Balanço das negociações de pauta local da Repar no 1º Trimestre

Mesmo com as dificuldades impostas pela gestão local, o Sindipetro segue na luta para superar os conflitos e melhorar as condições de trabalho.

 

A organização sindical da categoria petroleira conquistou há vários anos a implantação em Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da cláusula que garante a realização de reuniões periódicas entre representantes dos sindicatos e dos gestores das unidades para debater a pauta local de reivindicações (cláusula 92ª no ACT 2017/2019).

 

O Sindipetro Paraná e Santa Catarina exerce esse direito e constantemente discute as pautas levantadas nos bate-papos sindicais e visitas às bases com os gestores locais. Com relação à Repar, o que já foi um importante instrumento de solução dos conflitos internos, nos últimos tempos se tornou em uma mera sessão ordinária protelatória. Os problemas apresentados pelos dirigentes sindicais são tratados de forma paliativa, sem uma solução eficaz, ou são empurrados com a barriga pela chefia local. A justificativa dos gestores é sempre de que não têm autonomia para resolver.

 

O problema se repete em outras unidades e comissões. Tanto que na última reunião da Comissão Nacional de SMS, foi abordado que as pautas locais não estão resolvendo uma série de problemas que poderiam sim ter uma solução em âmbito local. O RH da Sede se comprometeu a rever as orientações aos gestores regionais.

 

Mesmo com todas as dificuldades, o Sindicato segue na luta para superar os conflitos e melhorar as condições de trabalho nas unidades. Os tópicos abaixo resumem os assuntos tratados nas reuniões de pauta local com a Repar no 1º trimestre de 2018. Acompanhe:

 

Curso Virtual de NR-20

Após discussões com a Repar e o insucesso nas negociações, o Sindicato orienta que ninguém faça os cursos virtuais no seu posto de trabalho, mas sim em ambiente exclusivo. Será encaminhada denúncia de descumprimento da norma, conforme o Anexo III da NR-20.

 

Alimentação e Transporte

As questões relacionadas a alimentação e transporte forma discutidas em 2 reuniões nesse primeiro trimestre. A insatisfação dos trabalhadores da refinaria com os dois serviços prestados é quase uma unanimidade. Ambos os contratos são padronizados pelo NEC-Núcleo de Excelência em Contratos, ou seja, não há muito espaço de autonomia local para atuar em exigências diferentes das que devem ser aplicadas no Sistema Petrobras. É a política da atual Diretoria de Governança da empresa.

 

Os representantes dos trabalhadores demonstraram preocupação quanto à precarização geral dos contratos e, como consequência, na redução na qualidade dos serviços. Há uma relação direta com a redução de custos, diminuição nos salários dos terceirizados, padronização dos contratos, novas regras de licitações para estatais (Lei nº 13.303/2016) e o alto índice de desemprego atual. O sindicato continuará acompanhando os serviços prestados e trará mais informações aos trabalhadores ao longo do ano.

 

 

Tratamento de ponto

O tratamento de frequências relativas à participação dos trabalhadores nos movimentos sindicais e os respectivos impactos nas férias foi um tema em pauta desde as mobilizações efetivo em 2017. As discussões foram finalizadas em janeiro deste ano após o RH afirmar que se trata de diretriz da Sede tratar as horas de movimentos sindicais dessa forma. Após esgotar as tentativas de negociação com os gestores da Repar, o Sindipetro PR e SC ingressou  com ação jurídica que teve primeira audiência no dia 15/03/18, na qual a empresa não apresentou espaço para acordo. Nova audiência foi marcada apenas para o dia 31/01/19. Número da ação: RT: 0001489-83.2017.5.09.0654

 

 

Exames Médicos Ocupacionais

Desde janeiro deste ano o Sindipetro busca solucionar, junto à gestão da REPAR, os problemas dos exames periódicos de audiometria, de cardiologia e de oftalmologia. Já foram realizadas três reuniões, com poucos avanços: 17 técnicos da Utilidades serão convocados para exames de audiometria e os exames de cardiologia e oftalmologia (realizados fora da Repar) devem ser realizados durante horário de trabalho.

 

A última reunião, realizada em 17 de março, selou o fracasso nas negociações. A postura do médico coordenador de PCMSO é de não realizar os exames de audiometria devido os resultados de alguns monitoramentos ambientais estarem abaixo de 80db, além do resultado histórico do Programa e Conservação Auditiva não apresentar perdas auditivas ocupacionais.

