Romeu Nadolny, o ex-dirigente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Cláudio Ribeiro, o jornalista e ex-dirigente sindical Milton Ivan Heller e a ex-deputada federal Drª Clair da Flora Martins.
O advogado e vice-presidente da Comissão da Verdade, Daniel Godoy, abriu a atividade ressaltando a importância da reflexão sobre o tema. “É um resgate histórico, no sentido de que a história está sendo rescrita a partir das investigações realizadas pelas comissões da verdade, a nacional, as estaduais, da OAB e de várias instituições. Estão dando voz aos vitimizados pelo regime civil militar, pessoas que antes não tinham esta oportunidade. Buscamos com este ato construir uma cultura e uma continuidade de luta de resistência para que isso não mais se repita”, explicou.
Segundo Márcio Kieller, vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT-PR) e membro da Comissão Estadual da Verdade, o ato também reforçou a unidade sindical, uma vez que contou com a presença de diversas centrais. Ele recordou que este processo está acontecendo em todo o Brasil e afirmou que o evento deu início a um calendário de “descomemoração” dos 50 anos do golpe. “Esse resgate é fundamental para nós. Os trabalhadores foram os mais atingidos. Muitos tiveram que abandonar seus empregos, seus lares, suas famílias. Os dirigentes sindicais sofreram muitas atrocidades, de ordem física, moral e psicológica”, afirmou.
A atividade foi organizada pelas centrais sindicais CUT, CTB, CSB, Força Sindical, Intersindical, NCST e UGT, com o apoio da OAB Paraná.