Emissários Malditos

Num momento no qual não há, de forma alguma, solução individual; dar às costas à coletividade é algo grave. Agora, servir de emissário do carrasco representa estar abaixo da condição de verme.

 

Certas situações são tão absurdas que parecem surreais. O último fato arbitrário da gestão da Repar se enquadra nesta situação. Contudo, deve-se salientar que a ação que vamos narrar abaixo surpreende mais pelos executores do que pelos mandantes. Desses últimos, esperamos qualquer coisa. Agora, é mais difícil acreditar que gente que está na mesma situação que a imensa maioria, na base da pirâmide organizacional da companhia, tenha se sujeitado a um papelão desses. Sem-vergonha ainda é um adjetivo composto que soa demasiado leve para qualificar tais “colegas”.

 

Desde que a fatídica privatização da Repar foi anunciada, em 27 de abril, os nervos dos petroleiros estão à flor da pele. Canalizar essa mistura de sentimentos de raiva e frustração para a grande luta contra mais esse desmonte da empresa tem sido uma tarefa ao mesmo tempo individual e coletiva, dia após dia. Buscamos motivação dentro de nós mesmos, no ombro do companheiro e também na força das mobilizações. Sabemos que juntos somos mais fortes, mas é preciso reafirmar isso a cada momento. A luta é árdua.  

 

No primeiro grande embate, a greve de advertência de 72 horas, iniciada à zero hora do dia 30 de maio, já foi possível separar os homens dos ratos. O Sindicato ainda nem havia sido notificado da decisão liminar do TST que julgava o movimento abusivo e aplicava multa milionária em caso de descumprimento, quando alguns poucos petroleiros resolveram se tornar emissários malditos e capachos.

 

A gestão da Repar, no ápice de sua arbitrariedade, convocou seus adestrados para uma “missão”: entregar cartinhas de porta em porta, convocando os petroleiros para cumprir com sua jornada normal de trabalho, em contrariedade ao direito constitucional de greve.

 

A cooptação do gestor, agravada pelo uso da estrutura da empresa, como a concessão de táxis para os “mensageiros”, foi algo repugnante. No conteúdo da carta, ameaça de punição. Logo de cara a empresa mostrou todas suas jogadas, que se resumem a intimidação e as mais variadas práticas antissindicais. Grave, claro, mas de forma alguma surpreendente.

 

Surpresa mesmo foi o papel de ratos que alguns aceitaram cumprir. Num momento no qual não há, de forma alguma, solução individual; dar às costas à coletividade é algo grave. Agora, servir de emissário do carrasco representa estar abaixo da condição de verme.

 

:: Comunicado

O Sindicato estuda as ações jurídicas a serem tomadas contra essa atitude de cooptação de trabalhadores pela gestão da Repar. Para isso, solicitamos as seguintes providências com relação à carta do gerente geral:

 

– Quem teve sua casa visitada, mas não recebeu;

– Quem recebeu, mas não assinou;

– Quem recebeu e assinou.

 

Além disso, disponibilizar cópia das referidas cartas. Favor enviar esses documentos e informações ao e-mail denuncia@sindipetroprsc.org.br .