Uma comitiva de trabalhadoras e trabalhadores petroleiros de diversas bases da FUP marcou presença no encontro, com gritos de luta em defesa da reconstrução da Petrobrás
[Da imprensa da FUP, com informações da CUT]
A Federação Única dos Petroleiros e sindicatos filiados participaram nesta quarta-feira (18), em Brasília, do encontro das 10 centrais sindicais brasileiras com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros, onde foram debatidos temas sensíveis para as trabalhadoras e os trabalhadores, que tiveram perdas de diversos direitos nos últimos seis anos, desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff.
O presidente Lula reafirmou seu compromisso com a classe trabalhadora para a devolução de direitos e melhoria na renda com a volta da política de valorização do salário mínimo, criada por ele, em 2003, a partir de uma proposta da CUT.
O encontro foi realizado no Palácio do Planalto, com participação dos ministros do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, da Casa Civil, Rui Costa, e de Gestão, Ester Dweck, parlamentares e sindicalistas de diversas categorias profissionais.
Uma comitiva com diversos representantes da categoria petroleira de todas as bases sindicais da FUP entoou gritos de luta em defesa da reconstrução da Petrobrás.
Na reunião, o presidente Lula assinou um despacho para que os ministérios da Fazenda, do Planejamento e do Trabalho elaborem dentro de 45 dias uma política de valorização do salário mínimo e garantiu que vai lutar junto ao Congresso Nacional para isentar Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5 mil.
Lula ainda prometeu colocar o pobre no orçamento e o rico no Imposto de Renda e reconheceu o esforço dos trabalhadores brasileiros para garantir a sua vitória nas eleições do ano passado.
“Vocês são responsáveis por eu estar aqui. Sou grato e sei reconhecer aquilo que as pessoas fizeram para garantir a nossa vitória. Fui eleito para fazer coisas melhores do que fiz da outra vez e vou brigar para fazer porque prometi na campanha”, disse Lula.
O presidente, no entanto, lembrou que, para governar, é preciso ter o apoio do Congresso Nacional e citou a negociação para a aprovação da PEC da Transição costurada num grande acordo com os parlamentares, inclusive de oposição.
“É possível que a gente consiga construir a maioria [no Congresso] para a gente votar as mudanças que nós precisamos fazer nesse país. Para isso, é preciso muita conversa, muitas palavras e gente disposta a fazer isso para que a gente consiga construir e fazer a mudança que nós precisamos”, disse Lula, em uma referência à comissão que irá apresentar propostas de valorização do salário mínimo, cujo despacho ele assinou durante o evento.
“Companheiros, estamos começando um novo tempo. Essa comissão que montamos é para que vocês possam discutir bravamente aquilo que é necessário; não apenas aquilo que a gente quer, o aumento salário mínimo, porque já provamos que é possível aumentar acima de inflação e que esta é a melhor maneira de fazer a distribuição de renda do país”, afirmou Lula.
Ainda durante o encontro, o ministro Luiz Marinho anunciou a criação de dois grupos de trabalho que irão debater a negociação coletiva entre trabalhadores e empresas, além da regularização dos trabalhadores de aplicativos. Ministérios e centrais sindicais devem apresentar uma proposta em 45 dias.
O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, destacou a importância dos compromissos firmados pelo presidente Lula com a classe trabalhadora.
“São mudanças significativas para a classe trabalhadora: o retorno da política de valorização do salário mínimo; regulamentação dos direitos trabalhistas para os trabalhadores e trabalhadoras que atuam em aplicativos diversos; valorização da negociação coletiva; e reestruturação necessária da organização sindical”, afirmou Bacelar.
Diálogo para reconstrução do país
O presidente Lula lembrou os seus dias de sindicalista como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo; da greve de fome de seis dias que fez e da vontade de comer quando o protesto terminou, mas que recebeu recomendação médica de que não poderia comer o que queria e sim retomar a alimentação aos poucos, numa alusão à reconstrução do país e os direitos dos trabalhadores retirados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
O que estamos fazendo é apenas o começo de uma nova era. Nada está pronto, acabado, o que estou dizendo para vocês é o seguinte: estou fazendo um convite para que o movimento sindical brasileiro representando os trabalhadores brasileiros ajudem o governo a construir uma nova relação entre capital e trabalho, e uma nova relação de direitos para o povo trabalhador brasileiro porque nós merecemos ser tratados com respeito, com justiça.
