Presidente da Petrobrás preferiu se ausentar da solenidade que o nomearia como cidadão honorário do Paraná. Tinha um esculacho no caminho…
A homenagem que o presidente da Petrobrás receberia nesta terça-feira (19), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), seria uma ode ao surrealismo. Coube ao general Silva e Luna o bom senso de não comparecer à sessão na qual seria nomeado cidadão honorário do estado.
No momento em que os combustíveis registram os maiores preços da história e milhares de famílias cozinham à lenha por não terem mais acesso ao item básico do gás de cozinha, os deputados paranaenses louvariam o patrono da desgraça do seu próprio povo.
Silva e Luna é responsável por manter a política de preços dos combustíveis atrelada à cotação do dólar e do petróleo no mercado internacional, mesmo com o Brasil tendo grandes reservas e um parque de refino com capacidade de atender quase toda a demanda nacional de consumo.
Para além disso, o general segue com a privatização fatiada da empresa que comanda e almeja extinguir a presença da Petrobrás no Paraná. A Refinaria do Paraná (Repar) e a Usina do Xisto (SIX), assim como seus ativos logísticos integrados (dutos e terminais de distribuição), estão prestes a serem entregues ao mercado internacional.
Pesa ainda contra a gestão do militar a manutenção do fechamento de duas fábricas de fertilizantes nitrogenados, enquanto há escassez do produto no mercado interno, o que coloca em risco o abastecimento de alimentos no país. Uma das unidades inutilizadas, a Fafen Paraná, está localizada em Araucária, na região metropolitana de Curitiba.
Silva e Luna é militar de missão indigna, mas ninguém pode negar que lhe resta um pingo de noção de realidade, algo totalmente ausente nos legisladores das araucárias. Subiria ao púlpito da Casa dos Paranaenses para receber o título, talvez se sentisse entre os seus, mas algo não estaria certo. Do lado de fora, um esculacho estava marcado. A medalha seria inglória. Situação difícil para um membro das forças armadas.
Na véspera da honraria, proposta pelo deputado soldado Fruet (PROS), petroleiros e movimentos populares anunciaram o protesto. Erro de estratégia? Talvez. Certo é que o provérbio do “bom soldado não foge à luta” caiu por terra em pleno Centro Cívico de Curitiba.