Começa nesta sexta a jornada global de luta pelo fim da violência contra as mulheres

Campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher” vai de 25 de novembro a 10 de dezembro

 

 

Movimentos sociais feministas de todo país dão visibilidade à luta contra a violência de gênero no período de 25/11 a 10/12, quando acontece a campanha global “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher”.

 

A Campanha foi lançada em 1991 pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (Center for Women’s Global Leadership – CWGL/EUA) e a data de início, dia 25, marca o assassinato brutal das irmãs Mirabal, Minerva, Pátria e Maria Tereza, conhecidas como “Las Mariposas”, ocorrido em 1960 pelo ditador Rafael Leônidas Trujillo, da República Dominicana. Mais de 130 países já aderiram e no Brasil os movimentos feministas e de mulheres realizam atividades alusivas à campanha desde o dia 20 de novembro – Dia da Consciência Negra – para lembrar que as mulheres negras sofrem dupla discriminação e são alvos de violência constantes.

 

A petroleira e secretária da mulher trabalhadora da CUT-PR, Anacélie Azevedo, afirma que a campanha tem ainda mais importância no Brasil. “Temos altíssimos índices de violência contra mulheres no país. Casos de feminicídios (assassinatos de mulheres por violência de gênero) circulam rotineiramente na mídia e estão banalizados. Dados do Fórum de Segurança Pública indicam que no Brasil uma mulher é estuprada a cada 11 minutos, mas a incidência deve ser maior por conta dos casos subnotificados ou mesmo não notificados dada a vergonha da vítima e a sensação vigente de impunidade. Para piorar, o Brasil foi recentemente classificado como o pior país da América do Sul em termos de oportunidades de desenvolvimento para meninas, de acordo com um relatório divulgado pela ONG Save The Children”.

 

O estudo ao qual Anacélie se refere avaliou 144 nações e o Brasil ocupa a 102ª posição do Índice de Oportunidades para Garotas. Em todo o continente, o país fica a frente apenas de Guatemala e Honduras no ranking que considera dados sobre o casamento infantil, gravidez na adolescência, mortalidade materna, representação das mulheres no Parlamento e conclusão do estudo secundário.

 

Os 16 dias de campanha são de reflexão e avaliação da presença da violência contra as mulheres, visto que apesar dos avanços de ações institucionais e de políticas públicas, a implementação dessas medidas acontece de forma muito lenta. No primeiro ano de vigência da Lei do Feminicídio (Nº 13.104/2015) foram ajuizadas 156 denúncias apenas no Ministério Público do Paraná (MP-PR) e atualmente constam no sistema outras 209 denúncias protocoladas por esse tipo de crime. Esses números foram disponibilizados pelo MP-PR, porém a expectativa é de que na realidade sejam bem maiores, já que as mulheres não têm coragem de denunciar.

 

A jornada de luta feminista será encerrada com a realização da 5ª edição da pedalada pelo fim da violência contra as mulheres no dia 10 de dezembro, com concentração às 09h00 na Praça Santos Andrade, em Curitiba. 

 

 

Datas importantes da Campanha

20 de novembro – Dia da Consciência Negra

25 de novembro – Assassinato das irmãs Mirabel pela ditadura da República Dominicana

1º de dezembro – Dia Mundial de Combate à HIV/Aids

6 de dezembro –  Dia do Laço Branco – homens unidos pelo fim da violência contra as mulheres. 

10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos

10 de dezembro – 5ª Pedalada pelo fim da violência contra as mulheres