Como em 2019, assembleias responderão às ameaças da gestão da Petrobrás com rejeição em massa de ACT rebaixado

Não é a primeira vez que a categoria resiste ao assédio dos gestores e às chantagens de transição para a CLT

 

Mal começaram as assembleias para deliberação dos indicativos da FUP de rejeição da contraproposta que impõe uma série de retrocessos ao Acordo Coletivo de Trabalho e a gestão da Petrobrás já intensificou o assédio moral, disparando um arsenal de chantagens e ameaças, na tentativa de intimidar a categoria. É a mesma estratégia autoritária do governo Bolsonaro: na iminência da derrota, aposta no vale tudo para dividir os trabalhadores.

 

Na campanha de 2019, quando a FUP, a FNP e os sindicatos enfrentaram uma das mais duras negociações de ACT das últimas décadas, os gestores usaram do mesmo expediente e a categoria petroleira enfrentou o assédio e respondeu à altura em todas as assembleias, seguindo as orientações e indicativos das entidades sindicais.

 

Petroleiros e petroleiras de todo o país rejeitaram quatro propostas de ACT rebaixado, uma delas apresentada pelo Tribunal Superior do Trabalho, e permaneceram setembro e outubro sem acordo assinado, resistindo à pressão dos gestores, que chegaram a divulgar como seria a transição para a CLT, detalhando direitos que seriam retirados em outubro e novembro.

 

Apesar das ameaças, com unidade e organização, a categoria resistiu à tentativa de desmonte do ACT, que só foi fechado em novembro, após avanço na mediação com o TST. Foram cinco longo meses de resistência, desde que a FUP apresentou a pauta de reivindicações no dia 15 de maio.

 

Em vez de negociar com as entidades sindicais, a gestão da Petrobrás preferiu agir com má fé, truculência e baixaria, ao ponto dos gerentes e supervisores intimarem seus subordinados para que votassem nas assembleias a favor da empresa. Uma das cenas mais vexaminosas foi a do ex-gerente executivo de RH, Cláudio Costa, ameaçando os trabalhadores em frente ao EDISE, no Rio de Janeiro.

 

Petroleiras e petroleiros não se deixaram intimidar e lotaram as assembleias, dando o tom da luta e da resistência. Assim como agora, o RH apresentou duas contrapropostas iniciais que desmontavam por completo o ACT. Ambas foram rejeitadas por unanimidade. Na terceira contraproposta, a empresa também afirmou que era a “última”, impondo o dia 31 de agosto como data limite para fechamento do ACT. Os gestores foram novamente atropelados pelos trabalhadores, apesar de toda a disputa que fizeram nas assembleias.

 

Enquanto a FUP e a FNP cobravam a retomada do processo de negociação, a Petrobrás entrou com pedido de mediação no TST e, ainda assim, recusou reunir-se com as representações sindicais. O ACT foi prorrogado duas vezes por determinação da Vice-Presidência do Tribunal durante o processo de mediação, que ocorreu por meio de reuniões unilaterais, devido à intransigência da empresa.

 

Os petroleiros e petroleiras confiaram nas direções sindicais, aprovaram todos os indicativos em defesa do ACT e, na luta, fizeram a gestão da Petrobrás recuar em sua tentativa de desmonte dos direitos da categoria. O ACT foi assinado no dia 04 de novembro.

 

Não é a primeira vez, portanto, que a categoria enfrenta ameaças e assédio dos gerentes nas assembleias. O cenário político em 2019 era muito mais difícil do que o atual. E os petroleiros e petroleiras, ainda assim, resistiram bravamente às ameaças da Petrobrás de transição para a CLT e não cederam às chantagens da gestão para assinar um ACT rebaixado.

 

Novamente, a resposta da categoria será dada nas assembleias, com unidade, luta e resistência. Não há acordo com retirada direitos e demissões.

 

Relembre o histórico da campanha de 2019

15 de maio

» FUP apresenta pauta de reivindicações à Petrobrás e subsidiárias

22 de maio

» Petrobrás apresenta primeira contraproposta, com reajuste zero e retirada de 50 cláusulas do ACT

07 de junho

» Assembleias rejeitam contraproposta

04 de julho

» Petrobrás apresenta segunda contraproposta, com 1% de reajuste e retirada de direitos

19 de julho

» Assembleias rejeitam segunda contraproposta

08 de agosto

» Petrobrás apresenta terceira contraproposta, afirmando ser a “última”, onde mantem retirada de direitos

21 de agosto

» FUP e sindicatos denunciam ameaças e assédio moral

27 de agosto

» Estratégia da Petrobrás de intimidação e assédio impõe vexame a seus gerentes

» Assembleia histórica do NF reuniu 1.909 trabalhadores em ginásio de Macaé

29 de agosto

» Após recusa da Petrobrás em negociar, TST propõe prorrogação do ACT e continuidade da mediação

12 de setembro

» Gestão da Petrobras insiste no impasse

19 de setembro

» TST apresenta primeira proposta de acordo mediado

26 de setembro

» FUP responde ao TST com pontos para melhorias da proposta e cobra nova prorrogação do acordo

27 de setembro

» FUP solicita ao Ministério Público do Trabalho que fiscalize próximas assembleias

02 de outubro

» Conselho Deliberativo da FUP indica rejeição da proposta de ACT e greve caso a Petrobrás não retome a negociação

03 de outubro

» TST mantem prorrogação do ACT até 22/10, final das assembleias 

17 de outubro

» Assembleias aprovam indicativos da FUP

18 de outubro

» FUP comunica à Petrobrás e ao TST resultado das assembleias e aguarda posicionamento sobre melhoria da proposta de ACT

22 de outubro

» FUP e sindicatos enviam comunicado de greve à Petrobrás e subsidiárias

24 de outubro

» FUP solicita ao MPT mediação para resolver impasse com a Petrobrás

25 de outubro

» Greve aprovada gera nova proposta de ACT, com melhorias na redação construída na mediação com o TST

31 de outubro

» Assembleias referendam indicativo da FUP e de seus sindicatos de aceitação da nova proposta de ACT apresentada pelo TST

04 de novembro

» Acordo Coletivo de Trabalho é assinado pela FUP e seus sindicatos

 

Da comunicação da FUP