Black Friday na Petrobrás: gestores depreciam ativos pra vender barato

Pela terceira vez consecutiva, a direção da Petrobrás reduziu os valores de diversos ativos, os chamados “Impairments”, impactando negativamente o balanço da companhia, que registrou prejuízos de R$ 16,5 bilhões no terceiro trimestre, contrariando todas as estimativas do mercado. Uma vergonhosa manobra contábil que tem por objetivo jogar pra baixo os preços dos ativos para acelerar a privatização da empresa.

 

Mesmo no atual cenário de crise internacional, nenhuma outra petrolífera no mundo fez ajustes dessa natureza, de forma recorrente como fez a Petrobras, com base em premissas tão voláteis, como preço do barril do petróleo, variação cambial e taxas de juros. Para se ter uma ideia, os seguidos impairments feitos pela empresa já reduziram em R$ 112,3 bilhões o preço dos ativos nos últimos três anos. Isso significou uma perda de 60% em seu valor de mercado.

 

Do ponto de vista contábil, não faz sentido algum a companhia reavaliar ativos, se já fez isso esse ano, em 2015 e em 2014. Mas, se olharmos de forma detalhada o balanço, verificaremos que os principais ativos depreciados são justamente os que estão na linha de corte para serem privatizados: campos de produção, termelétricas, Complexo Petroquímico de Suape, Araucária Fertilizantes, Usina de Biodiesel de Quixadá, Comperj, entre outros, que custarão R$ 15,7 bilhões a menos.

 

 

 

O Complexo Petroquímico de Suape, por exemplo, que em 2015 valia R$ 4,5 bilhões, agora, com as baixas contábeis feitas pela Petrobrás, está avaliado em apenas R$ 1,6 bilhão. Estamos falando de uma economia de R$ 2,9 bilhões para os interessados em adquirir um ativo estratégico, que um ano atrás valia 64% a mais.

 

Não foi à toa, que Pedro Parente alertou os investidores estrangeiros para que aproveitassem a liquidação promovida por ele. “Aproveitem essa oportunidade, porque não vai existir no mundo outra tão boa quanto essa no setor de óleo e gás”, declarou recentemente na palestra de encerramento da Rio Oil & Gas.

 

O desmonte que o governo Temer vem fazendo no Sistema Petrobrás está explícito em diversos outros pontos do balanço da empresa. Os investimentos, por exemplo, despencaram 31% nos últimos nove meses, comprometendo o PIB do país e contribuindo para o desemprego em massa que afeta os brasileiros. A começar pela própria companhia, que, só neste último trimestre, fechou 5.461 postos de trabalho diretos. Isso quer dizer que, a cada dia, 60 petroleiros deixaram a empresa, entre julho e setembro.

 

Apesar de todos esses ataques, os principais indicadores operacionais da Petrobrás não foram afetados.  A empresa continua batendo recordes e mais recordes de produção, que teve um aumento de 2,3% no terceiro trimestre, atingindo 2,87 milhões de barris de petróleo. Além disso, o custo de extração por barril caiu de 12 dólares para 10,40 dólares, sendo que no Pré-Sal já está abaixo de oito dólares, o que acentua ainda mais o crime que foi abrir para as multinacionais a operação destas reservas.

 

Se não forem contidos, Pedro Parente e Michel Temer continuarão agindo para enfraquecer a Petrobrás, em um caminho sem volta para a privatização. A cada dia, a petrolífera se distancia mais do papel de empresa pública e de principal indutora do desenvolvimento nacional.

 

Corremos até mesmo o risco da companhia ter o seu controle estatal diluído entre os acionistas privados. Isso porque, segundo a Lei das S.A., se não houver distribuição de dividendos durante três exercícios consecutivos, a União teria que converter parte de suas ações preferenciais em ordinárias, o que significaria a perda do controle de voto. Ou seja, os rumos da Petrobrás estariam de vez nas mãos do mercado.

 

É tudo o que Pedro Parente gostaria. Já passou da hora do petroleiro acordar pra luta.

 

Fonte: FUP