Lula
A pauta da classe trabalhadora
O presidente da CUT, Sérgio Nobre e os presidentes de mais nove centrais, reivindicam políticas importantes para os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros que perderam diversos direitos, e ainda tiveram os salários achatados durante os quatro anos do governo de Bolsonaro.
Em sua fala durante o evento, Sérgio Nobre saudou a militância de todas as centrais sindicais e disse que a unidade construída entre a CUT e as demais centrais foi fundamental para resistir ao fascismo e para construir a espetacular vitória do presidente Lula, a quem chamou de “orgulho da classe trabalhadora”, em outubro.
Nobre se solidarizou com o presidente Lula diante dos ataques terroristas do dia 8 deste mês. O dirigente disse que há financiadores e que todos os golpistas devem ser presos e responderem diante da lei, sem anistia. Neste momento, os presentes no salão lotado no Palácio do Planalto fizeram coro e gritaram “sem anistia!”.
Com uma pauta unitária, os 10 presidentes das centrais apresentaram cada um, um tema. Coube a Sergio Nobre falar sobre a importância do Ministério do Trabalho reconstruído por Lula. Ao defender a recriação do MT, o presidente da CUT destacou que é preciso que o desenvolvimento econômico seja acompanhado de bons empregos e com melhores salários para combater a desigualdade social.
“Estamos convencidos de que é fundamental que o trabalho tenha centralidade na estratégia de desenvolvimento e, para isso precisamos ter Ministério do Trabalho reconstruído; um ministério muito forte porque sabemos que os empregos de qualidade que a gente tanto sonha e precisa não vão ser consequência só da política econômica, porque na história do nosso país a gente já viu que houve períodos em que o PIB cresceu, mas cresceu aprofundando as desigualdades com postos de trabalhos sem nenhuma qualidade e muitas vezes com salários aviltantes”, disse Nobre.
Sérgio parabenizou o presidente Lula pela retomada Presidente do ministério do Trabalho, extinto logo no início do mandato de Jair Bolsonaro, a quem se referiu com “genocida”.
“Tenho certeza que o companheiro Luiz Marinho, quando assumiu o cargo e entrou no ministério não deve ter encontrado nem sombra do que o ministério foi na tua época, a grandeza, a estrutura que tinha por que eles destruíram o ministério e a destruição desse ministério está muito coerente com o que pensavam os fascistas porque para eles a visão de país em desenvolvimento é a de que, para crescer é destruir os direitos, precarizar, acabar com a legislação trabalhista e perseguir os sindicatos”, criticou Nobre se referindo à gestão do governo passado.
O presidente da CUT também ressaltou a necessidade do Ministério atuar em conjunto com outras pastas como os ministérios da Fazenda, do Planejamento, da Previdência e do Desenvolvimento Agrário.
Para que o crescimento que nós temos certeza que virá, é preciso que venha acompanhado de emprego de qualidade e emprego protegido com a organização sindical.
Sérgio Nobre
Cada presidente e representante das 10 centrais fez discurso de temas definidos em conjunto, mas todos de interesse da classe trabalhadora, que os sindicalistas defendem.
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres falou sobre a valorização da negociação coletiva e atualização do sistema sindical no setor privado e no setor público.
Ricardo Patah da UGT defendeu a elaboração de políticas de regulação das relações de trabalho mediadas por plataformas e aplicativos.
Coube ao presidente da CTB Adilson Araújo defender a política de valorização do salário mínimo.
Moacyr Roberto Tesch Auersvald da NCST discorreu sobre a necessidade da correção da tabela do imposto de renda e uma reforma tributária mais justa em que os ricos paguem mais.
O presidente da CSB Antonio Neto falou sobre a necessidade de revisar e adequar regras trabalhistas, recuperar os direitos e melhorar a formação profissional dos trabalhadores.
Nilza Pereira da Intersindical, defendeu a igualdade nas relações de trabalho entre homens e mulheres, brancos e pretos, os trabalhadores e trabalhadoras domésticas e o trabalho de cuidados, regulamentando a proteção trabalhista, previdenciária e sindical.
Em defesa dos servidores públicos falou José Gozze , da Pública. Ele defendeu a Regulamentação em lei o direito de negociação coletiva dos trabalhadores do setor público.
Sobre o Combate à fome e pobreza; o fortalecimento da Agricultura Familiar e a Proteção dos Trabalhadores Rurais coube a palavra a Emanuel Melato da Intersindical Central da Classe Trabalhadora.
Pela CSP-Conlutas falou Luiz Carlos Prates sobre as formas de combater as práticas antissindicais que têm sido promovidas por parte do empresariado brasileiro.