O Sindipetro PR e SC recebeu a informação de que no último domingo (16) um trabalhador da Repar foi vítima de acidente após sofrer uma queda de diferença de nível na tubovia da refinaria. Segundo informações apuradas, o petroleiro feriu a cabeça e precisou de atendimento externo.
O acidente é o resultado do alinhamento de uma série de falhas, e uma das mais evidentes e sistêmicas na Repar é a falha de gestão. Além do baixo efetivo de pessoal, resultado do processo de desmonte que a companhia passou nos últimos anos, o modelo de gestão truculenta e coercitiva com os trabalhadores, e subserviente com seus chefes, é uma das principais causas que colocam em risco a segurança de pessoas e instalações, em detrimento de uma possível “estrelinha” com o seu superior hierárquico.
Assim tem sido o modelo de construção de carreira da maioria dos gestores da unidade, baseada na competência em bajular o chefe, e ser o cabo do chicote com seus subordinados. Esta prática estruturada na Repar é responsável por consequências danosas à saúde e segurança dos trabalhadores. A falta de espaço de diálogo efetivo com os funcionários, que são os detentores do conhecimento e dos riscos das suas respectivas áreas, culminou, mais uma vez, neste lamentável acidente.
Qualquer solicitação da sede ou gerência superior se transforma em “urgente” e “inquestionável”. A prioridade é entregar no prazo que foi estipulado por alguém que não tem a noção dos riscos do local de trabalho, essa é a postura da gestão da Repar.
A demanda “urgente” que resultou no acidente, foi a tarefa de realizar levantamento do correto funcionamento de purgadores de condensado na tubovia, para verificar o índice de aproveitamento energético. Embora esta ou qualquer tarefa não deva ser ignorada, espera-se, no mínimo, que a segurança seja a prioridade em qualquer trabalho.
Infelizmente, os diversos alertas feitos pelos trabalhadores e pelo sindicato sobre os riscos em realizar trabalhos nesta área, que tem um histórico com alto índices de acidentes, não foram suficientes para evitar mais uma ocorrência. Grande parte do trajeto da tubovia não foi projetada para ser acessada, o que exige um planejamento prévio. Ao invés disto os gestores optaram pela coerção, mesmo que velada, submetendo os trabalhadores aos riscos, como andar sobre linhas de produtos, eletrocalhas e áreas alagadas, além de estar exposto a animais peçonhentos e riscos de vazamentos de produtos perigosos. Tudo isso é agravado pela falta de efetivo, já que na maioria das vezes o profissional precisa realizar os trabalhos sozinho. É importantíssimo ressaltar que todos, ou a grande maioria dos gerentes e supervisores, conhecem estes riscos.
Todos os avisos dos trabalhadores foram ignorados, a única preocupação foi com o cumprimento de prazos. Assim, o que tinha grande probabilidade de acontecer, ocorreu: acidente com alto potencial de gravidade.
Não é mais admissível que este modelo de gestão, que não respeita os trabalhadores e trabalhadoras, e que os expõe “propositalmente” a riscos, ainda permaneça na Repar
O Sindicato seguirá acompanhando o caso e orienta que para qualquer trabalho demandado fora da rotina, que a sua execução seja precedida por obrigatório planejamento prévio, análise de riscos com envolvimento da SMS e, principalmente, com o envolvimento efetivo em todas as etapas dos trabalhadores que irão realizar as tarefas.
Não se cale, denuncie!
É importante que todos os petroleiros e petroleiras denunciem imediatamente qualquer irregularidade que possa colocar em risco a segurança dos trabalhadores através do e-mail denuncia@sindipetroprsc.org.br ou do telefone (41) 3332-4554. Se preferir, trate o assunto diretamente com os dirigentes sindicais nos locais de trabalho. Coloque a sua vida à frente das prioridades dos gerentes