Centenas de mulheres e militantes dos movimentos sociais ocuparam as ruas de Curitiba nesta terça-feira (8). Os atos começaram pela manhã, em frente à Copel e seguiram até o início da noite, quando as atividades foram encerradas na Boca Maldita. Na pauta lutas contemporâneas e também as reivindicações históricas do movimento feminista. A reforma da previdência, a alta tarifa de luz no Paraná, a igualdade de gênero, a luta das mulheres negras e o fim da violência contra as mulheres foram alguns dos itens da agenda neste dia de luta. A defesa da democracia também apareceu com destaque durante os atos em Curitiba.
“Este ato foi construído pelos movimentos sociais do campo e da cidade. No início da manhã cobramos, em frente à Copel, manifestações para fortalecer a luta para que a tarifa energética caia. Mas também foi um ato em defesa da democracia. Um ato pela legalidade e contrário ao estado de exceção implantado no País e que teve seu ápice com o sequestro do presidente Lula que foi levado pela Polícia Federal até o aeroporto de Congonhas. Então, para nós, este é um ato de luta pelas mulheres, mas também em defesa do Brasil e da democracia”, relatou a presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz.
Ainda durante o período da manhã uma comitiva formada por representantes dos movimentos sociais foi recebida por gestores da Copel. Na mesa de negociações as demandas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a redução da tarifa, o ICMS abusivo que onera as contas de luz e a situação preocupante de três ocupações no CIC. “ Não tivemos soluções para a nossa pauta nessa reunião. Porém, a mobilização foi muito importante porque encaminhamos quatro reuniões específicas para tratar com detalhamento os principais pontos. Também tivemos o compromisso da gestão da Copel em nos ajudar na solução dos nossos principais problemas”, relata a secretária da mulher da CUT Paraná, Anacélie Azevedo, que participou da reunião.
Também na pauta das mulheres estava a tentativa de uma Reforma da Previdência. A iniciativa, do Governo Federal, poderá ser extremamente prejudicial, sobretudo para as mulheres do campo. Esta é avaliação da vereadora de Curitiba, Professora Josete. “Uma das maiores preocupações diz respeito a aposentadoria das mulheres rurais. Essa foi uma conquista muito dura de décadas e décadas porque, infelizmente, as mulheres trabalham tanto quanto os homens, mas apenas eles tinham esse direito. Outro ponto fundamental para nós é a questão da idade. Enquanto as mulheres tiverem a sobrecarga de trabalho, forem responsáveis pelas tarefas domésticas, com uma segunda jornada de trabalho e ao mesmo tempo tiverem suas profissões, não é justo que se aposentem com a mesma idade que os homens”, defendeu.
A secretária de Mobilização e Relação com Movimentos Sociais da CUT Nacional, Janeslei Albuquerque, reforçou o papel histórico do dia 8 de março. “É um dia histórico, um ato de luta das mulheres por igualdade. Igualdade na vida, no trabalho e na sociedade. Queremos poder andar na rua a qualquer hora do dia e da noite sem medo. Queremos estar em nosso local de trabalho e sermos valorizadas pela nossa competência profissional”, enfatizou
Apoio distante – Além das pautas locais ou comuns a todas as mulheres, a representante do MAB, Daiane Machado, reforçou durante ato a solidariedade às mulheres de Mariana, em Minas Gerais, que ainda sofrem com o crime cometido pela Samarco, o maior desastre ambiental da história do Brasil.
“Nós tínhamos muitas mulheres que eram domésticas e que tinham trabalho informal. A Samarco não está visualizando isso como trabalho remunerado. Não estão querendo indenizar por isso. Tivemos casos de mulheres que sofreram aborto durante a avalanche. Uma violência absurda contra as mulheres, elas estão morando em acampamentos, tendo que cuidar dos filhos naquela situação. Esse crime atingiu, principalmente, a vida das mulheres”, exemplificou.
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Fonte: CUT-PR