Greve Sanitária: Repar resiste e não cumpre acordo mediado pelo MPT-PR

As preocupações da gestão foram restritas aos descontos dos dias parados e cancelamentos das férias dos grevistas.

 

Davi Macedo – Sindipetro PR e SC

 

Por não concordarem com a execução dos serviços de parada de manutenção da Repar durante a segunda onda da pandemia do coronavírus no Paraná, os petroleiros da unidade deflagraram greve sanitária entre os dias 12 e 16 de abril.

 

O procedimento industrial adiciona mais dois mil trabalhadores temporários na rotina da área industrial. O acordo mediado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-PR) garantiria algumas medidas que possibilitariam maior vigilância à segurança e saúde dos trabalhadores nas instalações da refinaria por parte do Sindipetro PR e SC. Entretanto, o ideal seria a suspensão dos trabalhos da parada.

 

Passados 30 dias do início daquela greve, o que se percebe por parte dos gestores da Repar é o total descaso ao acordo no MPT-PR. O principal compromisso da empresa foi permitir visitas técnicas do Sindicato a cada 12 dias, com o acompanhamento de engenheiro de segurança ou médico do trabalho designado pela entidade.

 

Porém, são tantas restrições colocadas pela gestão que inviabilizam qualquer hipótese de averiguação das condições sanitárias da Repar. As visitas só podem ser realizadas em horários pré-estabelecidos pela empresa e fora dos períodos de pico, como trocas de turno ou entradas e saídas de expediente administrativo. Além disso, o Sindicato tem que avisar previamente as áreas que serão inspecionadas e não é permitido qualquer tipo de registro documental, como fotos e vídeos, por exemplo. Muito comuns em qualquer tipo de vistorias e aceitos comumente.

 

Outro ponto do acordo no MPT prevê reuniões semanais entre representantes da empresa e do Sindicato para discutir temas relacionados à segurança sanitária durante a parada de manutenção. Já aconteceram duas agendas, nos dias 28 de abril e 07 de maio, nas quais os dirigentes sindicais fizeram uma série de questionamentos, inclusive oficiados formalmente à Repar. A gestão, por sua vez, deveria responder também de forma oficial ao Sindicato, mas até hoje não foi recebido nenhum ofício.

 

A divulgação do quadro vigente de casos suspeitos, confirmados, recuperados e internações hospitalares de empregados contaminados pelo coronavírus, na forma de boletins epidemiológicos periódicos, foi mais um compromisso assumido e não cumprindo pela empresa. A gestão divulga o que quer, como quer e quando quer, em total desrespeito ao acordo, ao Sindicato e aos trabalhadores.

 

Por outro lado, em relação aos descontos dos dias parados da greve, adiamento do pagamento salarial e ao cancelamento das férias agendadas dos empregados que participaram do movimento, os gestores foram implacáveis.

 

Diante dos fatos, o jurídico do Sindipetro PR e SC denunciará o descumprimento do acordo e cobrará providências urgentes.

 

Dois petroleiros que atuam na Repar encontram-se hospitalizados por decorrência de complicações da Covid-19, sendo que um deles está intubado. Essas informações chegaram ao Sindicato através dos trabalhadores e não por parte da empresa. O Sindipetro PR e SC ainda ressalta que desconhece o quadro epidemiológico dos terceirizados.