Dia da Consciência Negra: Campanha sindical busca o debate como instrumento de combate ao preconceito racial

A cultura e o padrão estético negro e africano convivem com um padrão estético e cultural branco europeu, no Brasil, de maneira tensa e escamoteada. Afinal, diz a maioria, não somos preconceituosos. Porém, nem a forte presença da cultura negra, nem o fato de 53% da população brasileira ser composta por negros (de acordo com a última Pnad), têm sido suficientes para eliminar ideologias, desigualdades e estereótipos racistas.

Para discriminar os negros, nossa sociedade usa artifícios destrutivos, como a desvalorização da cultura de matriz africana e dos aspectos físicos herdados pelos descendentes de africanos.

A Campanha “Basta de Racismo no Trabalho e na Vida”, lançada pela CUT neste ano, nasceu justamente da necessidade de desmascarar e debater – nos sindicatos, nos locais de trabalho e na sociedade – este preconceito, seja ele enrustido ou não. Mais do que isso: é nosso dever combater o racismo, trabalhar pelo fim da desigualdade social e racial, empreender a reeducação das relações etnicorraciais. E isso precisa ser feito, em especial e urgentemente, no mercado de trabalho, onde o preconceito racial está enraizado e precisa ser fortemente combatido. Passados mais de 300 anos do fim da escravidão, os negros ainda ocupam os postos de trabalho menos valorizados, não conseguem ascender na carreira e ganham menos que os brancos.
 
É um equívoco pensar que a discussão sobre a questão racial se limita ao Movimento Negro e a estudiosos do tema, e não ao movimento sindical. Por meio desta Campanha, se pretende promover o debate e conscientizar os/as trabalhadores/as de que é preciso unidade para acabar com esta diferenciação, que não traz benefícios às pessoas, tampouco à sociedade.

A CUT e suas entidades filiadas, uma vez mais, se colocam nesta importante luta com o objetivo de eliminar as desigualdades entre negros e brancos e de promover uma sociedade mais justa para todos.
 
Lei reserva cotas para negros no serviço público
A presidenta Dilma Rousseff sancionou no dia 09 de junho deste ano a Lei 12.990/2014, que trata das cotas raciais no serviço público. O documento reserva 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos federais aos negros.

 A lei vale para os concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União.

A aprovação da lei é considerada uma vitória na luta pela igualdade racial no Brasil, como ação afirmativa estratégica para acelerar a mobilidade da população negra nos próximos dez anos.

Entre os anos de 2004 e 2013, a fatia de negros que ingressou no serviço público variou de 22% a quase 30%.  De acordo com a edição mais recente do Pnad, os negros representam uma parcela de 53% do universo da população brasileira.  

Dados sobre raça na Petrobrás
O Relatório de Sustentabilidade 2013 da Petrobras apontou que a empresa possui 20.908 pessoas que se declararam negras em seu quadro de empregados, o que representa 24,3% do total de funcionários (86.111). O documento também revela que os(as) negros(as) ocupam 25,2% dos cargos de chefias.