Os petroleiros e petroleiras de todo o país, que participam em Porto Alegre da III Plenária Nacional da FUP, realizaram na manhã desta sexta-feira, 03
Os petroleiros e petroleiras de todo o país, que participam em Porto Alegre da III Plenária Nacional da FUP, realizaram na manhã desta sexta-feira, 03, um ato político em frente à Refap para comemorar a consolidação da recuperação dos ativos da refinaria que foram privatizados em 2000 pelo governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso. No último dia 27, o Conselho de Administração da Refap autorizou a transferência para a Petrobrás de todo o patrimônio da refinaria que estava sob controle da petrolífera espanhola Repsol. Na quarta-feira, 01, foi concluído o processo de retomada dos ativos da refinaria, que voltou a ser uma unidade 100% Petrobrás.
Essa é uma conquista que só foi possível após uma década de luta dos petroleiros, que através da FUP, se organizaram para recuperar o patrimônio da Refap e garantir igualdade de direitos para os trabalhadores da refinaria. A resistência e mobilizações lideradas pela FUP e seus sindicatos também foram fundamentais para impedir que o projeto de privatização dos neoliberais avançasse sobre as demais refinarias da Petrobrás, como planejavam os tucanos. Essa trajetória de luta foi relembrada durante o ato que reuniu cerca de 300 trabalhadores em frente à Refap, entre as 7h e 9h30 desta sexta-feira.
O impacto da conquista no dia a dia dos trabalhadores
Delegações das 13 bases sindicais da FUP e das oposições reconhecidas saudaram a consolidação desta luta, destacando a importância da unidade nacional nas conquistas da categoria. Além de petroleiros, estiveram presentes à manifestação representantes de outras categorias do Rio Grande do Sul, como bancários, metalúrgicos e lideranças da CUT e CTB. O técnico de operação da Refap, Belgio Pereira, 28 anos, admitido há cinco anos, comentou que já está percebendo mudanças positivas na refinaria desde que voltou a ser controlada integralmente pela Petrobrás. “A manutenção passou a ser mais valorizada e estruturada, mas ainda precisamos de mais agilidade”, comentou.
A técnica de laboratório Mônica Carvalho, 32 anos e há sete na Refap, também ressaltou a importância da retomada do controle integral da refinaria pela Petrobrás. “Foi uma conquista muito importante, pois vivíamos sob a insegurança do que poderia acontecer com a refinaria, tanto em termos de investimentos, quanto em relação à nossa situação. Agora, não vivo mais com essa dúvida e me sinto mais segura e valorizada por pertencer a uma empresa 100% Petrobrás”, destacou, lembrando que é importante intensificar agora a luta por melhores condições de segurança.
“Mostramos para o país como reage uma categoria quando é atacada”
O presidente do Sindipetro-RS, Fernando Maia, saudou a presença das delegações da FUP e a participação expressiva dos trabalhadores da Refap, que atrasaram a entrada do expediente para acompanhar a manifestação. “Nossa refinaria foi transformada em uma empresa privada, que passou a concorrer com a Petrobrás e agora, em função da luta dos trabalhadores e da FUP, revertemos essa situação. Mostramos para o país como uma categoria reage quando é atacada”, enfatizou.
“Não vi nenhuma matéria na mídia sobre essa grande vitória dos trabalhadores. Na época da privatização dos ativos da Refap, os jornais, rádios e TVs deram manchetes enaltecendo a negociata, afirmando que a refinaria seria mais produtiva com a chegada da Repsol. E o que vimos foi exatamente o oposto”, denunciou o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.
O diretor da FUP e membro da Executiva Nacional da CTB, Divanilton Pereira, frisou que a vitória dos petroleiros na retomada da Refap 100% Petrobrás representa a derrota da agenda neoliberal que impôs as privatizações, a redução do Estado e os cortes de direitos trabalhistas não só no Brasil, como em vários outros países do mundo. “A crise do capital comprova o equívoco desse modelo econômico”, declarou.
O deputado estadual Raul Carrion (PCdoB), do Comitê Gaúcho em Defesa do Pré-Sal , destacou a longa caminhada dos trabalhadores e dos parlamentares do campo da esquerda para transformar em realidade a luta pela retomada dos ativos da Refap. “Estamos agora recuperando os investimentos que por anos seguidos foram bloqueados pela Repsol”, declarou. A petroleira Marbe Nogueira, diretora do Sindipetro Unificado-SP e da CNQ, destacou a importância da continuidade da luta pela reincorporação da Transpetro e demais subsidiárias da Petrobrás, bem como o combate e à terceirização.
Importância da unidade nacional
O coordenador da FUP, João Antônio de Moraes, concluiu as falações com um discurso emocionado e contundente sobre a importância da unidade na luta contra a privatização da Refap e também de todo o Sistema Petrobrás. “Não podemos nunca esquecer as lutas que travamos e jamais nos acomodar diante das vitórias, pois é o nosso poder de organização e mobilização que impulsionará nossas conquistas no futuro. Portanto, é fundamental que as novas gerações de petroleiros, que hoje são maioria em nossa empresa, entendam a importância da unidade nacional, através de uma organização sindical com história, credibilidade, combatividade e interlocução, como é a FUP”, ressaltou.
Árvore da resistência
A manifestação na Refap foi encerrada pelos trabalhadores ao redor de uma árvore Pau-Brasil, plantada em abril de 2000, durante um ato organizado pela FUP e pelo Sindipetro-RS, que contou com a participação do então governador do estado, Olívio Dutra. Na ocasião, a muda de Pau-Brasil, árvore que simboliza a resistência, foi plantada pelos trabalhadores na entrada da refinaria para simbolizar a luta pela retomada dos ativos que foram privatizados pelos tucanos. Doze anos depois, a árvore cresceu e deu frutos: a resistência da categoria surtiu efeito e os petroleiros comprovaram, mais uma vez, que é com luta e unidade que se conquista. Para marcar essa vitória, o Sindipetro-RS convidou o coordenador da FUP, João Antônio de Moraes, e o petroleiro Geraldo Goes, da Comissão Gaúcha em Defesa do Monopólio Estatal da Petrobrás, para descerrar a placa aos pés da árvore que marca a trajetória dessa luta.