 

O Sindicato vai seguir na luta pelo restabelecimento dos exames de audiometria para todos os trabalhadores e trabalhadores da refinaria que estão expostos ao ruído. Todos aqueles que desejam realizar esse exame, mas que estão recebendo resposta negativa da empresa, devem encaminhar e-mail de solicitação do exame para os gestores, com cópia para denuncia@sindipetroprsc.org.br

 

 

Contrato de Terceirização no Coque

Após relatos dos técnicos de operação desse setor, o Sindicato cobrou formalmente a Repar sobre a suposta terceirização do posto de trabalho da área dos reatores. Até o momento os gestores não se pronunciaram sobre o assunto. O Sindipetro continua cobrando a resposta da empresa e alertando que, caso essa informação se confirme, a resistência será grande. Terceirização da atividade-fim não será tolerada pela categoria!

 

 

Parada de Manutenção

Foram realizadas várias reuniões sobre tratamentos de frequências e jornadas de trabalho, acidentes e incidentes, e andamento das atividades. Está pendente última reunião sobre o tema após a conclusão da parada. Qualquer assunto relacionado pode ser encaminhado ao email denuncia@sindipetroprsc.org.br para o Sindicato cobrar da empresa.

 

A seguir, listamos as matérias publicadas nos nossos meios de comunicação sobre a parada de manutenção na refinaria e os acidentes registrados:

 

Novas unidades em manutenção – As unidades da Repar que passaram a operar após a ampliação do parque industrial, entre 2008 e 2011, entraram na sua primeira grande parada de manutenção no início de janeiro. O procedimento envolveu cerca de 2,7 mil trabalhadores e encerrou em março. Estiveram em manutenção as unidades de Hidrotratamento e Reforma Catalítica (HRC), o COQUE e a Destilação e Hidrotratamento (DH). Por ser um processo complexo, que dispende bastante dedicação dos trabalhadores próprios e envolve muitos terceirizados, o Sindipetro Paraná e Santa Catarina acompanhou de perto as obras e cobrou da empresa todas as demandas relativas às condições de trabalho que chegaram à entidade.

 

Acidente com guindaste – Um guindaste que atuava nas áreas auxiliares da unidade do Coque não suportou o peso do feixe de permutador e cedeu. Por conta disso, todas as atividades da parada de manutenção foram suspensas e a gestão resolveu fazer DDS.

 

Esmagamento de dedo – Um caldeireiro da empresa Elos fazia sozinho o aperto de parafusos com um equipamento de torque quando teve o dedo prensado. A referida operação exige dois trabalhadores.

 

Problemas em série no Coque – A parada de manutenção da Unidade de Coque foi marcada por uma série de eventos que expuseram as falhas de planejamento e execução. Alguns desses episódios eram previsíveis diante de alterações de escopo, bastante enxuto e visando principalmente o atendimento de prazos de normas regulamentadoras, sem a preocupação maior em realmente sanar as pendências que vieram se acumulando ao longo dos anos de operação da unidade, desde sua partida, em 2012. Outro fator que já deixava claro que a parada não atenderia às demandas de manutenção foi o planejamento da mesma. Faltaram pessoas experientes para planejar e coordenar as diversas frentes de trabalho. Foram contratadas empresas e mão de obra inexperientes, com número insuficiente de profissionais próprios da Petrobrás para as diversas especialidades, dentre outros fatores. Com o decorrer das etapas de parada, liberação, condicionamento e partida foram-se evidenciando essas falhas, numa sucessão de erros e desencontros de informações, as quais induziam à dúvidas, retrabalhos, insegurança e perda de tempo.

 

Demais Assuntos Tratados com a Repar

Queda da peça de contrapeso no DCCF: participação do sindicato nas análises das causas do acidente.

 

GMs de todos trabalhadores impactados pelo estudo de efetivo da refinaria: o Sindicato solicitou a entrega desses documentos para verificar se a Repar segue os próprios padrões internos de gestão de mudanças. Ficou claro que a refinaria não fez o dever de casa, pois esses documentos não foram entregues ao Sindipetro. Isso demonstra que esse estudo foi implantado apenas para dar uma pseudo-fundamentação teórica ao corte dos efetivos, mas que até hoje os gestores não sabem explicar como foi realizado. Será que algum gerente consegue explicar de onde surgiram os números atuais de efetivo nos turnos? Qual foi o impacto desse estudo na EOR? Qual foi o impacto nos GHEs? Onde estão os OPMAN? Qual o tempo médio para realizar leitura de um padrão no SINPEP? Em quais turnos devem ser realizadas essa atividade?

 

São perguntas que todos aqueles que defendem o O&M teoricamente deveriam saber responder, mas infelizmente não é a verdade. O Sindipetro segue acompanhando o andamento das ações jurídicas para tratar sobre a recomposição do efetivo no Ministério Público do Trabalho do Paraná e no Tribunal de Justiça.