A audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (10), na Câmara Municipal de Curitiba, lançou a Frente Parlamentar em Defesa da Petrobrás. A carta que propõe a composição obteve a adesão de cinco vereadores. Além da proponente (Professora Josete – PT), o documento foi assinado por Pedro Paulo e Jonny Stica, ambos do PT, Paulo Salamuni (PV) e Helio Wirbiski (PPS). O protocolo deve acontecer na próxima semana, pois depende de no mínimo nove assinaturas, conforme regulamento da Casa. De acordo com a Professora Josete, outros seis parlamentares já se comprometerem a aderir à carta.
O presidente da Câmara, Ailton Araújo (PSC), abriu a audiência. “Dependemos do petróleo até para a energia elétrica. A Petrobras não pode ser de grupos, tem que ser do povo. Quem tem o controle do petróleo tem a soberania. Por isso esse evento é em defesa da soberania nacional”, afirmou.
Na sequência, a Professora Josete disse que a ampliação da Frente Parlamentar depende de mobilização e debate. “A Petrobrás é de valor inestimável e um patrimônio do povo brasileiro”. Paulo Salamuni, por sua vez, fez duras críticas ao modo como o país trata do combate à corrupção. “No Brasil temos um problema que se você tem um vírus, corta-se a cabeça. Levaram tudo do Banestado, roubaram até o jarro, e depois foram lá e venderam o banco. Se temos problemas na Petrobrás, vamos atrás para resolvê-los, não vamos cortar a cabeça para curar esse vírus”, argumentou. “Corrupção é um mal endêmico e temos que combatê-lo. Esta casa tem o dever de defender o patrimônio do povo”, completou.
Presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge), Carlos Roberto Bittencourt afirmou que defender a Petrobrás é uma luta contínua. “A corrupção deve ser apurada e todos os culpados devem ser punidos, mas não é por isso que temos que entregar a estatal para o capital estrangeiro”.
O deputado estadual Tadeu Veneri, responsável por criar a Frente Parlamentar em Defesa da Petrobrás na Assembleia Legislativa do Paraná, disse que a Petrobrás e o pré-sal são importantes para construir o país que queremos e para as gerações futuras.
Segundo o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão, a defesa da Petrobrás, do pré-sal e do fundo soberano são fundamentais para a educação brasileira, que precisa dar um salto de qualidade a passos largos nos próximos anos. “Sem financiamento e recursos adequados, não tem como oferecer uma educação de qualidade. A Petrobrás e o pré-sal são imprenscindíveis para cumprir com a meta do Plano Nacional de Educação de aplicar 10% do PIB até 2023”.
Para Mário Alberto Dal Zot, presidente do Sindipetro PR e SC, os petroleiros são os primeiros impactados pelas ofensivas que tentam destruir a empresa para colocar as riquezas nacionais nas mãos do capital internacional, mas a sociedade toda sofre. “Os desinvestimentos previstos no novo Plano de Negócios e Gestão da Petrobrás geram reflexos na economia do país, pois a Petrobrás sozinha responde por 13% do PIB”. Sobre os projetos de lei que tentam diminuir as operações da Petrobrás no pré-sal, Mário os classificou como “oportunistas”. “A Petrobrás desenvolveu tecnologia e contraiu dívidas para viabilizar a exploração do pré-sal e agora oportunistas, como o senador José Serra (PSDB), querem tirar o direito da empresa ser a operadora exclusiva”.
Com relação a Operação Lava Jato, Mário lembrou que “o combate a corrupção sempre foi uma pauta dos trabalhadores. Queremos que tudo seja investigado e os culpados sejam punidos e devolvam os recursos desviados. Porém, tenho convicção de que há por trás disso tudo o interesse nas riquezas do pré-sal que o Brasil descobriu, que representam mais de US$ 9 trilhões. Foi a maior descoberta de petróleo dos últimos vinte anos no mundo”, destacou.
O coordenador geral do Sindiquímica-PR, Gerson Castellano, apontou que 40% dos últimos conflitos mundiais se deram por conta do petróleo. “Países são invadidos e governos, depostos. Aqui no Brasil temos uma oposição que faz o trabalho de tentar entregar nosso petróleo”. Para ele, o país não deve focar apenas na extração. “Temos que transformar o petróleo em diversos produtos para agregar valor. É o nosso passaporte para o futuro e os recursos devem ser investidos principalmente em saúde e educação”.
A audiência pública contou com a participação de movimentos sociais e estudantis, além de representantes de outros sindicatos e da Central Única dos Trabalhadores.