Formação

Empresas usam investigação de acidentes para transferir responsabilidade aos trabalhadores, diz pesquisador da Fundacentro

José Marçal Jackson Filho, pesquisador da Fundacentro

O Sindicato promoveu nesta quinta-feira (13) o curso “Investigação de Acidentes e Prática Sindical”. Voltado para cipistas, mas aberto a todos interessados no tema, a atividade aconteceu no auditório da Sede de Curitiba.

A formação foi ministrada por José Marçal Jackson Filho, engenheiro de minas pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP), doutor em Ergonomia pelo Conservatoire national des arts et métiers (CNAM/França), pesquisador titular da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho) e vice-coordenador do Grupo de Trabalho “Ergonomia da Atividade” da Associação Brasileira de Ergonomia.

“O objetivo do curso foi tratar o tema da investigação do acidente de trabalho. Tradicionalmente é uma área importante para a disputa de ação sindical, uma vez que pode revelar diversos fatores determinantes do processo de trabalho e ter graves consequências para o trabalhador, ambiente ou empresa. O que a gente observa é uma tendência de as empresas usarem a investigação para se proteger juridicamente e transferir a responsabilidade para os trabalhadores diretamente envolvidos”, afirmou Marçal.

Curso para cipistas sobre investigação de acidentes de trabalho.

Para o pesquisador, os sindicatos precisam se aprofundar no tema da investigação. “É importante que o movimento sindical tenha uma visão conceitualmente clara do processo de investigação de acidentes, ao mesmo tempo que tenha uma prática de intervenção que contribua não apenas com a proteção dos trabalhadores envolvidos, mas também com a prevenção, que é o objeto tradicional da investigação de acidentes. Ela serve para prevenir, e não para se proteger juridicamente”, criticou.

O curso qualificou os participantes em temas como saúde do trabalhador e ação sindical; determinantes organizacionais, trabalho e acidentes; métodos e prática de investigação de acidentes; análise de casos e simulação do processo de investigação; e investigação de acidentes como base da ação sindical.

Texto e fotos: Davi Macedo