À primeira vista, a UO, criada há cerca de dois anos, mais se assemelha ao antigo Ativo de Produção: um escritório menor dentro da empresa.
Um ano após a publicação de Revista Especial do Sindipetro PR/SC que resgatou o histórico de lutas da UO-SUL e apontou os desafios futuros, nota-se que há muito pouco o que comemorar. À primeira vista, a UO, criada há cerca de dois anos, mais se assemelha ao antigo Ativo de Produção: um escritório menor dentro da empresa.
Seguindo a lógica de um capitalismo que coloca o lucro na frente de qualquer compromisso social ou ambiental, a UO-SUL funciona com um número extremamente reduzido de funcionários. Os poucos trabalhadores, acreditando que estão alavancando o sucesso da Unidade, continuam esperando passivamente que as promessas de crescimento sejam cumpridas. Seguindo a lógica do capital, enquanto este reduzido efetivo de pessoal estiver dando conta do recado, nada mudará.
E a esperança de crescimento sustentável? Observa-se, com o passar do tempo, aos poucos se migrar para outras áreas em função da ganância da Companhia, que só tem olhos para áreas de maior retorno financeiro, o chamado pré-sal. Com isso os limitados recursos da UO-SUL são drenados aos poucos para outras áreas, enquanto uma infraestrutura básica é negada para a região que envolve os estados do Paraná e Santa Catarina.
A falta de posicionamento político tem negado oportunidades para região. Exemplo disto é o caso da concessão de Barra Bonita, localizada no interior do Paraná, recentemente devolvida para a Agência Nacional do Petróleo (ANP), mesmo com indicação de viabilidade econômica. Outro exemplo de perdas de investimentos na região é o dos pequenos campos de petróleo em carbonatos situados em alto mar, com operação sobre responsabilidade da UO-SUL, que estão correndo o risco de serem devolvidos em função do elevado investimento em infraestrutura, pois seria necessária a construção de gasoduto para São Francisco do Sul, o que reduz o retorno financeiro do projeto.
Outro fator preocupante na UO é o alto índice de terceirização. Todo o sistema de produção (área fim da empresa) da Unidade está atualmente (e assim também será no projeto definitivo) sendo tocado por trabalhadores terceirizados.
O poder do capital na indústria pode ser nitidamente observado no chamado Teste de Longa Duração (TLD) dos antigos campos de Tiro e Sidon, agora chamados de Baúna e Piracaba, que tinha um objetivo inicial de investigar os reservatórios. A produção deste campo já pagou todo o bilionário investimento do projeto, mas os gestores da Companhia querem prolongar o teste ainda mais, queimando, durante o processo, todo o gás produzido.
Estamos diante de um momento histórico único para a região. Nossas decisões de hoje irão influenciar gerações futuras, de forma positiva ou negativa. A verdadeira vocação exploratória do PR e SC pode, neste momento, estar sendo para sempre negada, em nome do desejo de lucro e da ambição. Sabemos que as decisões políticas atravessam os interesses técnico-econômicos. O que queremos é o posicionamento e comprometimento político em relação ao futuro da região.
Escassez de gás ameaça investimentos na região Sul
A capacidade atual de suprimento de gás natural nos três estados do Sul está prestes a atingir seu limite e o descasamento entre o consumo e a oferta disponível em futuro próximo – 2014 ou 2015, dependendo do Estado – acendeu o alerta entre os empresários da região. Indústrias já colocam o suprimento de gás como um elemento decisivo no momento de escolher o local para a expansão das suas atividades…
Sinal Amarelo
… Nos dados de consumo informados pela distribuidora de gás de Santa Catarina (SCGás), é possível verificar o alerta de Müller: o volume médio de consumo está hoje em 1,83 milhão de metros cúbicos/dia (m3 /dia) e o suprimento garantido pela Bolívia – única fonte da rede que atende aos três Estados do Sul – é de até 2 milhões de metros cúbicos/dia para Santa Catarina. Fonte: Valor Econômico, 04/04/2012.
Na contramão
Ainda está indefinido o destino do gás dos campos de Baúna e Piracaba. O caminho natural, tecnicamente sustentável, seria a construção do gasoduto até o Terminal de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Mas este reforço no suprimento de gás da região sul passa por uma definição estratégica de desenvolvimento da região sul. Caso contrário, prevalecerá o peso e os interesses do glutão estado de São Paulo.