Fórum 8 de Março: Sindipetro promove debate sobre padrões de beleza na semana da mulher

Atividade ocorrerá na próxima quinta-feira (11) e será realizada através da plataforma de videoconferências Zoom.

 

 

A filósofa e ativista feminista italiana Silvia Feredici cunhou a seguinte frase: “O que eles chamam de amor, nós chamamos de trabalho não remunerado”. Forte; porém, reveladora.

Se havia dúvidas quanto à sobrecarga de trabalho e cuidados exercidos pelas mulheres, esse primeiro ano de pandemia provou a todos, sem hesitar, que o caminho para a igualdade continua longo.

 

Algumas pesquisas foram realizadas nesse novo contexto na tentativa de entender as desigualdades e as consequências dos papeis de gênero cobrados pela sociedade, que ainda impõe essas responsabilidades para elas. Os resultados revelaram dados alarmantes.

 

Sobrecarga de trabalhos

O isolamento social precarizou as condições de trabalho e evidenciou a sobrecarga do labor doméstico e cuidados na maioria das vezes exercidos por mulheres.

 

De acordo com a pesquisa “Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia”, 64% das entrevistadas acreditam que, mesmo com o acúmulo dos serviços domésticos, a contribuição de outros membros da família nessas atividades permaneceu igual durante a pandemia. 23% avaliaram que diminuiu e apenas 13% consideraram que essa colaboração aumentou.

“Sinto sobrecarga mental sobre as tarefas domésticas e sobre o ‘dever’ de administrar a casa e decidir o que fazer ou não”, revelou uma das entrevistadas.

Além da sobrecarga doméstica, 41% das mulheres que passaram a fazer home office afirmaram que estão com sobrecarga também no trabalho. Metade das entrevistadas relataram que as tarefas do lar aumentaram “muito” e 65% das mulheres disseram que essa responsabilidade dificulta a realização do trabalho remunerado.

“Os trabalhos domésticos me impedem de me concentrar para realizar trabalhos no computador. O mesmo não acontece com meu marido, que faz muito pouco em casa e tem a maior parte do tempo livre para trabalhar. E vejo que minhas amigas estão em um ritmo parecido”, relatou outra entrevistada.

A maioria dos cargos de liderança são ocupados por homens, o que também contribui diretamente para essa sobrecarga que adoece muitas mulheres.

Violência contra a mulher também aumentou em 2020

Uma pesquisa feita pela Rede de Observatório da Segurança revelou que no ano passado ao menos cinco mulheres foram vítimas de feminicídio por dia no país.

Segundo o estudo, “o isolamento social agravou a situação de violência contra as mulheres, que passaram a ter mais tempo de convívio com o agressor. Os riscos aumentaram e o acesso das vítimas a redes de proteção e denúncia ficou mais difícil”.

Ao longo do último ano, os canais de denúncia de violações de direitos humanos do governo federal receberam 105.821 acusações de violência contra a mulher. Da mesma forma, vários estados registraram índices de violência superiores a 2019.

No Paraná, um levantamento feito pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJ-PR) apontou que cerca de 300 mil casos de medidas protetivas foram deferidos em 2020. O relatório também apresentou dados sobre os feminicídios registrados entre 2015 e 2020. Dos 300 assassinatos apurados, 94% foram executados pelos companheiros das vítimas, 66% dos crimes ocorreram em ambiente doméstico, enquanto 44% foram emboscadas.

O isolamento social forçou a convivência de muitas famílias, seja por conta do home office ou pelo alto índice de desemprego acentuado pela crise. Dividir o mesmo espaço em tempo integral foi um desafio para todos, mas para mulheres que convivem com um abusador a rotina se transformou ainda mais assustadora.

Padrões de beleza e saúde mental

Não bastasse todos esses infortúnios do machismo estrutural, outro dilema, e não menos importante, sofrido pelas mulheres diariamente está relacionado ao seu corpo e aos padrões de beleza, que afetam o seu psicológico e autoestima.

 

Esse tema vai além do poder de decisão quanto a se depilar ou não, pintar o cabelo ou não. Não se trata disso, mas das opressões criadas pela indústria da beleza e reproduzidas nos meios de comunicação. A busca por esse ideal estético adoece muitas mulheres.

 

Remédios para emagrecer, dietas milagrosas, tratamentos estéticos e cirurgias plásticas são os meios mais comuns utilizados para se manterem magras e serem aceitas ou se aceitarem. A guerra contra a pressão social de se manter no padrão estético nunca é vencida e acarreta em uma série de transtornos como anorexia, bulimia, ansiedade, depressão, entre outros.

 

Ainda que a mulher escolha viver livre das amarras da ditadura da beleza, ela também será cobrada por tentar ser uma outsider. Nas redes sociais é comum observar como o fenótipo da mulher não-branca é colocado como “feio”. Da mesma forma, os corpos não-magros também são julgados. E não adianta ter traços europeus e ser magérrima, ainda é necessário ser jovem.

 

Basta dar um Google com as palavras “mulher bonita” e observar o resultado das imagens. A dominação sobre o corpo feminino é antiga e está inserida nessa estrutura patriarcal, racista e gordofóbica. Discutir o tema e entender sua origem são os principais instrumentos para se desconstruir e pensar a estética por outro ponto de vista.

 

O conturbado momento que vivemos no país não permite às mulheres saírem para as ruas a fim de lutar por direitos. No entanto, a missão de debater temas sensíveis e conscientizar para a importância do engajamento na briga por igualdade não pode parar.

 

Nesse cenário, o Sindipetro convida a todos para o primeiro Fórum 8M com o tema “Desconstruindo Padrões de Beleza: por uma estética livre de imposições”, que ocorrerá na próxima quinta-feira (11), às 19h. O debate será realizado através da plataforma Zoom, para participar é necessário se inscrever, basta enviar uma mensagem de Whatsapp ou ligar para os números (41) 98805-2367 / 99235 1435 ou pelos e-mails: liliane@sindipetroprsc.org.br e saomateus@sindipetroprsc.org.br e informar: nome completo, número de telefone e e-mail. O link para acesso à sala virtual será encaminhado instantes antes da reunião começar.

 

:: Serviço
Fórum 8M
Quando? Quinta-feira, 11 de março, às 19h00.
Onde? Por meio da plataforma de videoconferência Zoom.
Inscrições: Ligar ou enviar mensagem de Whatsapp informando nome completo, número de telefone e e-mail. Contatos: (41) 98805-2367 / 99235 1435.

 

Por Jucelene Lopes, estagiária sob supervisão de Davi Macedo (MTb 5462)