Desindustrialização e entreguismo de Bolsonaro geraram prejuízos para o país. A esperança por mudanças está na nova gestão eleita.
O processo de transição do governo federal já foi iniciado e com ele a expectativa do fortalecimento do setor industrial nacional. Entre as pautas defendidas pela categoria petroleira e petroquímica está a reabertura da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Araucária (Fafen-PR), fechada em fevereiro de 2020.
A luta de cerca de 30 mil trabalhadores e trabalhadoras, petroquímicos e petroleiros, que fizeram greve por 20 dias para evitar a hibernação da Fafen-PR , em mais de 120 unidades do Sistema Petrobrás de todo o país, não foi suficiente para sensibilizar o governo genocida de Bolsonaro sobre as sérias consequências dessa decisão. A paralisação ainda logrou melhores acordos com os funcionários e fez com que a gestão negociasse diretamente com a FUP o cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), mas os impactos do seu fechamento reverberam na sociedade até hoje.
O desemprego em massa, que atingiu cerca de mil famílias, o prejuízo da economia local e o rombo nos cofres estaduais e municipais, que deixaram de arrecadar tributos, são alguns exemplos das consequências da desindustrialização praticada pelo governo Bolsonaro. Além da crise dos fertilizantes vivenciada pelo setor agrícola, que levou o Brasil à dependência de outros países para o seu abastecimento, impactando diretamente nos preços dos alimentos e na inflação.
Infelizmente, as perdas não ficaram apenas no âmbito econômico. Muitas vidas poderiam ter sido poupadas se a unidade tivesse sido reaberta e adaptada para a produção de oxigênio durante a crise sanitária enfrentada pelo país entre o final de 2020 e primeiros meses de 2021, decorrente da má administração do governo federal na pandemia do corona vírus. Na época, a FUP e seus sindicatos denunciaram por diversas vezes todas as consequências que seriam sentidas pela sociedade caso o fechamento da Fafen-PR fosse mantido.
Atualmente, a situação dos ex-trabalhadores da fábrica continua crítica. Alguns foram atrás de trabalho em outros estados, outros ainda não conseguiram se recolocar no mercado. Para o coordenador do Sindiquímica-PR, Santiago Santos, todos os ex-funcionários foram atingidos pelo encerramento das atividades da Fafen. “A vida de todos, acredito que sem exceção, foi devastada por conta da demissão. Os trabalhadores próprios no qual a gente tinha mais contato, hoje, estão espalhados pelo país. A gente tem informações de vários companheiros e companheiras que desfizeram seus laços familiares e matrimoniais por conta da mudança. Então, isso foi muito triste. Sem falar de trabalhadores que não conseguiram se colocar no mercado de trabalho e que ainda estão penando com o desemprego”, lamentou.
Santiago também ressaltou que, mesmo após o seu fechamento, ainda existem alguns funcionários trabalhando na fábrica. No entanto, não é possível precisar quantos são e em quais condições estão trabalhando. No dia 13 de outubro, houve uma mediação junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) no qual a empresa recusou a inspeção do Sindiquímica-PR no local. No dia 07 de novembro, a pedido do MPT, uma testemunha que confirma as atividades de trabalhadores petroquímicos dentro Fafen foi apresentada e uma nova medição será solicitada nos próximos dias pelo sindicato.
Apesar de os últimos anos terem sido de grande dificuldade para toda a categoria, principalmente para os trabalhadores demitidos da Fafen-PR, para o coordenador do Sindiquímica-PR, o pleito eleitoral trouxe a esperança de que a fábrica volte a gerar empregos de qualidade e renda para o estado. “Estamos com expectativas positivas, uma vez que o presidente Lula citou em algumas entrevistas e debates a necessidade de diminuir a dependência externa de fertilizantes. A gente está trabalhando junto à equipe de transição dando suporte e informações para que no futuro governo a gente tenha condições para a reabertura da Fafen”, concluiu.
Por Juce Lopes